São Paulo, sábado, 01 de novembro de 2008

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Ministério pressiona por privatização de aeroportos

Jobim, da Defesa, quer trocar Gaudenzi, que preside a Infraero, contrário à medida

Gaudenzi prefere a abertura do capital da empresa; ele considera temerário dar ao setor privado aeroportos lucrativos, como Viracopos

ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Defesa aumentou a pressão sobre a diretoria da Infraero, na tentativa de mudar o comando da empresa até o final do ano para abrir caminho à privatização de aeroportos.
O ministro Nelson Jobim tem feito contatos em busca de um substituto para Sérgio Gaudenzi, que preside a empresa. Se confirmada, será a segunda mudança no comando da Infraero feita por Jobim.
Em agosto do ano passado, o ministro demitiu o brigadeiro José Carlos Pereira e toda a equipe em meio à crise aérea e a denúncias de corrupção contra diretores da empresa. Gaudenzi bateu de frente com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), com interesses do governo e de empreiteiras, grandes financiadoras de campanhas eleitorais.
Procurado pela Folha, o ministro afirmou que não iria comentar o assunto. Gaudenzi disse que "leu na imprensa" que seu cargo será usado para acomodar quem ficar de fora na disputa pela presidência do Senado, pleiteada pelo PMDB e pelo PT, e ironizou: "Não faço resistência à composição da Infraero com o Senado. Já dei a minha contribuição. A Infraero era a Geni: aparecia na parte policial dos jornais, e não é mais. Se for para sair, não tenho nenhuma dificuldade."

Contra a proposta
A Folha apurou que a nova diretoria pode ser composta por técnicos do BNDES que estão afinados com o projeto do governo de privatizar aeroportos hoje administrados pela Infraero. Gaudenzi tem batido de frente com a proposta do governo. Publicamente, já manifestou sua contrariedade com o modelo defendido na Casa Civil, no BNDES e, agora, por Jobim, de privatização dos aeroportos.
Gaudenzi defende a abertura do capital da empresa, mas considera temerário repassar para a iniciativa privada aeroportos lucrativos, como Viracopos, em Campinas, e deixar sob o comando da Infraero apenas os que dão prejuízo, 50 nos cálculos da empresa.
"Defendo a abertura do capital da empresa como um todo, a exemplo do que ocorre com a Petrobras. Sou absolutamente contra a venda dos aeroportos de forma isolada", disse. A Folha apurou que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) fez uma lista com os dez aeroportos mais rentáveis do país que devem ser privatizados.
Filiado ao PSB, Gaudenzi pode ser transferido para a Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) ou Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco). O partido não irá cobrar o cargo porque ele foi escolha pessoal de Jobim.


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