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Investimentos produtivos crescem 6%
Mesmo com aumento, indicador deve fechar o ano em 21% do PIB, patamar insuficiente para garantir expansão de 5%
Construção civil, produção de máquinas e importação de bens de capital foram os principais responsáveis pelo bom desempenho do índice
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
DA SUCURSAL DO RIO
Um dos principais destaques
do PIB no terceiro trimestre de
2006 foi o aumento dos investimentos no setor produtivo, tecnicamente chamados de FBCF
(formação bruta de capital fixo). No acumulado do ano, enquanto o PIB evoluiu 2,5%, a
FBCF já subiu 6%.
A construção civil, a produção nacional de máquinas e,
principalmente, a importação
de equipamentos destinados à
produção foram os principais
responsáveis pelo bom desempenho. Entre julho e setembro,
houve um aumento de 2,5% na
FBCF em relação ao trimestre
abril-junho, quando a variação
ficou negativa em -0,2%.
Na comparação com o terceiro trimestre de 2005, os investimentos cresceram 6,3%, mais
que o dobro dos 2,9% registrados entre o segundo trimestre
de 2006 e o mesmo período do
ano passado.
O melhor desempenho do
ano na FBCF, porém, ocorreu
entre janeiro e março, quando
o indicador subiu 9% sobre
igual período de 2005.
Os investimentos na construção civil continuaram firmes e aumentaram 5,5% no
terceiro trimestre. Segundo o
IBGE, os financiamentos para
o setor cresceram 25% no período e tiveram juros bem menores do que no ano passado.
O aumento do crédito também ajudou na FBCF em toda a
economia. Houve um crescimento de 21% no financiamento às empresas com juros menores. No terceiro trimestre, a
taxa básica (a Selic) teve média
de 14,6%, contra 19,7% no mesmo período de 2005.
Rebeca Palis, gerente de
Contas Nacionais do IBGE,
afirma que tanto a produção local quanto as importações de
máquinas reagiram fortemente
no trimestre. Por causa do câmbio, as importações totais cresceram 20%.
"A importação de bens de capital [máquinas e equipamentos] foi o que mais puxou os investimentos. Embora o câmbio
traga problemas para alguns
setores, como o têxtil, ele ajuda
[com as importações] o fechamentos de gargalos em outras
áreas", afirma Rebeca.
O economista Guilherme
Maia, da Tendências, diz que as
importações de bens de capital
neste ano têm sido mais relevantes para os investimentos
do que a produção local de máquinas e equipamentos.
"Em 2006, as importações de
bens de capital devem subir
24%, numa taxa bem maior do
que a expansão da produção
doméstica, de 4,8%", afirma.
Crescimento futuro
Para Celso Toledo, da MCM
Consultores, o aumento dos investimentos indica que o potencial de crescimento do PIB
"a longo prazo" tende a ser um
pouco maior.
Diante do forte crescimento
do terceiro trimestre, a LCA
projeta uma expansão do investimento de 6% neste ano, o que
levaria a taxa de investimento
para 21% ao final do ano -em
2005, ficou em 19,9%.
"Ainda assim, é insuficiente
para sustentar um crescimento
de 4% a 5% do PIB ao ano, o que
demandaria uma taxa de investimento em torno de 24% a
25% do PIB", diz Bráulio Borges, economista da LCA.
Sergio Vale, da MB Associados, afirma que desempenho da
FBCF deve ser analisado "com
cuidado".
"A construção civil tem peso
de 60% na FBCF. Muitos dos
investimentos nessa área são
voltados ao mercado residencial, que não representam aumento de capacidade produtiva", afirma.
Toledo, da MCM, diz que, de
qualquer maneira, mesmo a
compra de imóveis residenciais
representa uma poupança feita
pelos compradores que tende a
favorecer a economia como um
todo.
(FCZ e PS)
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