São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2008

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BC indica que vai manter alta maior do juro

Copom diz que pretende trazer a inflação para o centro da meta de 4,5% em 2009 e por isso intensificou o aumento da Selic

Expectativa de analistas é que autoridade monetária promova nova alta de 0,75 ponto percentual na próxima reunião, em setembro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central quer trazer a inflação para 4,5% no ano que vem, e por isso intensificou a alta dos juros na semana passada, quando elevou a taxa Selic de 12,25% ao ano para 13%. O BC ainda se diz preocupado com o ritmo de crescimento do consumo, que julga ser uma dos principais fontes de pressão sobre os preços.
A meta do governo é manter a alta do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 4,5%, admitindo um desvio de, no máximo, dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Nos 12 meses encerrados em junho, o resultado acumulado já estava em 6,06%.
Ontem, foi divulgada a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), que, na semana passada, surpreendeu ao elevar os juros em 0,75 ponto percentual, em vez do 0,50 ponto dos dois encontros anteriores.
No documento, a diretoria do BC diz que "a política monetária deve atuar vigorosamente, enquanto o balanço dos riscos para a dinâmica inflacionária assim o requerer". Para alguns analistas de mercado, as afirmações indicam que o aperto na taxa de juros deve ser mais intenso do que se esperava inicialmente.
Para Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin, a expectativa é que um novo aumento de 0,75 ponto seja promovido na próxima reunião do Copom, marcada para setembro, e que a taxa Selic encerre 2008 entre 14,5% e 14,75% ao ano. "O crescimento da demanda ainda preocupa. Como ressalta a ata, o consumo ainda não dá um sinal consistente de arrefecimento."
Na avaliação do BC, o consumo está crescendo num ritmo muito forte, e o documento divulgado ontem cita indicadores positivos de vendas em vários segmentos do comércio varejista para justificar essa afirmação. Existiria, assim, um risco de a produção das empresas não acompanhar a expansão da demanda. Esse problema estaria sendo agravado pela alta do preço de muitas matérias-primas no mercado internacional -casos, por exemplo, de petróleo e minério de ferro.
Nesse cenário, a ameaça à inflação estaria na possibilidade de as empresas aproveitarem o bom momento da economia, impulsionada pela elevação da renda e do crédito, para repassarem seus aumentos de custos para os consumidores.

Pessimismo
O economista-chefe da Concórdia Corretora, Elson Teles, também aponta a preocupação do Banco Central com o maior pessimismo do mercado financeiro com o controle da inflação. "Surgiram dúvidas no mercado sobre o tempo que levaria para a inflação voltar para 4,5%. Com a ata, o BC parece querer dar um basta nessa dúvida e reafirmar o compromisso de fazer isso em 2009."
Pesquisa feita semanalmente pelo próprio BC com cerca de 80 bancos e consultorias apontou, na última sexta-feira, que a expectativa do mercado é que a inflação deste ano, medida pelo IPCA, fique em 6,58%. Para 2009, a projeção estava em 5% -ainda acima, portanto, dos 4,5% perseguidos pelo BC.
Para que a inflação volte para o centro da meta do governo, o preço a ser pago será um menor crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). Tanto Teles como Campos Neto dizem esperar uma expansão próxima de 3,5% para 2009, mais distante dos 4,8% esperados pelo BC para este ano.


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