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Norte e Nordeste recebem mais crédito
Participação no bolo dos financiamentos bancários cresce em um ritmo mais intenso que o registrado pelo Sudeste
Região que abrange SP, RJ,
MG e ES ainda concentra a
maior parte dos recursos
oferecidos pelos quatro
maiores bancos nacionais
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A forte expansão econômica
fez aumentar o volume de empréstimos oferecidos pelos
maiores bancos brasileiros às
regiões Norte e Nordeste.
A parcela destinada ao Sudeste registrou queda, mas,
mesmo assim, em valores totais, a região ainda concentra a
maior parte dos recursos liberados pelas instituições.
É o que revelam os balanços
dos quatro maiores bancos nacionais (Banco do Brasil, Caixa
Econômica Federal, Bradesco e
Itaú), que, segundo o BC (Banco Central), respondem, juntos, por 54% do crédito oferecido pelo sistema financeiro.
Os balanços demonstram
que, entre junho de 2002 e junho de 2007, último período
consolidado pelo BC, o volume
de crédito destinado à região
Norte do país cresceu 243%, a
maior taxa de expansão registrada no período.
Esse aumento fez com que a
participação da região no total
de empréstimos disponíveis no
Brasil passasse de 2,4% para
3,4%. Em 2005, dado mais recente calculado pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Norte tinha participação de 5% do PIB.
O Sudeste foi a única região
que apresentou expansão abaixo da média nacional, com aumento de 128%. Sua participação no total de financiamentos
caiu de 57,6% a 53,7%. Com
uma participação de 56,5% no
PIB, a região ficou com uma fatia de crédito menor do que seu
peso na economia.
O crescimento um pouco
menor do crédito no Sudeste
reflete, em parte, o grande volume de recursos que já é destinado à região.
Para ter uma idéia, o total de
financiamentos oferecidos pelos quatro bancos cresceu 144%
entre junho de 2002 e junho de
2007. Só para o Sudeste, essa
expansão significou uma injeção de R$ 376 bilhões -valor
equivalente ao total de créditos
destinados ao Nordeste.
O diretor da área de empréstimos e financiamentos do Bradesco, Josué Augusto Pancini,
reconhece que a distribuição
do crédito pelo país não obedece, necessariamente, ao peso de
cada região no PIB. Mas ele diz
que localidades que tradicionalmente recebem menos recursos começam a ganhar mais
espaço no mercado de crédito.
Pancini cita como exemplo o
crédito imobiliário, que, no caso do Bradesco, cresce, proporcionalmente, mais rapidamente fora das regiões Sul e Sudeste
do país.
De janeiro a novembro deste
ano, diz o executivo, o banco financiou a aquisição de 27.834
imóveis, crescimento de 154%
em relação ao mesmo período
de 2007. No Nordeste, o aumento foi de 307%, com empréstimos liberados para a
compra de 4.275 unidades.
"São locais onde havia uma
grande demanda reprimida,"
diz Pancini.
Procurada pela Folha, a Caixa Econômica Federal informou, por meio da assessoria de
imprensa, que o crédito distribuído pelo banco "está voltado
para o desenvolvimento regional para cada Estado da Federação" e que conta com iniciativas específicas para o Nordeste, Norte e Centro-Oeste, onde
oferece apoio a setores como o
de tecnologia, têxtil, madeira e
móveis, entre outros.
O Banco do Brasil informou
que não poderia dar informações até que termine definitivamente o processo de oferta
pública de suas ações na Bolsa
de Valores de São Paulo. A assessoria de imprensa do Itaú
não respondeu ao pedido de
entrevista da reportagem.
Base de comparação
Para Júlio Gomes de Almeida, consultor do Iedi (Instituto
de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) e ex-secretário do Ministério da Fazenda,
as taxas de crescimento do crédito em regiões como Norte e
Nordeste são mais altas, entre
outros motivos, devido à pequena base de comparação.
No Norte, por exemplo, o saldo de financiamentos em junho
passado era de R$ 10,1 bilhões,
valor pouco superior a 6% do
volume de recursos destinados
ao Sudeste.
Independentemente das diferenças regionais, porém, o
consultor do Iedi afirma que a
tendência para o crédito deve
continuar sendo de alta em
2008. "Por um lado, ainda devemos ter o impulso dado pela
redução da taxa Selic, que eu
gostaria que tivesse sido mais
forte, mas que já faz com que os
bancos reduzam suas operações com títulos públicos e
apliquem mais em novos financiamentos," afirma.
Além disso, ele diz que os
consumidores também estão
mais dispostos a contrair dívidas. "Houve um aumento nos
prazos, o que reduziu a prestação e chamou o consumidor ao
crédito, principalmente aquele
que tem carência de bens de valor mais alto, como automóveis
e eletrodomésticos."
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