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Com queda de 11%, Bolsa é a pior aplicação do mês
Dólar sobe 16,45%, na maior alta mensal em seis anos; poupança rende 5,64%
Segundo analistas, desempenho em um período curto não deve balizar as decisões futuras sobre os investimentos
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
O dólar foi a aplicação mais
rentável de setembro: subiu
16,45%, terminando o período
vendido a R$ 1,904. Essa é a
maior alta mensal desde setembro de 2002, quando a moeda
americana avançou 24,92%,
passando de R$ 3,01 para R$
3,76. Com queda de 11,03%, a
Bolsa de Valores teve, no mês
passado, o pior desempenho
entre todas as opções de investimento.
Os fundos FGTS Vale e Petrobras também perderam: as
ações ordinárias da mineradora tiveram desvalorização de
15,92% no período e as da petrolífera caíram 1,03%.
No ranking deste ano, é a
renda fixa que exibe os maiores
ganhos, de 9,2%. Depois vêm os
fundos DI, com 8,72%, e o CDB
(Certificado de Depósito Bancário), com 8,39%. O dólar aparece em quinto lugar, com elevação de 7,15%, enquanto a
poupança rendeu 5,64%. A Bovespa recuou 22,45%.
O impasse acerca do projeto
do governo dos Estados Unidos
para resolver a crise no sistema
bancário americano explica em
grande parte as turbulências
ocorridas em setembro, as que
se acentuaram nos últimos
dias. Embora seja muito difícil
prever o comportamento do
mercado nas próximas semanas, o andamento do plano proposto pela administração George W. Bush continuará determinando o humor dos investidores. "Ainda haverá bastante
volatilidade", destaca Juan Pedro Jensen, professor de finanças do Ibmec São Paulo.
Os analistas alertam, entretanto, de que o mês passado foi
atípico pelo volume de turbulências. "Qualquer decisão de
investimento deve sempre se
basear nas perspectivas futuras
e não nos retornos passados",
destaca Nicolas Barbarisi, diretor de operações da Hera Investiment.
Para quem tinha dinheiro em
ações, o conselho é esperar
mais um pouco antes de mexer.
Cautela também é o conselho
aos que pensam em aproveitar
os preços relativamente baixos
das ações para comprar. Esse
tipo de aplicação oferece alto
risco e deve ser considerado
apenas para uma poupança de
longo prazo. "Houve um ajuste
de cotações bastante pronunciado", comenta Ricardo Araújo, professor da FGV-RJ (Fundação Getulio Vargas). "Mas,
no longo prazo, a Bovespa é
uma ótima alternativa. A economia brasileira melhorou bastante e as empresas do país vão
bem." Na sua opinião, os países
emergentes não devem ser
muito afetados pela recessão
nos EUA, o que lhes abre, então, uma oportunidade de
avançar.
Quanto ao dólar, as opiniões
se dividem. Barbarisi acha que
a moeda não tem espaço adicional para subir, então mesmo
quem está planejando passar
férias no exterior pode esperar
para adquirir divisas. Já Jensen
diz que, a fim de evitar surpresas desagradáveis, o turista pode começar a comprar paulatinamente.
Fundos no exterior
Se o investidor tem dinheiro
aplicados em fundos que colocam recursos no exterior, esta
pode ser uma boa hora para
uma revisão. Relendo o prospecto do fundo e perguntando
para os gestores, é possível saber exatamente que tipo de ativos ele se concentra. Mudar de
aplicação é recomendável, afirmam os analistas, caso exista
uma concentração em ativos ou
papéis que se encontrem no
centro da crise, como aqueles
ligados ao setor imobiliário
americano ou aos bancos estrangeiros.
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