São Paulo, Sexta-feira, 01 de Outubro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MERCADO FINANCEIRO

Título da dívida brasileira recua no exterior

da Reportagem Local

A derrota do governo no STF (Supremo Tribunal Federal) ontem, a respeito da cobrança previdenciária de servidores inativos, afetou a credibilidade dos papéis brasileiros no exterior.
Os C-Bonds, títulos da dívida brasileira mais comercializados no exterior, despencaram de valor. Os papéis foram comercializados a 62,03% do valor de face -recuo de 1,88% em relação a anteontem.
Foi a maior queda apresentada pelos papéis em um dia, desde 13 de julho. O valor dos C-Bonds no mercado externo não é tão baixo desde 3 de setembro, quando iniciou uma recuperação.
Quanto maior é o deságio no valor de face, menor é a confiança depositada pelo comprador de que o governo será capaz de honrar seu compromisso no momento do pagamento.
Como o fechamento das contas públicas deve ficar afetado (pois fechou uma alternativa de recursos que poderia chegar a US$ 62 bilhões), o investidor preferiu não arriscar seu dinheiro em papéis brasileiros.
Assim como a Bolsa doméstica e o mercado de câmbio, os papéis da dívida também demonstraram a reação dos investidores em relação à derrota governista no STF.
Os C-Bonds trabalharam boa parte do dia em alta, segundo as cotações divulgadas por agências financeiras internacionais.
O ambiente no mercado externo era bom, a Bolsa de Nova York apresentou alta consistente (fechou positiva em 1,21%) e diminuiu a percepção de que os juros nos EUA vão aumentar (que era corrente até ontem).
Isso foi uma boa notícia para os títulos da dívida de países emergentes, que costumam sofrer com a concorrência dos T-Bonds (títulos do Tesouro norte-americano, com 30 anos de vencimento), que ficam mais atrativos.
Mas, a partir do resultado da decisão judicial, os papéis brasileiros começaram a se desvalorizar no mercado externo.
Um fundo combinado de papéis da dívida brasileira administrado pelo banco J.P. Morgan, em Nova York, recuou 1,2% -foi a mais significativa entre as carteiras de países emergentes administradas pelo banco.
(MARCELO DIEGO)


Texto Anterior: Mercado financeiro: STF derruba Bolsa e faz dólar subir
Próximo Texto: EUA crescem menos; juro não deve subir
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.