São Paulo, quinta, 1 de outubro de 1998

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"Eu comi o pão que o diabo amassou"

da Reportagem Local

"Eu comi o pão que o diabo amassou", disse Assis Paim Cunha, em seu velho escritório. "Minha casa foi invadida 12 vezes. Passei anos sem ir a lugar nenhum. Na rua, era chamado de ladrão e de filho da puta."
A mobília de Paim é pobre. A única decoração é a reprodução desbotada de um desenho do elegante Paim quando frequentava os gabinetes de Brasília.
Ex-publicitário e ex-promotor de vendas, Paim enriqueceu no final dos anos 60 adquirindo lojas quebradas, com o suporte de multinacionais que financiavam em 24 meses todo o passivo.
Aos 30 anos, viúvo e rico, não soube ver os limites para ampliar seus negócios: "Extrapolei a minha competência", diz.
Nos últimos anos, Paim vinha se dedicando, segundo disse, a resolver problemas dos antigos credores. "Estou construindo a redenção da minha vida. Não me considero um pobre coitado. Eu sou uma pessoa séria", dizia, batendo na mesa, como se representasse um personagem, um misto de bom ladrão e Dom Quixote.
"Tenho que pagar pelo que fiz. Nunca permiti aos advogados me colocar como vítima. Não sou melhor do que ninguém." (FV)



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