São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2008

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Estoques mais elevados preocupam indústria

LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sondagem feita pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) com 1.488 empresas detectou aumento do nível de estoques nas indústrias na passagem do primeiro para o segundo semestre.
O acúmulo de mercadorias é visto com preocupação pela CNI, que interpreta a ampliação dos estoques como sinal de enfraquecimento da atividade, por conta da alta dos juros.
Como efeito dessa política, a entidade deve rever para baixo a previsão de 5% no crescimento do PIB da indústria. De acordo com a sondagem, o indicador de evolução dos estoques ficou em 50,6 pontos (em uma escala da zero a 100), ante 49,9 pontos no último trimestre de 2007 e 49,5 pontos no primeiro trimestre de 2008.
Para o economista responsável pela enquete, Renato da Fonseca, a alta dos estoques é conseqüência do efeito preço, ou seja, da tentativa dos industriais de transferir para o consumidor o aumento dos custos de produção. "Houve uma tentativa de repasse que o mercado não aceitou", disse. O alto custo de matérias-primas foi apontado como o terceiro maior problema do setor.
Na análise da consultoria LCA, a ampliação dos estoques é um indicador da perda de força da expansão industrial como conseqüência do aperto nos juros. O economista Francisco Faria destaca que não se trata de queda, mas de desaceleração. "Os sinais mais claros desse enfraquecimento devem ser notados no fim do ano."
A despeito das indicações da CNI de que haverá redução do ritmo de produção nas fábricas, a sondagem mostrou que os industriais continuam otimistas. Eles avaliam que o mercado interno continuará a sustentar o crescimento, contam com ampliação da demanda e estão dispostos a contratar pessoal.
Na segunda, a CNI apresenta dados sobre vendas, produção, emprego e uso da capacidade instalada. A indicação é de resultados bons, com possibilidades de recordes, devido ao ritmo intenso da atividade fabril entre janeiro e junho.
Para o segundo semestre, a tendência é de desaceleração. Segundo a CNI, o efeito dos juros deve ser mais sentido no último trimestre.


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