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Fed tem ação mais ampla que a do BC do Brasil
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao contrário do Banco
Central brasileiro, que tem
como principal objetivo perseguir uma meta de inflação
definida pelo governo, o Fed
(Federal Reserve, o BC dos
EUA) tem diretrizes mais
amplas. Em linhas gerais, o
Fed busca, além de manter
os preços estáveis, criar condições para gerar mais empregos e, a longo prazo, taxa
de juros moderadas.
Ou seja, as decisões do Fed
levam em conta o efeito que
terão sobre o comportamento dos preços, mas também
como isso afetará o crescimento da economia norte-americana. E que, portanto,
terão reflexo sobre o ritmo
de abertura ou fechamento
de postos de trabalho.
Outra diferença entre o
Fed e o BC brasileiro é com
relação ao mandato dos diretores da instituição. Ben Bernanke, que assumiu a presidência do Fed em fevereiro
do ano passado, após ter sido
indicado pelo presidente
George W. Bush, tem mandato até janeiro de 2010.
Henrique Meirelles, na presidência do BC desde janeiro
de 2003, pode ser demitido a
qualquer momento pelo presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, que o indicou para o
cargo no final de 2002.
Em comum, as duas instituições são responsáveis pela
supervisão e regulação do
sistema financeiro. Nesse
sentido, tanto o Fed quanto o
BC brasileiro adotam mecanismos para manter a estabilidade do sistema financeiro
para garantir a segurança das
operações bancárias.
Nos Estados Unidos, a comunicação com o mercado
financeiro tornou-se, sobretudo a partir dos anos 90, um
importante instrumento
não-oficial de política monetária. Num país em que não
há regras definidas em lei para assegurar um determinado nível de inflação, a base da
formação de expectativas
dos agentes econômicos é a
transparência e a credibilidade do presidente do BC.
O modelo, consolidado na
gestão de Alan Greenspan,
sobrevive na era de Ben Bernanke, apesar dos deslizes
iniciais e é o modelo com o
qual sonha Meirelles.
No entanto, na avaliação
de analistas de mercado ouvidos pela Folha, a relação
do BC do Brasil com o mercado financeiro doméstico é
marcada muito mais por desencontros de informações e
dúvidas sobre a influência da
equipe atual nas decisões.
Os ruídos que tiram o peso
das declarações de Meirelles
cresceram no segundo mandato de Lula, dizem os especialistas, e são reforçados pelo fato de o BC não ter independência formal e também
pelas constantes disputas
políticas no governo.
Além disso, há críticas, por
exemplo, à redução do número de textos para discussão elaborados pelos técnicos do BC e que são divulgados para o mercado.
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