São Paulo, quarta-feira, 01 de outubro de 2008

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Com queda de 11%, Bolsa é a pior aplicação do mês

Dólar sobe 16,45%, na maior alta mensal em seis anos; poupança rende 5,64%

Segundo analistas, desempenho em um período curto não deve balizar as decisões futuras sobre os investimentos

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar foi a aplicação mais rentável de setembro: subiu 16,45%, terminando o período vendido a R$ 1,904. Essa é a maior alta mensal desde setembro de 2002, quando a moeda americana avançou 24,92%, passando de R$ 3,01 para R$ 3,76. Com queda de 11,03%, a Bolsa de Valores teve, no mês passado, o pior desempenho entre todas as opções de investimento.
Os fundos FGTS Vale e Petrobras também perderam: as ações ordinárias da mineradora tiveram desvalorização de 15,92% no período e as da petrolífera caíram 1,03%.
No ranking deste ano, é a renda fixa que exibe os maiores ganhos, de 9,2%. Depois vêm os fundos DI, com 8,72%, e o CDB (Certificado de Depósito Bancário), com 8,39%. O dólar aparece em quinto lugar, com elevação de 7,15%, enquanto a poupança rendeu 5,64%. A Bovespa recuou 22,45%.
O impasse acerca do projeto do governo dos Estados Unidos para resolver a crise no sistema bancário americano explica em grande parte as turbulências ocorridas em setembro, as que se acentuaram nos últimos dias. Embora seja muito difícil prever o comportamento do mercado nas próximas semanas, o andamento do plano proposto pela administração George W. Bush continuará determinando o humor dos investidores. "Ainda haverá bastante volatilidade", destaca Juan Pedro Jensen, professor de finanças do Ibmec São Paulo.
Os analistas alertam, entretanto, de que o mês passado foi atípico pelo volume de turbulências. "Qualquer decisão de investimento deve sempre se basear nas perspectivas futuras e não nos retornos passados", destaca Nicolas Barbarisi, diretor de operações da Hera Investiment.
Para quem tinha dinheiro em ações, o conselho é esperar mais um pouco antes de mexer. Cautela também é o conselho aos que pensam em aproveitar os preços relativamente baixos das ações para comprar. Esse tipo de aplicação oferece alto risco e deve ser considerado apenas para uma poupança de longo prazo. "Houve um ajuste de cotações bastante pronunciado", comenta Ricardo Araújo, professor da FGV-RJ (Fundação Getulio Vargas). "Mas, no longo prazo, a Bovespa é uma ótima alternativa. A economia brasileira melhorou bastante e as empresas do país vão bem." Na sua opinião, os países emergentes não devem ser muito afetados pela recessão nos EUA, o que lhes abre, então, uma oportunidade de avançar.
Quanto ao dólar, as opiniões se dividem. Barbarisi acha que a moeda não tem espaço adicional para subir, então mesmo quem está planejando passar férias no exterior pode esperar para adquirir divisas. Já Jensen diz que, a fim de evitar surpresas desagradáveis, o turista pode começar a comprar paulatinamente.

Fundos no exterior
Se o investidor tem dinheiro aplicados em fundos que colocam recursos no exterior, esta pode ser uma boa hora para uma revisão. Relendo o prospecto do fundo e perguntando para os gestores, é possível saber exatamente que tipo de ativos ele se concentra. Mudar de aplicação é recomendável, afirmam os analistas, caso exista uma concentração em ativos ou papéis que se encontrem no centro da crise, como aqueles ligados ao setor imobiliário americano ou aos bancos estrangeiros.


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