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Indústria de máquinas fatura 10% mais até julho
Economia aquecida eleva investimento após alta do uso da capacidade instalada
Setores ligados a commodities como o sucroalcooleiro e mineração puxam gastos, e real forte eleva as importações
VERIDIANA SEDEH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A indústria de bens de capital
(máquinas e equipamentos) faturou R$ 33,9 bilhões de janeiro a julho deste ano, um crescimento de 10,4% em relação aos
primeiros sete meses de 2006,
informou ontem a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria
de Máquinas e Equipamentos).
Segundo o presidente da entidade, Luiz Aubert Neto, grande parte desse desempenho foi
puxada pelo aquecimento de
setores como os de açúcar e álcool, petróleo e gás, siderurgia,
mineração, papel e celulose e
agrícola. Mas Aubert Neto destaca que o resultado positivo
não indica que o setor de máquinas e equipamentos esteja
crescendo como um todo.
O desempenho do setor demonstra que o investimento
está crescendo no país.
"O crescimento do setor significa que o país está repondo a
sua capacidade de produção e a
expandindo. Dessa forma, ele
cria condições para não gerar
pressões inflacionárias", afirma Roberto Piscitelli, professor de economia da UnB.
Com o aquecimento da economia, o nível de utilização da
capacidade instalada das indústrias aumentou 4,7% no primeiro semestre.
Fábio Kanczuk, professor de
economia da USP, diz que, ao
analisar outros dados do país,
percebe-se que a demanda
também está crescendo a um
ritmo muito forte e que já há sinais de pressão inflacionária,
daí a necessidade de a indústria
elevar sua capacidade, via aquisição de bens de capital, para
atender à demanda crescente.
Os subsetores que apresentaram melhor desempenho nos
primeiros sete meses do ano foram os de madeira, com alta de
77,7% em faturamento, o de
máquinas agrícolas, com expansão de 38,4%, e o de válvulas industriais, com 37,6%. Na
contramão, estão os de acessórios têxteis, com queda de
0,8%, e o de artigos de plásticos,
com apenas ligeira alta, de
0,5%. O mau resultado se deve
principalmente à competição
de produtos importados da
China, de acordo com o presidente da Abimaq.
Nos primeiros sete meses de
2007, o setor apresentou déficit comercial. As importações
totalizaram US$ 8,14 bilhões,
alta de 32,1% ante igual período
de 2006, enquanto as exportações somaram US$ 5,53 bilhões, um aumento de 18,4%.
No mesmo período, o consumo aparente registrou alta de
15,1%, atingindo R$ 39 bilhões.
O dado corresponde à soma da
produção nacional e das importações, menos as exportações, e
supera em 4,97% o faturamento do setor de máquinas. Segundo o presidente da Abimaq,
essa diferença se refere às importações.
Para Aubert Neto, esse dado
não seria preocupante se o
mercado estivesse adquirindo
do exterior máquinas com
maior grau de sofisticação tecnológica. Segundo ele, porém, o
que se vê é o aumento das importações de equipamentos
com baixo valor agregado que
chegam com preços inferiores
aos produzidos internamente,
ajudados pelo real forte.
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