São Paulo, sexta-feira, 02 de março de 2007

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Economia mantém ritmo do final de 2006

Em janeiro, crescem produção de carros e de embalagens, consumo de energia e atividade da indústria

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A economia brasileira mantém neste início de ano o ritmo de crescimento do final do ano passado, considerado moderado, na avaliação de economistas e de representantes da indústria e do comércio.
Em janeiro, cresceram a produção de carros e de embalagens, o consumo de energia elétrica, a arrecadação de IPI, o fluxo de veículos nas estradas e o ritmo de atividade da indústria paulista, tanto na comparação com janeiro quanto com dezembro do ano passado.
O crescimento da massa real de salários, de 6,7%, em média, em 2006, a expansão do crédito, o alongamento de prazos de financiamento e a formalização de empregos puxaram o crescimento do país no ano passado e também neste início de ano.
"O país está, sim, em fase de crescimento, que não é grande. É puxado por setores que têm apoio do crédito no mercado interno e de preços de commodities no mercado externo", diz Claudio Vaz, presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).
Em janeiro, a produção de veículos cresceu 4,2%, e a de papelão para embalagens, 1,1%, na comparação com igual mês de 2006. O consumo de energia subiu 3,1%, a arrecadação de IPI, 5,8%, e o fluxo de veículos nas estradas, 4,5%, no período.
O INA (Indicador de Nível de Atividade) da indústria paulista subiu 4,2% em janeiro na comparação com igual mês do ano passado e 0,8% (desconsiderando efeitos sazonais) em relação a dezembro de 2006.
"A indústria paulista entra em 2007 no mesmo ritmo do final do ano passado. O crescimento de 4,2% do INA em janeiro é pontual. Se olharmos o acumulado de 12 meses, que mostra tendência, vemos que a indústria mantém moderado ritmo de crescimento desde setembro de 2006", afirma Paulo Francini, diretor do Depecon (Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos) da Fiesp.
Os pedidos para as indústrias de embalagens, consideradas termômetro da economia, são, neste início de ano, "um pouco" superiores aos do mesmo período de 2006, afirma Luciana Pellegrino diretora-executiva da Abre, associação de fabricantes de embalagens.
Em 2006, a indústria de embalagem produziu o mesmo volume que em 2005. Para 2007, a Abre prevê crescimento de produção em torno de 2%. "A produção de embalagens está muito ligada aos setores de não-duráveis, como de alimentos. Com o aumento da massa salarial, o consumo desses produtos tende a subir e a puxar o setor de embalagens", diz.
Nos cálculos de Sérgio Vale, economista da MB Associados, a produção industrial deve crescer 3,4% em janeiro deste ano na comparação com igual mês de 2006 e cair 1,2% em relação a dezembro de 2006.
"Isso quer dizer que a indústria começa o ano com ritmo moderado. As vendas no final do ano passado foram mais fracas do que se previa e, portanto, a indústria começou o ano mais estocada do que esperava."
Para economistas da Fecomercio e da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), as vendas estão em ritmo morno.
No primeiro bimestre deste ano, as consultas ao SPC, indicador das vendas a prazo, subiram 4,8% na comparação com igual período de 2006. As consultas ao Usecheque, termômetro das vendas à vista, cresceram 2,3%, no período. "O consumo está morno. As vendas à vista estão mais fracas, o que sugere que o consumidor não está com tanta renda disponível para gastar", diz Emílio Alfieri, economista da ACSP.
Os economistas já estão preocupados com a alta da inadimplência. "Se o consumidor não for mais moderado na tomada de crédito e as financeiras, mais prudentes, o país pode vir a ter problemas em meados do ano", diz Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.
Em janeiro, a inadimplência nas operações de crédito pessoal chegou a representar 28% dos empréstimos concedidos pelo sistema financeiro, excluindo o crédito consignado, segundo levantamento feito pelo Banco Central.
"A inadimplência continua subindo, mas não é nada alarmante", diz Alfieri. Em janeiro, ela correspondia a 5,6% dos empréstimos concedidos. Em fevereiro, esse percentual pulou para 6,3%. A inadimplência já passou de 10% em 1998.


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