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BC indica que vai manter alta maior do juro
Copom diz que pretende trazer a inflação para o centro da meta de 4,5% em 2009 e por isso intensificou o aumento da Selic
Expectativa de analistas é
que autoridade monetária
promova nova alta de 0,75
ponto percentual na próxima
reunião, em setembro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central quer trazer
a inflação para 4,5% no ano que
vem, e por isso intensificou a alta dos juros na semana passada,
quando elevou a taxa Selic de
12,25% ao ano para 13%. O BC
ainda se diz preocupado com o
ritmo de crescimento do consumo, que julga ser uma dos
principais fontes de pressão sobre os preços.
A meta do governo é manter
a alta do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em
4,5%, admitindo um desvio de,
no máximo, dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Nos 12 meses encerrados
em junho, o resultado acumulado já estava em 6,06%.
Ontem, foi divulgada a ata da
última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do
BC), que, na semana passada,
surpreendeu ao elevar os juros
em 0,75 ponto percentual, em
vez do 0,50 ponto dos dois encontros anteriores.
No documento, a diretoria do
BC diz que "a política monetária deve atuar vigorosamente,
enquanto o balanço dos riscos
para a dinâmica inflacionária
assim o requerer". Para alguns
analistas de mercado, as afirmações indicam que o aperto
na taxa de juros deve ser mais
intenso do que se esperava inicialmente.
Para Silvio Campos Neto,
economista-chefe do Banco
Schahin, a expectativa é que
um novo aumento de 0,75 ponto seja promovido na próxima
reunião do Copom, marcada
para setembro, e que a taxa Selic encerre 2008 entre 14,5% e
14,75% ao ano. "O crescimento
da demanda ainda preocupa.
Como ressalta a ata, o consumo
ainda não dá um sinal consistente de arrefecimento."
Na avaliação do BC, o consumo está crescendo num ritmo
muito forte, e o documento divulgado ontem cita indicadores
positivos de vendas em vários
segmentos do comércio varejista para justificar essa afirmação. Existiria, assim, um risco
de a produção das empresas
não acompanhar a expansão da
demanda. Esse problema estaria sendo agravado pela alta do
preço de muitas matérias-primas no mercado internacional
-casos, por exemplo, de petróleo e minério de ferro.
Nesse cenário, a ameaça à inflação estaria na possibilidade
de as empresas aproveitarem o
bom momento da economia,
impulsionada pela elevação da
renda e do crédito, para repassarem seus aumentos de custos
para os consumidores.
Pessimismo
O economista-chefe da Concórdia Corretora, Elson Teles,
também aponta a preocupação
do Banco Central com o maior
pessimismo do mercado financeiro com o controle da inflação. "Surgiram dúvidas no mercado sobre o tempo que levaria
para a inflação voltar para
4,5%. Com a ata, o BC parece
querer dar um basta nessa dúvida e reafirmar o compromisso de fazer isso em 2009."
Pesquisa feita semanalmente
pelo próprio BC com cerca de
80 bancos e consultorias apontou, na última sexta-feira, que a
expectativa do mercado é que a
inflação deste ano, medida pelo
IPCA, fique em 6,58%. Para
2009, a projeção estava em 5%
-ainda acima, portanto, dos
4,5% perseguidos pelo BC.
Para que a inflação volte para
o centro da meta do governo, o
preço a ser pago será um menor
crescimento do PIB (Produto
Interno Bruto). Tanto Teles como Campos Neto dizem esperar uma expansão próxima de
3,5% para 2009, mais distante
dos 4,8% esperados pelo BC para este ano.
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