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Lula convida Serra para debater economia
Presidente quer ouvir de governador tucano, crítico da política econômica, sugestões a respeito dos juros e do câmbio
Previsão é que encontro ocorra hoje; Lula quer apoio
de Serra ao PAC, e tucano deseja contrapartidas
administrativas
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou o governador de São Paulo, José Serra
(PSDB), para uma conversa sobre economia. Quer ouvir de
Serra, economista que considera a política macroeconômica
"equivocada", quais são suas
críticas e sugestões a respeito
dos juros e do câmbio.
O encontro estava previsto
para anteontem em Brasília,
mas Lula estava em viagem a
Pernambuco. A conversa foi remarcada para hoje de manhã.
Havia ainda possibilidade de
que ocorresse ontem à noite.
Outros assuntos estarão na
pauta da conversa. Na próxima
terça, Lula se reunirá com os 27
governadores para discutir o
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento), reformas política e tributária, segurança
pública e programas para a juventude (geração de emprego).
Como o oposicionista Serra
dirige o Estado mais poderoso,
um encontro anterior à reunião
dos governadores é uma sinalização de respeito do presidente. Lula deseja o apoio de Serra
ao PAC e avalia que o tucano,
potencial candidato à Presidência em 2010, poderá dar sugestões na economia. Já Serra
tem interesse em contrapartidas administrativas.
Lula foi aconselhado por economistas a conversar com o governador. Luiz Gonzaga Belluzzo foi um dos que fizeram a sugestão ao presidente, argumentando que Serra tinha críticas
pertinentes à atuação do BC.
O governador de São Paulo
tem feito reparos duros ao BC.
Anteontem, ao comentar o fraco desempenho do PIB em
2006, que teve crescimento de
apenas 2,9%, Serra disse: "Não
acho que o problema do BC seja
conservadorismo. É ignorância
econômica. É até uma injustiça
com os conservadores".
Para Serra, o problema está
"na questão juros-câmbio, basicamente". Na opinião do tucano, o BC comete um "erro"
na política monetária, por não
reduzir mais rapidamente e em
maior grau a taxa de juros. Esse
"erro" causaria efeito negativo
no câmbio, valorizando o real
em demasia -o que prejudicaria as exportações.
Lula tem demonstrado preocupação em descobrir como
acelerar o PIB. No seu primeiro
mandato, a economia teve crescimento médio de 2,6% ao ano.
Os 2,9% de 2006 decepcionaram Lula e reavivaram nos bastidores dúvidas sobre a correção da política econômica, apesar do discurso de que a considera acertada.
O próprio presidente havia
feito previsões no início de
2006 de que seria possível crescer 5%. Lula teme que a previsão de crescimento de 4,5% em
2007 talvez não se concretize.
O presidente tem cobrado
dos ministros Guido Mantega
(Fazenda) e Henrique Meirelles (presidente do BC) medidas que rompam o ciclo de crescimento medíocre dos últimos
anos. Lula, por exemplo, gostaria de colocar no BC um economista com perfil diferente da
diretoria atual, tida por ele como conservadora em excesso.
Ontem, Afonso Bevilaqua (Política Econômica), tido como
conservador, deixou o cargo, e
foi substituído por Mario Mesquita, que, por enquanto, acumulará duas diretorias do BC.
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