São Paulo, quinta-feira, 01 de outubro de 2009

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China quer conter expansão industrial

Para Pequim, excesso de produção pode prejudicar retomada do crescimento da 3ª maior economia global

DA REDAÇÃO

O governo chinês anunciou ontem os detalhes do plano para conter o excesso de produção em setores como aço, alumínio e cimento. Para Pequim, o aumento exagerado na capacidade produtiva pode prejudicar a recuperação da economia e também afetar o sistema bancário do país.
Com as medidas, a China sinaliza que pretende manter um nível adequado de produção (para não prejudicar a retomada do crescimento), ao mesmo tempo em que impede uma fabricação exagerada de produtos industriais, o que poderia detonar uma guerra de preços e afetaria especialmente os pequenos produtores.
Pelo plano, a indústria de alumínio fica impedida de instalar novas fábricas por um período de três anos. E os setores de aço, cimento, vidro e de equipamentos de energia eólica e painéis solares terão seus gastos limitados pelas autoridades regulatórias.
Sem esse controle, afirma o governo, "será difícil prevenir a cruel competição de mercado e aumentar os benefícios econômicos. E isso pode resultar em fechamento de fábricas, demissões e aumento dos ativos problemáticos dos bancos".
A economia chinesa retomou fortemente seu crescimento nos últimos meses (o terceiro maior PIB do planeta se expandiu em 7,9% no segundo trimestre, após avançar 6,1% nos três meses anteriores) em grande parte pelo boom no setor de infraestrutura. Esse avanço foi alavancado pelo aumento no gasto público -o governo lançou um pacote de estímulo de US$ 586 bilhões no fim de 2008- e pelo crescimento nos empréstimos concedidos pelos bancos estatais.
Porém, nos últimos três meses, muitas autoridades chinesas começaram a alertar publicamente de que o excesso de crédito poderia criar um excesso de produção especialmente na indústria pesada -e também trazer uma série de empréstimos problemáticos para o sistema bancário do país.
Um excesso de produção prolongado de indústrias como aço e alumínio podem ainda piorar as tensas relações do país asiático com os Estados Unidos e a Europa, já que existe o risco de as indústrias chinesas inundarem os mercados mundiais com produtos muito baratos. De acordo com o governo chinês, a capacidade da indústria siderúrgica chinesa no ano passado ficou 30% acima da demanda interna.
Além disso, Pequim teme que o crescimento contínuo da indústria pesada, que usa muita energia, prejudique os esforços do país para atingir as metas de energia que devem ser determinadas no encontro de Copenhague em dezembro.


Com agências internacionais e "Financial Times"


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