São Paulo, segunda-feira, 01 de dezembro de 2008

Próximo Texto | Índice

Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Crise afeta balanço das empresas no 3º tri

As empresas brasileiras de capital aberto sentiram o impacto da crise internacional no aumento de 557% nas despesas financeiras líquidas no terceiro trimestre em relação ao mesmo período de 2007. Um levantamento da Fundap (Fundação do Desenvolvimento Administrativo de São Paulo) com 224 empresas listadas na Bovespa mostra que a soma das despesas financeiras das companhias passou de R$ 2,5 bilhões para R$ 16,3 bilhões no período.
Para Geraldo Biasoto Junior, diretor-executivo da Fundap e professor da Unicamp, o crescimento dos gastos financeiros se explica por três fatores: a existência de dívidas atreladas ao dólar, a inclusão das operações com derivativos cambiais no balanço das empresas e o custo do crédito mais alto.
Esse aumento brusco nas despesas financeiras se refletirá em um travamento dos investimentos das empresas, no encurtamento de prazos de pagamento para clientes e em tentativa de elevação de preços dos produtos, diz Biasoto.
"Hoje, o impacto financeiro nas empresas é mais dramático do que há dois anos. Antes, elas dependiam mais de caixa, agora, de crédito."
Apesar de trazer um aumento expressivo nas despesas financeiras, a crise não aparece no balanço de lucro e receita do terceiro trimestre das empresas. De acordo com o levantamento da Fundap, a soma da receita líquida das 224 companhias pesquisadas cresceu 29,7% em relação ao terceiro trimestre de 2007 -de R$ 195 bilhões para R$ 254 bilhões. O mesmo ocorreu com o lucro líquido, que passou de R$ 22,6 bilhões para R$ 29,9 bilhões -alta de 32,4%.
"O impacto, por enquanto, foi efetivamente financeiro. Não houve um impacto real", avalia Biasoto. Para o quarto trimestre, no entanto, já se espera um impacto da crise na redução da receita e dos lucros. De acordo com Biasoto, a grande incógnita para o próximo balanço é o custo não-financeiro das empresas. "Por um lado, sofre a pressão da alta do dólar. Mas, por outro, a tendência é de queda no preço das commodities", afirma.

Fabricante de suco monitora avanço da cana

Três dos maiores fabricantes de suco de laranja do Brasil, Citrosuco, Cutrale e Citrovita, fecharam contrato de exclusividade com a Imagem, empresa de georeferenciamento, serviço que agrega informações em imagens de satélite. "É como jogar War. Você coloca informações no mapa e isso ajuda na decisão", diz Marcos Covre, sócio da Imagem.
O valor do contrato não foi revelado, mas essas fabricantes pagaram por exclusividade. A idéia é monitorar o avanço da cana pelo Noroeste paulista, principal pólo produtor de laranja do país.
Com o incremento do etanol e o aumento da mistura do álcool na gasolina, os produtores de laranja, que antes mantinham contratos de fornecimento da fruta com essas fábricas, decidiram plantar cana.
Além da redução da área cultivada, os produtores de laranja estão se vendo forçados a ir em direção ao sul do Estado. O temor é que a redução da área plantada comprometa a produção de suco.

ESPELHO MEU

As esteticistas do Estado de São Paulo acabaram de receber o registro sindical do Ministério do Trabalho. Trata-se do primeiro sindicato da categoria no Brasil. Os profissionais esteticistas, que trabalham com alguns tratamentos de pele, drenagem linfática e outros serviços, reivindicavam o direito há cerca de oito anos. Estados como Rio de Janeiro e Pernambuco pretendem em breve também receber autorização para seus sindicatos. "É um trampolim para a regulamentação da nossa profissão", diz Daniela Lopes, presidente do sindicato em São Paulo. "Hoje, uma esteticista, para trabalhar em uma empresa, não tem direito trabalhista e, se for registrada, tem o piso da categoria de manicure ou cabeleireira."

SALÁRIO

A consultoria Robert Half acaba de lançar a edição brasileira de seu guia de salários médios para profissionais contratados sob o regime de CLT em bancos, seguradoras, resseguradoras e corretoras de seguros em 2008. As faixas salariais representam a média nacional. A remuneração variável, segundo Fernando Mantovani, diretor da Robert Half, deve registrar queda nos próximos anos por conta da crise. "Os bônus altíssimos certamente terão queda, não se sabe de quanto. Com todo o problema nos EUA, deve haver uma mudança na regulamentação lá fora, mas não sabemos como isso vai impactar no Brasil."

PANO

O segmento de cama, mesa e banho registrou variação positiva de 2% nas vendas em novembro, ante outubro, segundo o Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos de São Paulo. Para Arinos de Almeida Barros, presidente da entidade, o resultado era esperado para esta época do ano. "O setor, na região da 25 de Março, é uma locomotiva e vai reduzir a velocidade nos primeiros meses de 2009, algo mais sazonal do que reflexo de crise."

LOJISTAS TEMEM FALTA DE NOTEBOOK

Os lojistas já reclamam da falta de notebooks. Ivair Rodrigues, diretor da IT Data, consultoria que monitora o mercado, informa que a maioria dos fabricantes está sem estoque de notebooks e teria de importar peças e componentes com o dólar acima dos R$ 2. "Já não dá mais tempo," diz.
Segundo com a fabricante Acer, que importa notebooks para o Brasil, seu distribuidor DelMicro já não tem produtos em estoque. "Este será o Natal dos PCs", diz Rodrigues.
Quem optar pelo mercado paralelo para comprar um notebook também deverá sentir o impacto da crise.
Nas lojas da região da Santa Ifigênia, um dos principais endereços de eletrônicos na capital paulista, a alta do dólar já provocou 35% de reajuste nos notebooks, índice até superior ao do varejo tradicional.
"Com alguma sorte, ainda é possível encontrar equipamentos com 15% de aumento nos grandes varejistas", afirma Rodrigues.

com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e JULIO WIZIACK


Próximo Texto: Com aperto no crédito, bancos iniciam demissões
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.