|
Texto Anterior | Índice
CRIAÇÃO & CONSUMO
1999, o fim do alinhamento
FRANCESC PETIT
˛
Por iniciativa de algum político preocupado com o setor de
comunicação e propaganda, será levado ao Congresso um projeto de lei considerando o alinhamento de contas publicitárias internacionais com um protecionismo escandaloso e que
causa desastre para as agências
brasileiras, que perderam dezenas de clientes multinacionais,
que durante várias décadas estiveram plenamente satisfeitos
com o padrão de propaganda
das agências locais.
Diante de argumentos tão
contundentes, o Congresso vetará a prática do alinhamento. Assim, as agências estrangeiras terão que competir em pé de igualdade com as nacionais. O novo
procedimento daria às agências
multinacionais a prerrogativa
de terem somente um cliente
que já seja atendido pelo seu
grupo como justificativa de estar
instalado no Brasil.
Certamente esse novo panorama não deverá trazer nenhum
prejuízo às agências estrangeiras, pois as brasileiras não recebem nenhum benefício do país.
Até as contas do governo brasileiro estão em poder de agências
multinacionais, o que mostra
que isso se deve tão somente a
sua competência.
Essa será, de fato, a verdadeira
globalização. Empresas de todo
o mundo competindo e atuando
no mercado com absoluta liberdade, sem a mão forte do Tio
Sam apoiando as suas afilhadas
mundo afora. Também deve ser
incluída na nova regulamentação publicitária a importação
de campanhas, comerciais de
TV, anúncios etc.
Como importados, devem ser
taxados como qualquer produto
que entra no Brasil, como são os
carros, os artigos de luxo, numa
alíquota que gire em torno de
30% do valor da veiculação. Isso
inibiria a prática de nacionalizar campanhas estrangeiras e
prestigiaria o trabalho e os trabalhadores brasileiros, considerados de mesmo nível que os das
multinacionais.
Também os clientes estrangeiros radicados no Brasil vão ficar
mais aliviados do pesadelo de
serem obrigados a trabalhar
com agências nem sempre desejadas, impedindo uma maior integração social e profissional no
país.
Faço votos que uma de nossas
heroínas na Câmara dos Deputados, Rita Camata ou Marta
Suplicy, levante a bandeira em
favor do publicitário brasileiro,
que também é trabalhador.
˛
Francesc Petit, 64, publicitário, é sócio-diretor da DPZ Propaganda.
Texto Anterior | Índice
|