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CONSUMO IRRACIONAL
Mais da metade da população tem menos de US$ 1.000 em poupança; maioria saca para gastar
Americano não sabe poupar, diz pesquisa
das agências internacionais
A grande maioria dos norte-americanos acredita que tem
mais chance de acumular US$ 500
mil ao longo da vida apostando
na loteria em vez de poupar.
A ignorância financeira e o excessivo endividamento dos consumidores geram um resultado
surpreendente: mais da metade
dos norte-americanos tem menos
de US$ 1.000 (o equivalente a R$
2.000) em poupança.
Um quinto das famílias com
renda menor (US$ 13 mil anuais
ou menos) não tem poupança.
Os dados constam da pesquisa
"A riqueza da família norte-americana", realizada pela consultoria
norte-americana Primerica, com
base em dados de 1995.
"A maior parte dos norte-americanos tem consciência do elevado endividamento, sabe que precisa construir riqueza, mas não
acredita que possa fazê-lo", disse
Stephen Brobeck, diretor-executivo da Federação de Consumidores da América.
"Isso poderia ser mudado se as
famílias com renda menor se dessem conta dos benefícios de poupar pequenos montantes por um
longo período", disse.
De acordo com ele, se uma pessoa poupa US$ 50 por semana por
40 anos, a uma taxa anual de rentabilidade de 9%, pode acumular
US$ 1 milhão.
A pesquisa mostra também que
51% dos que possuem menor renda acreditam que têm mais chance de ganhar na loteria do que
acumular US$ 500 mil ao longo de
suas vidas.
"A chance de ganhar na loteria é
de 10 milhões a 20 milhões em
uma. O norte-americano não se
deu conta de que pode acumular
US$ 500 mil aplicando US$ 50 a
cada semana", disse.
Poupança em queda
O nível de poupança vem caindo a cada mês nos EUA. Nos seis
primeiros meses do ano, o país registrou taxa de poupança negativa (menos 0,9% do Produto Interno Bruto, de US$ 7,8 trilhões).
Isso significa que os norte-americanos estão sacando dinheiro de
suas aplicações para gastar.
A taxa de poupança nos EUA
está hoje em torno de 19% do PIB
-a mais baixa entre os países industrializados. Na Europa, a taxa
é de 25% e, na Ásia, chega a ultrapassar 30%. No Brasil, está entre
15% e 20%.
O nível de poupança norte-americano é o mais baixo desde a
Grande Depressão, crise que se
sucedeu ao "crash" da Bolsa de
Nova York, em 1929.
Detalhe: na década de 30, cerca
de 25% da população norte-americana estava desempregada.
Hoje, a taxa de desemprego está
em 4,2% -o nível mais baixo em
30 anos.
A economia cresce de vento em
popa há nove anos. Entre julho e
setembro, a expansão foi de 4,8%.
No primeiro e segundo trimestres, o país registrou crescimento
de 3,7% e 1,9%, respectivamente.
A confiança do norte-americano de que essa expansão ainda vai
durar por algum tempo vem gerando uma verdadeira febre de
consumo, que se reflete nos crescentes déficits comerciais do país.
Em agosto, o país teve déficit comercial de US$ 24,1 bilhões. Nos
oito primeiros meses do ano, o
saldo é negativo em US$ 167,7 bilhões, superando o déficit registrado em todo o ano passado, que
foi de US$ 164,3 bilhões.
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