São Paulo, segunda-feira, 01 de outubro de 2007

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Folhainvest

Empresas buscam elevar negócios na Bolsa

Número de companhias que contratam formador de mercado para movimentar suas ações alcança recorde em 2007

Na Bolsa, volume maior de negociação significa maior visibilidade à companhia; 30 empresas já contrataram esse profissional neste ano

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Contratado para turbinar os negócios de determinadas ações, o formador de mercado tem sido cada vez mais procurado pelas companhias de capital aberto, ganhando maior participação na Bolsa de Valores de São Paulo a cada ano.
O formador de mercado -mais conhecido como "market maker"- surgiu na Bovespa apenas em 2003. Nesse ano de estréia, somente uma empresa buscou esse serviço. Já em 2007, o mais aquecido para o segmento, 30 companhias contrataram esses provedores de liquidez.
A função dos formadores de mercado é a de movimentar as ações das empresas, na tentativa de propiciar a elas maior visibilidade por meio de negócios de compras e vendas no pregão da Bolsa. Quando uma empresa vê que suas ações estão esquecidas, com baixa movimentação, pode contratar um formador de mercado -que é um banco ou uma corretora de valores- para tentar elevar o volume de negócios realizados nos pregões e atrair novos investidores a seus papéis.
No mercado acionário americano, as companhias chegam a ter mais de um "market maker" para promover suas ações.
"Acho que ainda há um bom espaço para a figura do formador de mercado crescer. Uma empresa sem liquidez pode inibir a entrada de novos investidores", diz Manual Fernandez, diretor do UBS Pactual.
Para as companhias de capital aberto, ter maior liquidez é algo relevante. Muito investidor deixa de comprar uma ação por ela não ser muito negociada, pois se quiser vendê-la rapidamente, pode encontrar dificuldades para fazer isso.
Além disso, há outras vantagens ambicionadas pelas empresas, como ingressar nas carteiras dos principais índices da Bolsa de Valores.
A grande ambição das companhias é a de participar do seleto grupo das que compõem o índice Ibovespa, o mais relevante do mercado local e que reúne as ações mais negociadas. Atualmente há 63 ações participando do Ibovespa, para um universo de 433 empresas listadas na Bolsa. Mas por que querer entrar no Ibovespa?

Vitrine
O índice Ibovespa é a principal vitrine da Bolsa que uma empresa de capital aberto pode almejar. Estar nesse índice significa ganhar divulgação extra e atrair um número maior de investidores.
Um caso de sucesso de companhia que contratou um formador de mercado é a ALL (América Latina Logística). A empresa estreou no pregão da Bovespa em junho de 2004 e contratou um formador de mercado em fevereiro de 2006. Hoje as ações da ALL pertencem ao Ibovespa e têm um peso na formação do índice superior ao de empresas mais conhecidas, como Banco do Brasil e Eletropaulo.
Levantamento da consultoria Economática mostrou que, para a ALL, o formador de mercado teve papel relevante no aumento de sua participação nos pregões.
Nos seis meses antes de contratar um formador, as ações da ALL registraram movimentação por dia, na média, de R$ 12,16 milhões. Nos seis meses posteriores à contratação do serviço, a média dobrou e saltou para R$ 24,31 milhões.
Mas o formador de mercado não deve ser encarado como o grande solucionador dos problemas de baixa negociação de ações. Ninguém pode garantir que o simples fato de contratar um formador irá impulsionar as operações feitas.
"Não sei se a figura do "market maker" é fundamental para uma empresa melhorar as negociações de seus papéis. Sempre os movimentos do mercado serão mais importantes para ajustar os preços das ações", avalia Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da corretora Souza Barros.

Novatas
Ao realizar ofertas de compra e venda para as ações, o formador acaba por estimular os negócios com os papéis da empresa que o contratou. Por isso, boa parte das companhias que estão fazendo IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) tem procurado uma instituição financeira que possa prestar esse serviço.
"É comum as empresas que estréiam na Bolsa ficarem em foco no primeiro ou segundo mês e depois perderem um pouco de apelo", afirma Fernandez, do UBS Pactual.

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