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Petrobras perde R$ 708 mi em operação na Argentina
Prejuízo ocorre devido a controle de preços; diesel fica abaixo do custo de importação
Diretor diz que empresa perde nas vendas do
combustível no vizinho já há dois anos, mas é lucrativa no conjunto das atividades
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O controle de preços imposto
pelo governo argentino causou
perdas de R$ 708 milhões à Petrobras de janeiro de 2005 a julho deste ano. A perda é resultado da venda de diesel subsidiado -abaixo do custo de importação do produto- pela estatal brasileira no país vizinho.
Somente no primeiro semestre deste ano a Petrobras Energia, controlada pela estatal com
sede na Argentina e negócios
na Venezuela, Peru, Equador e
Bolívia, registrou resultado
operacional negativo em R$
125 milhões na área de refino e
distribuição de combustíveis.
Em 2006, a perda operacional (considera os custos e receitas de vendas, sem contabilizar
ganhos ou perdas financeiros)
ficou em R$ 468 milhões.
Em 2005, o prejuízo havia sido de R$ 115 milhões. Os valores foram convertidos de peso
para real nas datas de fechamento dos balanços da Petrobras Energia.
Segundo o diretor da Área
Internacional da Petrobras,
Nestor Cerveró, a companhia
registra prejuízo nas vendas de
diesel na Argentina já há dois
anos. A perda, diz o diretor, é
pontual, pois a Petrobras Energia é lucrativa no conjunto de
suas atividades.
"Onde temos prejuízo é na
parte de distribuição. Isso já
vem há dois anos porque temos
de atender o nosso mercado de
diesel importando o produto a
preços internacionais e vendendo-o a preço tabelado." Indagado sobre o suposto subsídio à Argentina, Cerveró disse:
"Financiamos o consumidor,
não o governo argentino".
Segundo mercado
Em razão especialmente dos
ganhos na área de exploração e
produção de óleo, a Petrobras
Energia registrou lucro de R$
176 milhões no primeiro semestre deste ano -menos do
que os R$ 465 milhões de igual
período de 2006. No ano passado, a subsidiária lucrou R$ 988
milhões. Em 2005, o ganho havia sido de R$ 748 milhões.
Cerveró ressaltou que as atividades da Petrobras na Argentina são "muito diversificadas"
(incluem também geração e
venda de energia elétrica, petroquímica e fertilizantes) e
"todas são lucrativas, com exceção do diesel". A Argentina é
o segundo principal mercado
da Petrobras.
Problema diplomático
A política de controle de tarifas e preços de energia do governo Néstor Kirchner já causou um imbróglio diplomático
em março deste ano.
Em resposta às declarações
do presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, sobre o congelamento, a Argentina ameaçou reavaliar concessões da
companhia por entender que as
afirmações representavam interferência num assunto soberano do país. O mal-entendido,
porém, foi desfeito.
Para evitar a disparada da inflação, o governo argentino lança mão da Lei do Abastecimento, que prevê multas e outras
sanções às companhias que
deixarem de vender os produtos no mercado interno.
No final de 2006, a Shell foi
multada em R$ 16,3 milhões
por ter supostamente deixado
de abastecer seus postos com
diesel. A Petrobras já recebeu
sanção de R$ 630 mil.
Outros países
A Petrobras acumulou prejuízos em outros países sul-americanos no primeiro semestre deste ano.
Na Venezuela, a perda foi de
R$ 25 milhões. Segundo Cerveró, o motivo foi a mudança dos
contratos com petroleiras estrangeiras, cujo modelo passou
para o de compartilhamento de
produção com participação de
60% da PDVSA. Antes, segundo
o diretor, os acordos de prestação de serviço "eram mais vantajosos".
No Equador, o prejuízo foi de
R$ 33 milhões em decorrência
da mudança da tributação sobre a produção de óleo e do
atraso na entrada em operação
de um campo que depende de
licenciamento ambiental.
Gabrielli disse recentemente
que a companhia não pauta
seus negócios por oscilações
nos resultados trimestrais. Ao
falar da Venezuela, ressaltou
que as reservas "gigantes" de
petróleo justificam a presença
naquele país.
Já na Bolívia, a venda das
duas refinarias à estatal YPFB
fez as operações voltarem ao
azul. O lucro foi de R$ 110 milhões no primeiro semestre
deste ano.
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