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Estoques mais elevados preocupam indústria
LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sondagem feita pela CNI
(Confederação Nacional da Indústria) com 1.488 empresas
detectou aumento do nível de
estoques nas indústrias na passagem do primeiro para o segundo semestre.
O acúmulo de mercadorias é
visto com preocupação pela
CNI, que interpreta a ampliação dos estoques como sinal de
enfraquecimento da atividade,
por conta da alta dos juros.
Como efeito dessa política, a
entidade deve rever para baixo
a previsão de 5% no crescimento do PIB da indústria. De acordo com a sondagem, o indicador de evolução dos estoques ficou em 50,6 pontos (em uma
escala da zero a 100), ante 49,9
pontos no último trimestre de
2007 e 49,5 pontos no primeiro
trimestre de 2008.
Para o economista responsável pela enquete, Renato da
Fonseca, a alta dos estoques é
conseqüência do efeito preço,
ou seja, da tentativa dos industriais de transferir para o consumidor o aumento dos custos
de produção. "Houve uma tentativa de repasse que o mercado não aceitou", disse. O alto
custo de matérias-primas foi
apontado como o terceiro
maior problema do setor.
Na análise da consultoria
LCA, a ampliação dos estoques
é um indicador da perda de força da expansão industrial como
conseqüência do aperto nos juros. O economista Francisco
Faria destaca que não se trata
de queda, mas de desaceleração. "Os sinais mais claros desse enfraquecimento devem ser
notados no fim do ano."
A despeito das indicações da
CNI de que haverá redução do
ritmo de produção nas fábricas,
a sondagem mostrou que os industriais continuam otimistas.
Eles avaliam que o mercado interno continuará a sustentar o
crescimento, contam com ampliação da demanda e estão dispostos a contratar pessoal.
Na segunda, a CNI apresenta
dados sobre vendas, produção,
emprego e uso da capacidade
instalada. A indicação é de resultados bons, com possibilidades de recordes, devido ao ritmo intenso da atividade fabril
entre janeiro e junho.
Para o segundo semestre, a
tendência é de desaceleração.
Segundo a CNI, o efeito dos juros deve ser mais sentido no último trimestre.
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