São Paulo, sábado, 01 de setembro de 2007

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Indústria de máquinas fatura 10% mais até julho

Economia aquecida eleva investimento após alta do uso da capacidade instalada

Setores ligados a commodities como o sucroalcooleiro e mineração puxam gastos, e real forte eleva as importações

VERIDIANA SEDEH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A indústria de bens de capital (máquinas e equipamentos) faturou R$ 33,9 bilhões de janeiro a julho deste ano, um crescimento de 10,4% em relação aos primeiros sete meses de 2006, informou ontem a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).
Segundo o presidente da entidade, Luiz Aubert Neto, grande parte desse desempenho foi puxada pelo aquecimento de setores como os de açúcar e álcool, petróleo e gás, siderurgia, mineração, papel e celulose e agrícola. Mas Aubert Neto destaca que o resultado positivo não indica que o setor de máquinas e equipamentos esteja crescendo como um todo.
O desempenho do setor demonstra que o investimento está crescendo no país.
"O crescimento do setor significa que o país está repondo a sua capacidade de produção e a expandindo. Dessa forma, ele cria condições para não gerar pressões inflacionárias", afirma Roberto Piscitelli, professor de economia da UnB.
Com o aquecimento da economia, o nível de utilização da capacidade instalada das indústrias aumentou 4,7% no primeiro semestre.
Fábio Kanczuk, professor de economia da USP, diz que, ao analisar outros dados do país, percebe-se que a demanda também está crescendo a um ritmo muito forte e que já há sinais de pressão inflacionária, daí a necessidade de a indústria elevar sua capacidade, via aquisição de bens de capital, para atender à demanda crescente.
Os subsetores que apresentaram melhor desempenho nos primeiros sete meses do ano foram os de madeira, com alta de 77,7% em faturamento, o de máquinas agrícolas, com expansão de 38,4%, e o de válvulas industriais, com 37,6%. Na contramão, estão os de acessórios têxteis, com queda de 0,8%, e o de artigos de plásticos, com apenas ligeira alta, de 0,5%. O mau resultado se deve principalmente à competição de produtos importados da China, de acordo com o presidente da Abimaq.
Nos primeiros sete meses de 2007, o setor apresentou déficit comercial. As importações totalizaram US$ 8,14 bilhões, alta de 32,1% ante igual período de 2006, enquanto as exportações somaram US$ 5,53 bilhões, um aumento de 18,4%.
No mesmo período, o consumo aparente registrou alta de 15,1%, atingindo R$ 39 bilhões. O dado corresponde à soma da produção nacional e das importações, menos as exportações, e supera em 4,97% o faturamento do setor de máquinas. Segundo o presidente da Abimaq, essa diferença se refere às importações.
Para Aubert Neto, esse dado não seria preocupante se o mercado estivesse adquirindo do exterior máquinas com maior grau de sofisticação tecnológica. Segundo ele, porém, o que se vê é o aumento das importações de equipamentos com baixo valor agregado que chegam com preços inferiores aos produzidos internamente, ajudados pelo real forte.


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