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Gastos estatais freiam recessão nos EUA
PIB do país encolhe 1% no 2º trimestre após queda anterior de 6,4%, mas registra maior sequência de recuos desde 1947
Obama diz que economia americana reagiu "melhor do que pensávamos'; previsão é de expansão nos próximos trimestres do ano
Haraz N. Ghanbari/Associated Press
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Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, na Casa Branca |
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Os gastos estatais bilionários
adotados pelo governo de Barack Obama conseguiram frear
o ritmo de contração da economia dos EUA no segundo trimestre deste ano.
O PIB (Produto Interno Bruto) do país encolheu 1% no período em termos anualizados.
Nos três trimestres anteriores,
as quedas haviam sido de 6,4%,
5,4% e 2,7%, respectivamente.
Esta é a maior sequência de
recuos desde 1947, quando o
Departamento do Comércio
começou a colher esses dados.
A diminuição na velocidade
da contração é um indicativo de
que os EUA podem voltar a
crescer nos próximos trimestres. A expectativa, porém, é
que a recuperação seja lenta e
sem a criação de novos empregos no médio prazo. O detalhamento do PIB divulgado ontem
também aponta nesse direção.
Mais de um quinto da atividade econômica entre abril e
junho teve como causa direta o
gasto público, como o vinculado ao pacote de US$ 787 bilhões aprovado no início do ano
pelo Congresso. A despesa estatal subiu 10,9% no trimestre.
Mas o consumo das famílias,
que representa 70% do PIB nos
EUA, surpreendeu negativamente e caiu 1,2%, depois de ter
aumentado 0,6% no trimestre
anterior. Também recuaram a
produção e as vendas de bens
duráveis (7,1%) e de não duráveis (2,5%). Ambas haviam
crescido no primeiro trimestre.
Os investimentos empresariais, maiores fontes para a
criação de empregos em qualquer economia, também voltaram a cair, mas em ritmo bem
menor. A queda foi de 8,9%, ante 39,2% no trimestre anterior.
Apesar de os números do setor privado ainda serem muito
ruins, Obama reagiu com otimismo moderado diante dos
resultados do PIB. "Os dados
revelam que a economia estava
em um estado muito pior do
que imaginávamos quando assumi o governo", disse Obama.
"Mas o PIB também vem mostrando nos últimos meses que a
economia vem reagindo melhor do que nós pensávamos."
Algumas estatísticas divulgadas nesta semana dão peso ao
argumento de Obama. As vendas de casas novas aumentaram pela quarta vez em seis
meses e as encomendas industriais fora do setor de transporte também cresceram.
O PIB também revela que o
processo de queima de estoques comerciais e industriais
que teve início ainda no final de
2008 está chegando ao fim, o
que pode ajudar a elevar a produção industrial.
Entre abril e junho, a redução de estoques subtraiu 0,83
ponto percentual do PIB. No
trimestre anterior, foram 2,36
pontos a menos.
"Os resultados sobre a diminuição dos estoques montam o
palco para a volta de um PIB
positivo, e provavelmente bastante decente, no terceiro trimestre", disse John Ryding,
economista da RDQ Economics, em Nova York.
Se a diminuição de estoques
pudesse ser retirada do cálculo,
o PIB do segundo trimestre teria encolhido apenas 0,2%.
As exportações norte-americanas também caíram menos:
7%, ante uma redução de 30%
entre janeiro e março. Já as importações, que são computadas
negativamente no cálculo do
PIB, recuaram 15,1%.
O Departamento do Comércio também revisou os dados
completos do PIB de 2008,
mostrando que o agravamento
da crise a partir de setembro foi
muito pior do que se imaginava. No ano passado todo, segundo o órgão, o PIB norte-americano cresceu apenas 0,4%, e
não 1,1%, como divulgado anteriormente.
Em relatório específico sobre
a economia norte-americana
divulgado ontem, o FMI (Fundo Monetário Internacional)
voltou a alertar o país sobre a
necessidade de começar a preparar políticas "ambiciosas"
para diminuir seu endividamento público diante da explosão de gastos estatais.
Segundo o FMI, o endividamento público como proporção
do PIB subirá de 63,4% para
cerca de 112% até 2014.
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