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"Eu comi o pão que o diabo amassou"
da Reportagem Local
"Eu comi o pão que o diabo
amassou", disse Assis Paim Cunha, em seu velho escritório. "Minha casa foi invadida 12 vezes.
Passei anos sem ir a lugar nenhum. Na rua, era chamado de ladrão e de filho da puta."
A mobília de Paim é pobre. A
única decoração é a reprodução
desbotada de um desenho do elegante Paim quando frequentava
os gabinetes de Brasília.
Ex-publicitário e ex-promotor
de vendas, Paim enriqueceu no final dos anos 60 adquirindo lojas
quebradas, com o suporte de multinacionais que financiavam em
24 meses todo o passivo.
Aos 30 anos, viúvo e rico, não
soube ver os limites para ampliar
seus negócios: "Extrapolei a minha competência", diz.
Nos últimos anos, Paim vinha se
dedicando, segundo disse, a resolver problemas dos antigos credores. "Estou construindo a redenção da minha vida. Não me considero um pobre coitado. Eu sou
uma pessoa séria", dizia, batendo
na mesa, como se representasse
um personagem, um misto de
bom ladrão e Dom Quixote.
"Tenho que pagar pelo que fiz.
Nunca permiti aos advogados me
colocar como vítima. Não sou melhor do que ninguém."
(FV)
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