São Paulo, quarta-feira, 01 de outubro de 2008

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Pessimismo contamina mercados asiáticos

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

As duas maiores Bolsas da Ásia, de Tóquio e Hong Kong, refletiram ontem, além do choque causado pela rejeição ao pacote de resgate dos EUA, a diferença entre a situação econômica de seus países.
A maior Bolsa da Ásia, a de Tóquio, teve queda de 4,12% -ao pessimismo foram somadas más notícias sobre a saúde da economia japonesa. A de Hong Kong, depois de quedas ao longo do dia, fechou com leve alta de 0,8%.
No Japão, números oficiais divulgados ontem revelam que a taxa de desemprego chegou a 4,2% em agosto, a maior em dois anos. A produção industrial também diminuiu em agosto, com recuo de 6,9% ante o mesmo mês de 2007.
O Banco Central nipônico injetou 3 trilhões de ienes (US$ 28,7 bilhões) no mercado, como parte dos esforços para aumentar a liquidez.
As maiores Bolsas da China continental, Xangai e Shenzhen, estiveram fechadas por conta do feriado pelo aniversário da Revolução Comunista. Reabrem na segunda-feira.
Por enquanto, a China parece vacinada contra a crise. Ainda que o país tenha aberto sua economia, cada vez mais integrada aos EUA, ela ainda mantém um mercado de capitais bem fechado e restrito, regula a entrada e a saída de investimentos e dirige com zelo a relação de sua moeda, o yuan, com o dólar.
"Não há como evitar uma recessão nos EUA, mas há fatores que mitigam os efeitos na China. O crescimento do país se deve hoje muito mais a investimentos domésticos que a exportações. O peso do setor imobiliário é muito maior", disse à Folha o economista James McCormack, chefe para o mercado Ásia-Pacífico da agência de classificação de risco Fitch Ratings, em Hong Kong.
"Os depósitos em bancos chineses cresceram 20% em relação ao ano passado, o que ajuda na liquidez bancária", diz. Mas há sinais de desaceleração, em especial na construção civil.

Medo na Índia
Na Índia, houve corrida às agências e caixas eletrônicos do ICICI, o maior banco privado no país. Cerca de 70% do ICICI pertence a investidores estrangeiros. A instituição tem US$ 5 bilhões em investimentos no exterior, 60% deles ligados a bancos europeus e americanos.
Para tentar conter o pânico dos correntistas, o Banco Central indiano divulgou nota dizendo que o ICICI tem liquidez suficiente para honrar suas obrigações. Os demais grandes bancos do país têm baixa exposição internacional.

Colaborou a Redação



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