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Lula defende pressão sobre bancos
Presidente diz que BC "agiu corretamente" ao reduzir remuneração de instituições que não repassam crédito
Brasileiro defende "mudança na economia mundial" e diz que FMI e Banco Mundial, "do jeito que funcionam hoje, de nada servem"
SIMONE IGLESIAS
ENVIADA ESPECIAL A HAVANA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que a decisão do Banco Central de mudar a remuneração de parte do
compulsório recolhido pelos
bancos sobre os depósitos a
prazo foi acertada e correta, já
que, segundo ele, as instituições não estão cumprindo o
que deveriam -irrigar dinheiro
para gerar crédito.
"Eles não quiseram fazer e o
BC teve de tomar as medidas
que tomou. Não é justo que alguns poucos se dêem ao luxo de
receber aporte financeiro da
União e não repassar à população e para micro e pequenos
empresários. Portanto, o BC
agiu corretamente" afirmou.
Lula ressaltou que as pessoas
têm que continuar comprando
e pediu que ninguém guarde dinheiro embaixo do colchão por
causa da crise. "Não há nenhuma razão para que as pessoas
coloquem o dinheiro embaixo
do colchão e não irriguem o
crédito brasileiro."
À vontade em Cuba e ao lado
de Raúl Castro, o presidente
Lula fez críticas ontem ao FMI
(Fundo Monetário Internacional) e ao Banco Mundial e lembrou dos tempos em que ele e o
PT lideravam a campanha "Fora FMI" no governo Fernando
Henrique Cardoso.
Lula voltou a condenar a ação
especulatória dos bancos americanos e acusou os Estados
Unidos de pôr em risco a economia mundial. "É preciso mudar a economia mundial. O
FMI e o Banco Mundial, do jeito que funcionam hoje, de nada
servem. Os países precisam regular o sistema financeiro. Não
dá mais, pois se descobriu que o
mercado é um ovo sem gema."
O presidente brasileiro relatou a Raúl Castro a alegria que
sentiu quando pôde se ver livre
do FMI e recusar um empréstimo de US$ 16 bilhões oferecido
pelo órgão.
"Tive uma alegria imensa no
dia em que chamei o presidente
do FMI, um espanhol chamado
Rato [Rodrigo de Rato], e lhe
disse: "Não preciso mais dos
seus US$ 16 bilhões, pode levar". Vocês não imaginam a alegria que tive. Eu, que passei a
vida inteira dizendo "Fora,
FMI", pude, como presidente
da República, chamá-lo para dizer "Adeus, FMI'", disse, arrancando uma risada do cubano.
Lula voltou a reclamar da falta de regulamentação do sistema financeiro e criticou a postura do mercado em virar as
costas para os governos e, em
momento de crise, pedir sua
ajuda. "Tido desde o Consenso
de Washington como regulador
de tudo, no momento em que
entrou em crise, [o mercado]
teve que pedir socorro ao Estado. Isso provou que o mercado
não se auto-regula, e é preciso
que os países, principalmente
os emergentes, que estão sendo
apontados como salvadores do
capitalismo, tenham direito a
participar das decisões".
Lula voltou a atacar especuladores, dizendo que "não produziram nem um botão", se beneficiando apenas de papéis e
títulos. Ele disse que a crise é
grave, mas que seu governo não
suspenderá gastos. "O Brasil
está se prevenindo, não vai paralisar seus investimentos."
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