São Paulo, segunda-feira, 01 de dezembro de 2008

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Vendas têm resultado fraco nos EUA

Estimativas preliminares indicam aumento de 3% no faturamento no primeiro final de semana da temporada de compras

Apesar de descontos inéditos, andares inteiros de lojas chegaram a ficar vazios no sábado em NY; expectativa é que ofertas aumentem

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Apesar de descontos recordes e algumas surpresas positivas, números iniciais do primeiro final de semana após o feriado de Ação de Graças prenunciaram resultados fracos para o comércio para a tradicional temporada de compras de Natal nos EUA, em meio a uma crise que ameaça a sobrevivência de vários negócios.
Dados preliminares indicam que as compras da "Black Friday" aumentaram 3%, para US$ 10,6 bilhões, em relação a 2007, segundo o grupo de pesquisa sobre consumo ShopperTrack RCT. No ano passado, o aumento foi de 8,3% em relação a 2006. A "Black Friday" ("Sexta-Feira Negra", dia seguinte a Ação de Graças, quando os lojistas fazem promoções e saem do vermelho) e o final de semana que se segue costumam somar 10% dos lucros dos lojistas na temporada. O período até o Natal chega a contar por 40% dos lucros do ano.
Em meio à crise, o crescimento, ainda que menor que o normal, surpreendeu. Analistas afirmam que as vendas foram impulsionadas pelas ofertas inéditas de até 70% em algumas lojas. E as mais bem-sucedidas pareciam ser as mais baratas, como o Wal-Mart, onde um funcionário morreu pisoteado por compradores desesperados por descontos em Long Island na sexta.
Ainda assim, o varejo não parecia animado. "Não acredito que o aumento de 3% na "Black Friday" significará um aumento de 3% para o resto da temporada", disse Michael Unger, analista de varejo da Consultoria Archstone. "Acho que veremos muitos descontos nas duas últimas semanas da estação."
A expectativa é que as ofertas continuem ou até aumentem até o Natal, mas não se sabe se o esforço será traduzido em vendas. Em Nova York, a Bloomingdale's oferecia marcas como Marc Jacobs com até 40% de desconto, mas não evitou andares inteiros vazios no final da tarde de sábado. Na H&M da rua 59, nem a continuidade de promoções como "compre uma blusa e leve outra de graça" aumentou o movimento depois da sexta-feira. Anteontem, às 18h, não havia fila no caixa.
Com ou sem "Black Friday", o grupo ShopperTrack projeta queda de 9,9% no movimento das lojas. As vendas devem crescer apenas 0,1% -os dois números representam baixas recordes. E 2008 traz ainda outra dificuldade, a temporada entre a Ação de Graças e o Natal terá 27 dias, ante 32 em 2007.
"Os consumidores saem com uma missão neste ano", disse à CNN o analista de varejo do grupo NPD Marshal Cohen. "Estão decididos a encontrar as melhores ofertas e preocupados com o orçamento." Ele estima queda de 3% nas vendas.
Ainda na sexta, a norte-americana Awilda, 50, que fazia compras com a filha adolescente na Zara da 5ª Avenida, corroborava a estimativa. "Procuramos um produto específico e só saímos de casa hoje por causa dos descontos." No meio da tarde, ela ainda não havia comprado nada. "Meu marido foi demitido no mês passado e não vou comprar qualquer coisa."
Se as vendas de novembro e dezembro realmente caírem, será a primeira contração desde que a Federação Nacional de Varejo começou a medir números da temporada, em 1992.


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