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SP e MG estimam perda anual de R$ 23 bi com reforma tributária
Análise do governo mineiro considera impacto de R$ 7 bi e perpetuação da guerra fiscal; tucanos prevêem prejuízo de R$ 16 bi para o Estado de SP
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os Estados de Minas Gerais e
São Paulo sofrerão, juntos, uma
perda anual de R$ 23 bilhões,
caso seja aprovada a reforma
tributária em tramitação no
Congresso. Segundo análise do
governo de Minas, o texto apresentado pelo deputado Sandro
Mabel (PR-GO) acarretaria um
buraco de R$ 7,02 bilhões
anuais aos cofres do Estado.
O impacto anual para o Estado de São Paulo seria de R$ 16
bilhões, segundo tucanos. O Estado poderá perder outros R$ 3
bilhões anuais com a redução
do prazo para crédito de bens
do ativo permanente.
Hoje, uma empresa que compra um bem permanente -como um equipamento- tem direito a ressarcimento do ICMS
pago (8,5%) em 48 prestações
mensais. Pela proposta, há uma
transição e o crédito passa a ser
imediato a partir do oitavo ano.
Pelos cálculos, a perda de Minas só com esse dispositivo é de
R$ 1,1 bilhão por ano.
O Orçamento de Minas para
este ano foi de R$ 35,6 bilhões.
O de São Paulo, de R$ 96,9 bilhões. Embora afete os com
maior concentração de indústrias, a concessão de crédito integral e imediato causará prejuízos a todos os Estados.
Essa não é a única regra a
atingir a receita de todos os Estados. A desoneração da cesta
básica, por exemplo, terá reflexo na arrecadação de todos os
Estados produtores. No caso de
Minas, a perda será de cerca de
R$ 700 milhões.
Há também o temor de que,
nas operações interestaduais, a
adoção de uma alíquota de apenas 2% do ICMS para o Estado
de origem desestimule a fiscalização. Sob o risco de sonegação,
os Estados de destino (venda
do produto) também deixariam
de arrecadar. A proposta de Minas é a fixação de alíquota de
4% para os Estados de origem.
Além disso, a criação de um
IVA Federal (imposto sobre valor agregado) poderá representar uma perda de R$ 12,6 bilhões para Estados e municípios do Nordeste e de R$ 5,3 bilhões para o Norte, caso o tributo -que incidiria sobre a mesma base de cálculo do ICMS e
do ISS- venha a ser considerado inconstitucional.
Sem a receita, o Fundo de
Participação dos Estados e o
dos Municípios emagreceria.
Em sua análise sobre a proposta de reforma, Minas manifesta preocupação com o Fundo de Equalização de Receita,
idealizado para compensar as
perdas dos Estados com a reforma. Pela texto, o fundo teria,
no máximo, 19 anos de vigência. Além disso, os critérios para cálculo do prejuízo dos Estados para futuro ressarcimento
teriam como base apenas a inflação, enquanto o crescimento
da arrecadação tributária
acompanha a evolução do PIB
(superior à inflação).
Guerra fiscal
Ainda segundo análise do governo de Minas, o relatório perpetua a guerra fiscal ao reconhecer os incentivos fiscais
concedidos até julho deste ano
e permitir a concessão de novos
benefícios até a aprovação da
PEC. Para derrubar o incentivo, o Confaz (Conselho de Secretários de Fazenda) teria que
reunir a maioria de votos de
seus membros, sendo pelo menos um de cada região.
"A proposta institucionaliza
a desigualdade concorrencial",
informa a análise do governo
mineiro. Como é proibida a
concessão de incentivos a novos empreendimentos, as empresas excluídas poderiam recorrer à Justiça.
O relatório de reforma tributária traz risco de perda de arrecadação para a União ao determinar a redução da contribuição sobre folha de pagamentos e não apresentar fonte
alternativa de receita. Além
disso, a CSLL (Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido)
tem alíquota diferenciada para
o setor financeiro. Mas, pela
proposta, deixaria de existir.
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