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"Não penso mais em 2006", diz Lula; Mantega fica decepcionado
DO ENVIADO ESPECIAL A ABUJA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante do crescimento pífio
no terceiro trimestre, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
afirmou ontem que nem pensa
mais no resultado do PIB deste
ano. "O dado concreto é que já
não estou mais pensando em
2006. Agora estou pensando
em 2007, 2008, 2009 e 2010",
disse o presidente em entrevista em Abuja, capital da Nigéria.
Confrontado com a constatação de que não será atingido o
crescimento de 4% que prometeu na maior parte do ano, Lula
disse que vai "esperar o quarto
trimestre para ver quanto vai
ficar". Ele ainda aposta numa
expansão maior nos últimos
três meses para salvar o ano.
"Certamente o quatro trimestre pode crescer 1,5%, pode
crescer um pouco mais", disse.
Lula mais uma vez fez o discurso do crescimento. "Tenho
de pensar para a frente, estamos tomando todas as medidas
para que o Brasil tenha um
crescimento mais vigoroso, que
possa atender à necessidade de
geração de empregos e da riqueza que nós precisamos."
O governo ainda procura
meios de incentivar o crescimento do país nos próximos
anos, como o próprio petista
admitiu na semana passada, ao
falar sobre o "destravamento"
do país: "Não me pergunte o
que é ainda, que eu não sei, e
não me pergunte a solução, que
eu não a tenho, mas vou encontrar, porque o país precisa crescer", disse o presidente.
Os ministro Guido Mantega
(Fazenda) e Paulo Bernardo
(Planejamento) falaram que o
crescimento da economia no
terceiro trimestre foi decepcionante. Ambos reafirmaram a
previsão de que o PIB deste ano
crescerá 3,2%. "Foi decepcionante. Esperava maior. Infelizmente não houve crescimento
robusto da indústria", destacou
Mantega. Para ele, a notícia boa
entre os números divulgados
pelo IBGE foi o aumento de
2,5% na taxa de investimento e
a recuperação na agricultura.
"Este ano não vai ser muito
brilhante em termos de crescimento. Vamos ter crescimento
abaixo do que esperávamos,
mas, em compensação, passaremos de 2006 para 2007 com
a economia em aquecimento",
disse Mantega. Segundo ele, os
dados mais recentes apontam
para um crescimento mais forte do nível da atividade.
Para o ministro da Fazenda, a
queda da Selic está aproximando a taxa de juros de patamares
cada vez mais estimulantes para o crescimento e o investimento. "O cenário é favorável
para o futuro. O presente foi razoável, poderia ser melhor, mas
teremos um futuro promissor."
Para Bernardo, os números
de ontem "já estavam na conta"
e o foco do governo, agora, é estimular o crescimento de 2007.
"Estamos discutindo o que vai
acontecer no ano que vem."
Já o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan,
disse que o "PIB do ano já aconteceu" e revelou sua insatisfação com o resultado ao dizer esperar que a performance deste
ano não "contamine" 2007. E
estimou que medidas do governo para acelerar a economia
podem ter impacto de dois
pontos no PIB do próximo ano.
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