São Paulo, quinta-feira, 01 de outubro de 2009

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Recorde, financiamento do BNDES cresce 53% durante a crise

Liberação maior de empréstimos foi impulsionada pelo incentivo à formação de grandes grupos nacionais e a projetos da Petrobras e de usina do rio Madeira

SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Impulsionado pelos financiamentos à Petrobras, à hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira (Rondônia), e à formação de grandes grupos econômicos, o BNDES atingiu novo patamar de recursos liberados para empresas em 12 meses. Em agosto, o indicador atingiu recorde de R$ 123,6 bilhões, ainda que o período englobe o auge da crise e o pós-crise.
A cifra é 53% maior do que os R$ 53 bilhões liberados a empresas nos 12 meses anteriores à crise. O financiamento dado em julho à Petrobras, de R$ 25 bilhões, contribuiu de forma decisiva. Se não houvesse esse empréstimo, os desembolsos teriam atingido R$ 98 bilhões nos 12 meses encerrados em agosto, e a alta seria de 22,5%.
Além de contar na carteira com grandes projetos de energia, os desembolsos mantiveram-se em alta devido aos cortes feitos nas taxas de financiamento durante a crise. Em algumas delas, o juro real chegou a zero. "Em algum momento, os empresários pararam para esperar, mas, depois de sinalizada a retomada do crescimento, voltaram a tocar seus projetos", diz Gabriel Visconti, chefe de orçamento do BNDES.
Entre os financiamentos para a formação de grandes grupos econômicos, estão o R$ 1,3 bilhão, em janeiro, para a compra da Aracruz pela Votorantim Celulose, ambos combalidos pelas perdas com derivativos cambiais após a alta do dólar, no pico da crise.
O banco também desembolsou R$ 400 milhões para comprar ações da Brasil Foods, formada pela fusão entre Sadia e Perdigão. O total de ações vendido chegou a R$ 4 bilhões, levantados para pagar dívidas e concluir a fusão. A Sadia também perdeu com derivativos.
Outros R$ 700 milhões foram gastos na compra de ações do frigorífico Marfrig, que comprou a Seara, por R$ 1,8 bilhão, e outros frigoríficos menores.
Sobre essa política de incentivo financeiro a grandes grupos, o BNDES informa que é um dos objetivos do banco formar empresas competitivas de classe mundial.
Segundo Visconti, a expectativa de liberação de R$ 120 bilhões até o fim do ano está mantida. Em 12 meses, a indústria recebeu metade do dinheiro liberado pelo BNDES e o setor de infraestrutura, um terço.


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