São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2008

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Junção entre Gol e Varig terá de aguardar o aval da Anac

Sindicatos cobram informações sobre possíveis cortes

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou ontem que levará ao menos dois meses para analisar o pedido protocolado pela Gol para unir em uma única empresa as subsidiárias Gol Transportes Aéreos e a Varig. A empresa afirmou em comunicado que pretende manter as duas marcas.
A união das duas empresas poderá resultar em uma série de mudanças, que vão desde o número de empregos até alterações para o consumidor. Segundo o consultor em aviação Paulo Bittencourt Sampaio, a medida será benéfica para a Gol porque permitirá redução de custos. As duas empresas chegarão ao final do ano com frotas padronizadas.
"Essa junção era uma tendência desde que o Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] aprovou a operação. Permite ter uma direção integrada e uma chefia de pilotos integrada, por exemplo. Não é a primeira vez que se vê isso no Brasil, a Cruzeiro do Sul e a Varig já tiveram situação similar", disse.
A Gol ainda não esclareceu quais serão os impactos para o consumidor. Ontem, as ações da Gol fecharam em baixa de 4,02%. Para Pedro Galdi, da corretora SLW, as notícias criaram mais incerteza em relação ao futuro da empresa, mas o papel foi afetado também pelo mau humor do mercado.
De acordo com Carlos Coscarelli, assessor-chefe do Procon-SP, se a mudança for apenas jurídica, não haverá impacto para o consumidor. "Vamos acompanhar cada passo para evitar que o consumidor seja lesado. O esclarecimento ao consumidor é essencial. Ele tem de saber que Varig e Gol se tornarão uma única empresa, mesmo que ela pretenda manter as marcas separadas. Ele precisa saber que, se tiver problemas com uma ou outra, estará lidando com a mesma empresa."
Na nota enviada ao mercado, a Gol afirma que a nova empresa, junção de Gol e Varig, assumiria os direitos e obrigações das duas subsidiárias.
Segundo a Anac, enquanto a agência não decidir sobre o pedido, as duas empresas deverão continuar a operar normalmente. Um dos aspectos que poderão ser questionados ou levados em conta na decisão da agência se refere às autorizações de pouso e decolagem em Congonhas, um dos ativos mais valiosos no setor. Ainda não se sabe se, como uma única empresa, ela poderá usar vôos da Gol em horários previstos para a Varig e vice-versa.

Demissões
Segundo a secretária-geral do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, a junção poderá resultar em muitas demissões, especialmente entre o pessoal de terra, que trabalha nos balcões dos aeroportos. Juntas, Gol e Varig têm 16.685 funcionários. O sindicato enviou cartas para as empresas cobrando informações. "Queremos saber qual será o percentual de redução e exigir o cumprimento da convenção coletiva de trabalho", disse.
A presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziela Baggio, afirmou que espera a publicação da ata do Cade que aprovou a compra da Varig pela Gol. "Isso não estava previsto no contrato de venda."


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