São Paulo, Quarta-feira, 01 de Setembro de 1999
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CUSTO DO DINHEIRO
Projeção é de queda nos próximos meses
Taxas ainda são as mais altas do mundo

RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local

Se o Copom mantiver ou baixar os juros hoje, a economia brasileira estará diante das taxas mais baixas do Real. No entanto, os juros continuarão entre os mais altos do mundo e não se deve esperar uma forte recuperação da economia.
Um estudo preparado pelo banco BBA mostra que, nos últimos 12 meses, os juros brasileiros ficaram em 25,9% ao ano, já descontada a inflação. São os mais altos do mundo. Pelas projeções, devem cair muito, para 12,7%, mas, ainda assim, só perderão para os da Turquia.
"Os juros serão mais baixos do que em 95, quando as vendas a prazo puxaram o crescimento da economia", diz Odair Abate, economista do banco Lloyds. "Mas não deve ocorrer aumento explosivo das vendas."
Uma das razões é o ambiente econômico. Hoje, a taxa de desemprego é mais alta, a inflação corroeu parte da renda dos trabalhadores e os consumidores têm medo de se endividar.
Bancos e lojas também limitam o crédito com medo de levar calotes. Além disso, não repassam as reduções dos juros para o consumidor, sob o argumento de que a inadimplência está alta e os impostos aumentaram.
"A economia pode crescer 4% no ano que vem, como anuncia o governo", diz Luís Fernando Lopes, economista-chefe do banco Chase. "Mas isso não significa que estará muito aquecida. A base de comparação é fraca."
Para que o país volte a crescer acentuadamente é preciso tirar o país do alto do ranking das taxas mais altas do mundo. Mas, para isso, o governo precisa convencer os investidores de que tem as contas públicas sob controle e, por isso, pode pagar juros menores para rolar sua dívida.
"As taxas ainda serão punitivas até que se estabilize o ambiente econômico", diz Alexandre Azara, economista do banco BBA.


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