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Com aperto no crédito, bancos iniciam demissões
Mais prejudicadas, instituições menores já cortaram 890 pessoas, segundo sindicato
Mais de 500 profissionais de
bancos de investimento
também foram demitidos;
Febraban nega que haja
desligamentos em massa
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dos segmentos que mais
contrataram em 2007, o setor
bancário desponta agora como
um dos primeiros a demitir por
conta da expansão menor no
crédito e da desaceleração global. As demissões chegaram
com força aos bancos pequenos, os mais prejudicados com
o empoçamento do crédito,
mas atingem também executivos da área de investimentos.
Com dificuldade para captar
dinheiro no mercado interno e
emprestar, bancos pequenos já
demitiram ao menos 890 pessoas, segundo os sindicatos. A
maior parte aconteceu na "força de venda", com os chamados
"pastinhas" -agentes de crédito contratados ou terceirizados
(não são bancários) que vão ao
consumidor oferecer empréstimos. Nesses bancos, os cortes
passam de 10% do total de funcionários, dizem os sindicatos.
Outro setor que demitiu foi o
de bancos de investimento.
Responsável pelo boom de
aberturas de capital em 2007, o
setor reduziu parte das estruturas criadas que pouco trabalharam neste ano. Com a crise,
esses profissionais foram deslocados para negócios como fusões e aquisições.
A necessidade de cortes desses executivos costuma ser mitigada por uma redução drástica nos salários. Mais da metade
dos ganhos anuais desses profissionais ocorre por bonificação vinculada a participações e
metas. Como o movimento foi
fraco, a expectativa é que os bônus sejam magros em 2009.
Entre os bancos de investimento, foram registrados cortes de mais 500 profissionais
em São Paulo e no Rio no UBS
Pactual, no Crédit Suisse, no
Citibank, no Itaú BBA, no
Goldman Sachs, no BNP, no Société Générale, no Merrill
Lynch e no JPMorgan.
Em alguns desses bancos, as
demissões chegaram a até 25%
dos executivos, quase todos
profissionais com pós-graduação e salários elevados. Nenhum desses bancos negou as
demissões, mas também não
confirmou o número nem quis
comentar o assunto.
Nesses bancos, só foram preservadas as equipes que cuidam da gestão de fortunas, responsável pela captação de recursos. Equipes do Crédit e do
UBS foram até reforçadas.
Somam-se a isso os esforços
de bancos como Santander e
Real, que iniciaram em agosto a
fusão de suas operações e buscam ganhos de sinergia. Em
2009, o movimento chega ao
Itaú e ao Unibanco. O Santander/Real nega que tenha demitido por conta da crise e diz que
pretende contratar em 2009. A
maioria dos desligamentos decorre de sobreposições.
O Santander não revela o número de cortes, mas o Sindicado dos Bancários de São Paulo
(CUT) confirma o desligamento de 20 pessoas na Aymoré,
uma das mais atuantes em financiamento de veículos.
O HSBC fechou um centro
administrativo no Rio com 200
pessoas. Segundo o banco, metade desses funcionários foi
aproveitada em São Paulo e em
Curitiba. Os bancários dizem
que ocorrem outras 60 demissões no HSBC em São Paulo.
Já o Bradesco decidiu fazer
uma reestruturação na tesouraria do BBI, seu banco de investimento. Com a saída de um
diretor, o banco deslocou o resto da equipe de investimento
da avenida Paulista para a tesouraria do varejo em Osasco.
A vaga do diretor foi fechada.
Itaú e Unibanco dizem que
não fizeram demissões significativas além da rotatividade
usual. Já o Citibank avalia como reduzir a folha de pagamento no país, seguindo orientação da matriz de demitir 52
mil e cortar 20% dos gastos.
Para Luiz Claudio Marcolino, presidente do Sindicato dos
Bancários de SP, as atuais demissões não sinalizam um corte estrutural, mas uma redução
de funcionários ligados ao crédito. O sindicato foi a Brasília
reivindicar que a venda de carteiras de crédito para bancos
públicos tenha uma contrapartida para manter empregos.
"Como não gera novos créditos, o banco que vende a carteira para o BB e a Caixa demite. A
demissão começou entre os
bancos pequenos e agora está
chegando aos bancos grandes."
Segundo Magnus Apostólico,
diretor da Febraban, as demissões até agora estão dentro da
rotatividade normal. "A Febraban não tem notícia de desligamentos em massa."
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