São Paulo, sábado, 01 de agosto de 2009

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ANÁLISE

Economia não está melhorando

DO "FINANCIAL TIMES"

Localize a suposta melhora: 0, -1,9, -3,3, -3,9. Essa é a progressão no ritmo trimestral de crescimento da economia dos Estados Unidos nos quatro últimos trimestres, com relação aos períodos comparáveis um ano antes.
Sim, mas pelo menos o declínio está se desacelerando, dizem os otimistas. A queda sequencial na produção foi de só 1%, de acordo com os dados do segundo trimestre, ante 6,4% negativos no período anterior.
É claro que as coisas estão parecendo melhores. A economia está vivendo de doses maciças de gastos de estímulo e de crédito barato. O consumo do governo aumentou 6% ante o trimestre anterior. As taxas de juros baixas atenuaram o colapso no investimento.
Mas atenuar a dor não significa que o paciente esteja mais saudável. O Reino Unido, que está gastando 75% a menos que os EUA em estímulos, como proporção de sua produção total em 2008, reportou uma imensa queda de 6% no crescimento anual. Nos EUA, a assustadora verdade é que, a despeito da alta da renda e da benemerência do governo, o consumo desaparece rapidamente. O colapso de 1,2% nos gastos pessoais é duas vezes o projetado.
Com o desemprego em alta e a razão entre dívida domiciliar total e renda disponível ainda mais de 30% acima do já inflado nível da década de 90, não surpreende que os consumidores cortem gastos. Por isso, podem esquecer o grande estímulo em forma de reposição de estoques no segundo semestre. E as exportações, em meio a uma recessão mundial, tampouco devem renascer. A economia dos EUA não está melhorando -está simplesmente dependendo cada vez mais do Estado.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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