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Substituição acentua disputa entre Meirelles e Mantega
KENNEDY ALENCAR
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com a substituição de Afonso Bevilaqua por Mário Mesquita na diretoria de Política
Econômica do Banco Central,
abre-se agora um novo capítulo
da disputa entre o presidente
da instituição, Henrique Meirelles, e o ministro Guido Mantega (Fazenda).
Como Mesquita é um economista de perfil semelhante ao
de Bevilaqua (visto no Palácio
do Planalto e na Fazenda como
a voz mais influente que determinou o rigor monetário do
BC), Mantega gostaria de que o
presidente da República indicasse um economista com
idéias diferentes das de Bevilaqua e do próprio Mesquita.
Já Meirelles gostaria de acabar com a diretoria de Estudos
Especiais, criada em sua gestão.
Assim, evitaria a eventual entrada de um economista com
críticas à política monetária
que adotou no BC. Mesquita
substituiu Bevilaqua na diretoria de Política Econômica.
Nos bastidores, Lula tem demonstrado em conversas reservadas que gosta da idéia de
"arejar" as discussões do Copom (Comitê de Política Monetária). O próprio presidente
tem indagado por que seria
considerada uma intervenção
ou o fim da autonomia operacional do BC a indicação de um
diretor com pensamento diferente dos de Bevilaqua e Mesquita. Afinal, o Copom tem hoje
oito diretores. Como a taxa de
juros é decidida em votação,
apenas um diretor não teria poder para fixá-la. Seria, porém,
alguém a estimular uma visão
menos conservadora, na visão
de Lula e de Mantega.
Meirelles luta contra isso. O
presidente do BC avalia que a
política monetária foi acertada
e que as críticas seriam injustas. Argumenta em conversas
reservadas que a diretoria de
Estudos Especiais foi criada para ser temporária e que faria
sentido a sua extinção.
Afinados com o BC, alguns
integrantes do governo dizem
que Lula já fez uma concessão a
Mantega ao indicar o economista Paulo Nogueira Batista
Jr. para a representação do
Brasil no FMI (Fundo Monetário Internacional). Batista Jr. é
um dos críticos mais duros da
política econômica.
Por esse raciocínio, Meirelles
deveria, então, ser contemplado agora. E a diretoria de Estudos Especiais seria extinta.
Auxiliares e ministros dizem
que o presidente arbitrará em
breve esse novo capítulo da disputa Mantega x Meirelles. O
ministro da Fazenda tem até
um perfil ideal para uma diretoria do BC, o do presidente do
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social), Demian Fiocca. Mantega já quis indicá-lo para o BC,
mas Meirelles o vetou com
apoio do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho.
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