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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Crise afeta balanço das empresas no 3º tri
As empresas brasileiras de
capital aberto sentiram o impacto da crise internacional no
aumento de 557% nas despesas
financeiras líquidas no terceiro
trimestre em relação ao mesmo
período de 2007. Um levantamento da Fundap (Fundação
do Desenvolvimento Administrativo de São Paulo) com 224
empresas listadas na Bovespa
mostra que a soma das despesas financeiras das companhias
passou de R$ 2,5 bilhões para
R$ 16,3 bilhões no período.
Para Geraldo Biasoto Junior,
diretor-executivo da Fundap e
professor da Unicamp, o crescimento dos gastos financeiros se
explica por três fatores: a existência de dívidas atreladas ao
dólar, a inclusão das operações
com derivativos cambiais no
balanço das empresas e o custo
do crédito mais alto.
Esse aumento brusco nas
despesas financeiras se refletirá em um travamento dos investimentos das empresas, no
encurtamento de prazos de pagamento para clientes e em
tentativa de elevação de preços
dos produtos, diz Biasoto.
"Hoje, o impacto financeiro
nas empresas é mais dramático
do que há dois anos. Antes, elas
dependiam mais de caixa, agora, de crédito."
Apesar de trazer um aumento expressivo nas despesas financeiras, a crise não aparece
no balanço de lucro e receita do
terceiro trimestre das empresas. De acordo com o levantamento da Fundap, a soma da
receita líquida das 224 companhias pesquisadas cresceu
29,7% em relação ao terceiro
trimestre de 2007 -de R$ 195
bilhões para R$ 254 bilhões. O
mesmo ocorreu com o lucro líquido, que passou de R$ 22,6
bilhões para R$ 29,9 bilhões
-alta de 32,4%.
"O impacto, por enquanto,
foi efetivamente financeiro.
Não houve um impacto real",
avalia Biasoto. Para o quarto
trimestre, no entanto, já se espera um impacto da crise na redução da receita e dos lucros.
De acordo com Biasoto, a grande incógnita para o próximo balanço é o custo não-financeiro
das empresas. "Por um lado, sofre a pressão da alta do dólar.
Mas, por outro, a tendência é de
queda no preço das commodities", afirma.
Fabricante de suco monitora avanço da cana
Três dos maiores fabricantes de suco de laranja
do Brasil, Citrosuco, Cutrale e Citrovita, fecharam
contrato de exclusividade
com a Imagem, empresa
de georeferenciamento,
serviço que agrega informações em imagens de satélite. "É como jogar War.
Você coloca informações
no mapa e isso ajuda na
decisão", diz Marcos Covre, sócio da Imagem.
O valor do contrato não
foi revelado, mas essas fabricantes pagaram por exclusividade. A idéia é monitorar o avanço da cana
pelo Noroeste paulista,
principal pólo produtor de
laranja do país.
Com o incremento do
etanol e o aumento da
mistura do álcool na gasolina, os produtores de laranja, que antes mantinham contratos de fornecimento da fruta com essas fábricas, decidiram
plantar cana.
Além da redução da área
cultivada, os produtores
de laranja estão se vendo
forçados a ir em direção ao
sul do Estado. O temor é
que a redução da área
plantada comprometa a
produção de suco.
ESPELHO MEU
As esteticistas do Estado de São Paulo acabaram de receber o registro sindical do Ministério do Trabalho.
Trata-se do primeiro
sindicato da categoria
no Brasil. Os profissionais esteticistas, que
trabalham com alguns
tratamentos de pele,
drenagem linfática e
outros serviços, reivindicavam o direito há
cerca de oito anos. Estados como Rio de Janeiro e Pernambuco
pretendem em breve
também receber autorização para seus sindicatos. "É um trampolim para a regulamentação da nossa profissão", diz Daniela Lopes,
presidente do sindicato
em São Paulo. "Hoje,
uma esteticista, para
trabalhar em uma empresa, não tem direito
trabalhista e, se for registrada, tem o piso da
categoria de manicure
ou cabeleireira."
SALÁRIO
A consultoria Robert
Half acaba de lançar a
edição brasileira de seu
guia de salários médios
para profissionais contratados sob o regime de
CLT em bancos, seguradoras, resseguradoras e
corretoras de seguros
em 2008. As faixas salariais representam a média nacional. A remuneração variável, segundo
Fernando Mantovani,
diretor da Robert Half,
deve registrar queda nos
próximos anos por conta da crise. "Os bônus
altíssimos certamente
terão queda, não se sabe
de quanto. Com todo o
problema nos EUA, deve haver uma mudança
na regulamentação lá
fora, mas não sabemos
como isso vai impactar
no Brasil."
PANO
O segmento de cama, mesa e
banho registrou variação positiva de 2% nas vendas em novembro, ante outubro, segundo
o Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos de São Paulo.
Para Arinos de Almeida Barros,
presidente da entidade, o resultado era esperado para esta
época do ano. "O setor, na região da 25 de Março, é uma locomotiva e vai reduzir a velocidade nos primeiros meses de
2009, algo mais sazonal do que
reflexo de crise."
LOJISTAS TEMEM FALTA DE NOTEBOOK
Os lojistas já reclamam
da falta de notebooks.
Ivair Rodrigues, diretor da
IT Data, consultoria que
monitora o mercado, informa que a maioria dos
fabricantes está sem estoque de notebooks e teria
de importar peças e componentes com o dólar acima dos R$ 2. "Já não dá
mais tempo," diz.
Segundo com a fabricante Acer, que importa
notebooks para o Brasil,
seu distribuidor DelMicro
já não tem produtos em
estoque. "Este será o Natal
dos PCs", diz Rodrigues.
Quem optar pelo mercado paralelo para comprar
um notebook também deverá sentir o impacto da
crise.
Nas lojas da região da
Santa Ifigênia, um dos
principais endereços de
eletrônicos na capital paulista, a alta do dólar já provocou 35% de reajuste nos
notebooks, índice até superior ao do varejo tradicional.
"Com alguma sorte, ainda é possível encontrar
equipamentos com 15% de
aumento nos grandes varejistas", afirma Rodrigues.
com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e JULIO WIZIACK
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