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Recorde, financiamento do BNDES cresce 53% durante a crise
Liberação maior de empréstimos foi impulsionada pelo incentivo à formação de grandes grupos nacionais e a projetos da Petrobras e de usina do rio Madeira
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
Impulsionado pelos financiamentos à Petrobras, à hidrelétrica de Santo Antônio, no rio
Madeira (Rondônia), e à formação de grandes grupos econômicos, o BNDES atingiu novo
patamar de recursos liberados
para empresas em 12 meses.
Em agosto, o indicador atingiu
recorde de R$ 123,6 bilhões,
ainda que o período englobe o
auge da crise e o pós-crise.
A cifra é 53% maior do que os
R$ 53 bilhões liberados a empresas nos 12 meses anteriores
à crise. O financiamento dado
em julho à Petrobras, de R$ 25
bilhões, contribuiu de forma
decisiva. Se não houvesse esse
empréstimo, os desembolsos
teriam atingido R$ 98 bilhões
nos 12 meses encerrados em
agosto, e a alta seria de 22,5%.
Além de contar na carteira
com grandes projetos de energia, os desembolsos mantiveram-se em alta devido aos cortes feitos nas taxas de financiamento durante a crise. Em algumas delas, o juro real chegou
a zero. "Em algum momento,
os empresários pararam para
esperar, mas, depois de sinalizada a retomada do crescimento, voltaram a tocar seus projetos", diz Gabriel Visconti, chefe
de orçamento do BNDES.
Entre os financiamentos para a formação de grandes grupos econômicos, estão o R$ 1,3
bilhão, em janeiro, para a compra da Aracruz pela Votorantim Celulose, ambos combalidos pelas perdas com derivativos cambiais após a alta do dólar, no pico da crise.
O banco também desembolsou R$ 400 milhões para comprar ações da Brasil Foods, formada pela fusão entre Sadia e
Perdigão. O total de ações vendido chegou a R$ 4 bilhões, levantados para pagar dívidas e
concluir a fusão. A Sadia também perdeu com derivativos.
Outros R$ 700 milhões foram gastos na compra de ações
do frigorífico Marfrig, que comprou a Seara, por R$ 1,8 bilhão,
e outros frigoríficos menores.
Sobre essa política de incentivo financeiro a grandes grupos, o BNDES informa que é
um dos objetivos do banco formar empresas competitivas de
classe mundial.
Segundo Visconti, a expectativa de liberação de R$ 120 bilhões até o fim do ano está
mantida. Em 12 meses, a indústria recebeu metade do dinheiro liberado pelo BNDES e o setor de infraestrutura, um terço.
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