São Paulo, sábado, 2 de janeiro de 1999

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CRIAÇÃO & CONSUMO
1999, o fim do alinhamento

FRANCESC PETIT
˛ Por iniciativa de algum político preocupado com o setor de comunicação e propaganda, será levado ao Congresso um projeto de lei considerando o alinhamento de contas publicitárias internacionais com um protecionismo escandaloso e que causa desastre para as agências brasileiras, que perderam dezenas de clientes multinacionais, que durante várias décadas estiveram plenamente satisfeitos com o padrão de propaganda das agências locais.
Diante de argumentos tão contundentes, o Congresso vetará a prática do alinhamento. Assim, as agências estrangeiras terão que competir em pé de igualdade com as nacionais. O novo procedimento daria às agências multinacionais a prerrogativa de terem somente um cliente que já seja atendido pelo seu grupo como justificativa de estar instalado no Brasil.
Certamente esse novo panorama não deverá trazer nenhum prejuízo às agências estrangeiras, pois as brasileiras não recebem nenhum benefício do país. Até as contas do governo brasileiro estão em poder de agências multinacionais, o que mostra que isso se deve tão somente a sua competência.
Essa será, de fato, a verdadeira globalização. Empresas de todo o mundo competindo e atuando no mercado com absoluta liberdade, sem a mão forte do Tio Sam apoiando as suas afilhadas mundo afora. Também deve ser incluída na nova regulamentação publicitária a importação de campanhas, comerciais de TV, anúncios etc.
Como importados, devem ser taxados como qualquer produto que entra no Brasil, como são os carros, os artigos de luxo, numa alíquota que gire em torno de 30% do valor da veiculação. Isso inibiria a prática de nacionalizar campanhas estrangeiras e prestigiaria o trabalho e os trabalhadores brasileiros, considerados de mesmo nível que os das multinacionais.
Também os clientes estrangeiros radicados no Brasil vão ficar mais aliviados do pesadelo de serem obrigados a trabalhar com agências nem sempre desejadas, impedindo uma maior integração social e profissional no país.
Faço votos que uma de nossas heroínas na Câmara dos Deputados, Rita Camata ou Marta Suplicy, levante a bandeira em favor do publicitário brasileiro, que também é trabalhador.
˛


Francesc Petit, 64, publicitário, é sócio-diretor da DPZ Propaganda.



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