São Paulo, sexta-feira, 01 de dezembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Investimentos produtivos crescem 6%

Mesmo com aumento, indicador deve fechar o ano em 21% do PIB, patamar insuficiente para garantir expansão de 5%

Construção civil, produção de máquinas e importação de bens de capital foram os principais responsáveis pelo bom desempenho do índice


DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
DA SUCURSAL DO RIO

Um dos principais destaques do PIB no terceiro trimestre de 2006 foi o aumento dos investimentos no setor produtivo, tecnicamente chamados de FBCF (formação bruta de capital fixo). No acumulado do ano, enquanto o PIB evoluiu 2,5%, a FBCF já subiu 6%.
A construção civil, a produção nacional de máquinas e, principalmente, a importação de equipamentos destinados à produção foram os principais responsáveis pelo bom desempenho. Entre julho e setembro, houve um aumento de 2,5% na FBCF em relação ao trimestre abril-junho, quando a variação ficou negativa em -0,2%.
Na comparação com o terceiro trimestre de 2005, os investimentos cresceram 6,3%, mais que o dobro dos 2,9% registrados entre o segundo trimestre de 2006 e o mesmo período do ano passado.
O melhor desempenho do ano na FBCF, porém, ocorreu entre janeiro e março, quando o indicador subiu 9% sobre igual período de 2005.
Os investimentos na construção civil continuaram firmes e aumentaram 5,5% no terceiro trimestre. Segundo o IBGE, os financiamentos para o setor cresceram 25% no período e tiveram juros bem menores do que no ano passado.
O aumento do crédito também ajudou na FBCF em toda a economia. Houve um crescimento de 21% no financiamento às empresas com juros menores. No terceiro trimestre, a taxa básica (a Selic) teve média de 14,6%, contra 19,7% no mesmo período de 2005.
Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais do IBGE, afirma que tanto a produção local quanto as importações de máquinas reagiram fortemente no trimestre. Por causa do câmbio, as importações totais cresceram 20%.
"A importação de bens de capital [máquinas e equipamentos] foi o que mais puxou os investimentos. Embora o câmbio traga problemas para alguns setores, como o têxtil, ele ajuda [com as importações] o fechamentos de gargalos em outras áreas", afirma Rebeca.
O economista Guilherme Maia, da Tendências, diz que as importações de bens de capital neste ano têm sido mais relevantes para os investimentos do que a produção local de máquinas e equipamentos.
"Em 2006, as importações de bens de capital devem subir 24%, numa taxa bem maior do que a expansão da produção doméstica, de 4,8%", afirma.

Crescimento futuro
Para Celso Toledo, da MCM Consultores, o aumento dos investimentos indica que o potencial de crescimento do PIB "a longo prazo" tende a ser um pouco maior.
Diante do forte crescimento do terceiro trimestre, a LCA projeta uma expansão do investimento de 6% neste ano, o que levaria a taxa de investimento para 21% ao final do ano -em 2005, ficou em 19,9%.
"Ainda assim, é insuficiente para sustentar um crescimento de 4% a 5% do PIB ao ano, o que demandaria uma taxa de investimento em torno de 24% a 25% do PIB", diz Bráulio Borges, economista da LCA.
Sergio Vale, da MB Associados, afirma que desempenho da FBCF deve ser analisado "com cuidado".
"A construção civil tem peso de 60% na FBCF. Muitos dos investimentos nessa área são voltados ao mercado residencial, que não representam aumento de capacidade produtiva", afirma.
Toledo, da MCM, diz que, de qualquer maneira, mesmo a compra de imóveis residenciais representa uma poupança feita pelos compradores que tende a favorecer a economia como um todo. (FCZ e PS)


Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: O ano em que o PIB saiu de férias
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.