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Europa cobra ação dos EUA e articula resposta à crise
Sarkozy planeja reunião com membros do bloco para discutir medidas em comum
Líderes do continente
exortam Congresso dos EUA
a aprovar pacote de socorro;
euro tem maior queda diária ante o dólar desde 1999
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
Diante do nervosismo criado
pela rejeição do pacote na Câmara dos Representantes, a
União Européia cobra dos EUA
que assumam a responsabilidade pelo terremoto financeiro
mundial e articula resposta comum à crise. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, planeja
uma reunião ainda nesta semana em Paris para discutir a crise
com os principais líderes e autoridades monetárias da UE.
Até agora, os europeus têm
usado armas diferentes para
enfrentar as turbulências: preferiram nacionalizar as instituições em apuros a ampará-las
com um plano para assumir
seus papéis podres, como propõem os americanos.
Enquanto esperam boas notícias do outro lado do Atlântico, os Estados europeus aumentam a ofensiva para evitar
quebradeira em seus bancos.
Ontem, os governos de Bélgica,
França e Luxemburgo se mobilizaram em socorro ao banco
belgo-francês Dexia.
Com a injeção de US$ 9,1 bilhões, o Dexia tornou-se a segunda instituição belga a ser
socorrida, na seqüência de intervenções estatais dos últimos
dias. No domingo, Bélgica, Holanda e Luxemburgo haviam
assumido o controle parcial do
belgo-holandês Fortis, enquanto as autoridades britânicas nacionalizaram o Bradford & Bingley. Alemanha e Islândia tomaram medidas semelhantes.
Sarkozy, cujo governo aderiu
ontem à política de intervenção, ao injetar US$ 4,2 bilhões
para salvar o Dexia, manteve
um "reunião de crise" com representantes de bancos e seguradoras. Presidente da UE, Sarkozy quer uma resposta comum às turbulências, com medidas para aumentar a regulação nos mercados financeiros.
Para isso, tenta organizar conferência na sexta-feira com os
líderes de Reino Unido, Itália e
Alemanha, além do presidente
do BCE (Banco Central Europeu), Jean-Claude Trichet.
Cresce no continente a impaciência com o impasse em torno do plano de resgate americano. "Os EUA precisam assumir
sua responsabilidade e mostrar
capacidade de governança, pelo
bem de seu próprio país e pelo
bem do mundo", disse Johannes Laitenberger, porta-voz da
Comissão Européia, o braço
executivo da UE.
A premiê da Alemanha também exortou o Congresso dos
EUA a dar luz verde ao pacote.
Para Angela Merkel, a aprovação do plano nesta semana é
"precondição para dar nova
confiança aos mercados".
Na Irlanda, o governo também intercedeu depois de as
ações de bancos sofrerem, na
segunda, a maior queda da história. As autoridades de Dublin
anunciaram que darão garantia
ilimitada para os depósitos de
seis bancos domésticos.
Os bancos centrais europeus
injetaram mais recursos ontem
no mercado. O BCE ofereceu
US$ 30 bilhões, e o Banco da
Inglaterra US$ 10 bilhões.
O euro teve ontem a maior
queda diante do dólar desde
1999, quando entrou em circulação. A moeda caiu 2,7%, para
US$ 1,40. Além das turbulências, o euro sente o efeito das
injeções de capital em bancos.
A expectativa de que o BCE esteja preparando um corte nos
juros também teve influência
na cotação do euro.
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