São Paulo, quarta-feira, 01 de outubro de 2008

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"Estamos no olho do furacão", afirma Setubal

GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

O presidente do Banco Itaú, Roberto Setubal, afirma que a liquidez está mais estreita no Brasil, mas também diz que esta foi a semana mais aguda da crise e que a tendência é a normalização do crédito depois da aprovação do plano de resgate do sistema financeiro nos EUA.
"Estamos no olho do furacão da crise, e não é razoável tomar esta semana como base", diz. "Depois de a tormenta passar, eu acredito que o cenário vá ser de menos incertezas. A tendência é que a situação melhore."
Segundo Setubal, o aperto do crédito no Brasil afetou principalmente as linhas de financiamento à exportação e alguns pedidos de grandes volumes de empréstimos. De acordo com ele, quem pedir, por exemplo, uma montanha de R$ 10 bilhões não vai conseguir esse volume em um só banco. Será preciso dividir o empréstimo com outras instituições.
Diante da escassez de recursos, Setubal diz que as taxas de juros sobre os empréstimos subiram, bem como as de captação. "Agora, há uma tendência natural de as taxas subirem."
O grande problema, no entanto, ocorreu com as linhas de financiamento à exportação, que caíram depois de o mercado internacional ter praticamente secado com a crise financeira global.
Setubal afirma ainda que muitas empresas exportadoras também quiseram aproveitar a valorização do dólar para aumentar as vendas externas, e isso deve ter provocado aumento na procura pelas linhas de financiamento à exportação, o que acabou contribuindo para a elevação da demanda por linhas externas.
O presidente do Itaú considera fundamental a aprovação do pacote de resgate do setor financeiro nos Estados Unidos para a melhoria do cenário internacional. Caso contrário, o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) terá de atuar de forma pontual, como estava fazendo antes.
"O plano B será o Fed voltar a trabalhar caso a caso, o que é sempre complicado.",


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