São Paulo, sexta-feira, 02 de março de 2007

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Lula convida Serra para debater economia

Presidente quer ouvir de governador tucano, crítico da política econômica, sugestões a respeito dos juros e do câmbio

Previsão é que encontro ocorra hoje; Lula quer apoio de Serra ao PAC, e tucano deseja contrapartidas administrativas


KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), para uma conversa sobre economia. Quer ouvir de Serra, economista que considera a política macroeconômica "equivocada", quais são suas críticas e sugestões a respeito dos juros e do câmbio.
O encontro estava previsto para anteontem em Brasília, mas Lula estava em viagem a Pernambuco. A conversa foi remarcada para hoje de manhã. Havia ainda possibilidade de que ocorresse ontem à noite.
Outros assuntos estarão na pauta da conversa. Na próxima terça, Lula se reunirá com os 27 governadores para discutir o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), reformas política e tributária, segurança pública e programas para a juventude (geração de emprego).
Como o oposicionista Serra dirige o Estado mais poderoso, um encontro anterior à reunião dos governadores é uma sinalização de respeito do presidente. Lula deseja o apoio de Serra ao PAC e avalia que o tucano, potencial candidato à Presidência em 2010, poderá dar sugestões na economia. Já Serra tem interesse em contrapartidas administrativas.
Lula foi aconselhado por economistas a conversar com o governador. Luiz Gonzaga Belluzzo foi um dos que fizeram a sugestão ao presidente, argumentando que Serra tinha críticas pertinentes à atuação do BC.
O governador de São Paulo tem feito reparos duros ao BC. Anteontem, ao comentar o fraco desempenho do PIB em 2006, que teve crescimento de apenas 2,9%, Serra disse: "Não acho que o problema do BC seja conservadorismo. É ignorância econômica. É até uma injustiça com os conservadores".
Para Serra, o problema está "na questão juros-câmbio, basicamente". Na opinião do tucano, o BC comete um "erro" na política monetária, por não reduzir mais rapidamente e em maior grau a taxa de juros. Esse "erro" causaria efeito negativo no câmbio, valorizando o real em demasia -o que prejudicaria as exportações.
Lula tem demonstrado preocupação em descobrir como acelerar o PIB. No seu primeiro mandato, a economia teve crescimento médio de 2,6% ao ano. Os 2,9% de 2006 decepcionaram Lula e reavivaram nos bastidores dúvidas sobre a correção da política econômica, apesar do discurso de que a considera acertada.
O próprio presidente havia feito previsões no início de 2006 de que seria possível crescer 5%. Lula teme que a previsão de crescimento de 4,5% em 2007 talvez não se concretize.
O presidente tem cobrado dos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Henrique Meirelles (presidente do BC) medidas que rompam o ciclo de crescimento medíocre dos últimos anos. Lula, por exemplo, gostaria de colocar no BC um economista com perfil diferente da diretoria atual, tida por ele como conservadora em excesso. Ontem, Afonso Bevilaqua (Política Econômica), tido como conservador, deixou o cargo, e foi substituído por Mario Mesquita, que, por enquanto, acumulará duas diretorias do BC.


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