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Junção entre Gol e Varig terá de aguardar o aval da Anac
Sindicatos cobram informações sobre possíveis cortes
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) informou ontem
que levará ao menos dois meses
para analisar o pedido protocolado pela Gol para unir em uma
única empresa as subsidiárias
Gol Transportes Aéreos e a Varig. A empresa afirmou em comunicado que pretende manter as duas marcas.
A união das duas empresas
poderá resultar em uma série
de mudanças, que vão desde o
número de empregos até alterações para o consumidor. Segundo o consultor em aviação
Paulo Bittencourt Sampaio, a
medida será benéfica para a Gol
porque permitirá redução de
custos. As duas empresas chegarão ao final do ano com frotas
padronizadas.
"Essa junção era uma tendência desde que o Cade [Conselho Administrativo de Defesa
Econômica] aprovou a operação. Permite ter uma direção
integrada e uma chefia de pilotos integrada, por exemplo.
Não é a primeira vez que se vê
isso no Brasil, a Cruzeiro do Sul
e a Varig já tiveram situação similar", disse.
A Gol ainda não esclareceu
quais serão os impactos para o
consumidor. Ontem, as ações
da Gol fecharam em baixa de
4,02%. Para Pedro Galdi, da
corretora SLW, as notícias criaram mais incerteza em relação
ao futuro da empresa, mas o papel foi afetado também pelo
mau humor do mercado.
De acordo com Carlos Coscarelli, assessor-chefe do Procon-SP, se a mudança for apenas jurídica, não haverá impacto para
o consumidor. "Vamos acompanhar cada passo para evitar
que o consumidor seja lesado.
O esclarecimento ao consumidor é essencial. Ele tem de saber que Varig e Gol se tornarão
uma única empresa, mesmo
que ela pretenda manter as
marcas separadas. Ele precisa
saber que, se tiver problemas
com uma ou outra, estará lidando com a mesma empresa."
Na nota enviada ao mercado,
a Gol afirma que a nova empresa, junção de Gol e Varig, assumiria os direitos e obrigações
das duas subsidiárias.
Segundo a Anac, enquanto a
agência não decidir sobre o pedido, as duas empresas deverão
continuar a operar normalmente. Um dos aspectos que
poderão ser questionados ou
levados em conta na decisão da
agência se refere às autorizações de pouso e decolagem em
Congonhas, um dos ativos mais
valiosos no setor. Ainda não se
sabe se, como uma única empresa, ela poderá usar vôos da
Gol em horários previstos para
a Varig e vice-versa.
Demissões
Segundo a secretária-geral
do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, a junção poderá resultar em muitas
demissões, especialmente entre o pessoal de terra, que trabalha nos balcões dos aeroportos. Juntas, Gol e Varig têm
16.685 funcionários. O sindicato enviou cartas para as empresas cobrando informações.
"Queremos saber qual será o
percentual de redução e exigir
o cumprimento da convenção
coletiva de trabalho", disse.
A presidente do Sindicato
Nacional dos Aeronautas, Graziela Baggio, afirmou que espera a publicação da ata do Cade
que aprovou a compra da Varig
pela Gol. "Isso não estava previsto no contrato de venda."
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