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Investimentos do governo sobem 36% no início do ano
Apesar do crescimento no 1º bimestre, ritmo ainda está abaixo do previsto no PAC
Planalto investe R$ 1,552 bi em janeiro e em fevereiro, segundo ONG; Ministério dos Transportes lidera,
com gasto de R$ 453 mi
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo Luiz Inácio Lula
da Silva acelerou os investimentos no primeiro bimestre
do ano, mas em ritmo ainda
bem abaixo do previsto em seu
programa para estimular o
crescimento econômico -o
PAC.
Em janeiro e fevereiro, os investimentos -obras e outras
despesas destinadas a ampliar a
capacidade produtiva do país-
somaram R$ 1,552 bilhão, um
crescimento de 35,6% em relação ao mesmo período do ano
passado, segundo levantamento feito pela ONG Contas Abertas, especializada em acompanhamento da execução orçamentária.
A taxa é pequena diante das
metas do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento),
lançado neste ano como resposta política às taxas modestas de expansão do Produto Interno Bruto. O pacote elevou a
estimativa de investimentos
para cerca de R$ 25 bilhões
neste ano, 64% acima dos R$
15,2 bilhões do ano passado.
Os dados mostram que, até
agora, o impulso mais forte do
investimento no governo Lula
ocorreu no ano eleitoral de
2006, quando foi tomada a decisão de afrouxar a política fiscal -abandonando-se a prática
de promover superávits primários (a parcela da arrecadação
destinada ao abatimento da dívida pública) superiores às metas oficiais.
No primeiro bimestre do ano
passado, os investimentos tiveram aumento de 77,9%. A taxa
acumulada no final de dezembro ficou em 48%.
A taxa excepcionalmente elevada do início do ano pode ser
explicada, porém, pelo calendário eleitoral, porque a lei restringe obras nos meses mais
próximos da eleição.
Infra-estrutura
No bimestre passado, o Ministério dos Transportes liderou, como de hábito, a lista dos
principais investidores, com
gasto de R$ 453 milhões -metade dos quais na manutenção
de rodovias. O setor de infra-estrutura é o principal foco do
PAC.
A Saúde, segunda na lista,
gastou R$ 275,9 milhões, mas
seus investimentos não têm
impacto direto no crescimento
econômico: são iniciativas como a construção de hospitais
ou as hoje célebres compras de
ambulâncias.
Com investimentos de R$
161,7 milhões, o Ministério da
Defesa destinou boa parte dos
recursos a programas de proteção do tráfego aéreo e infra-estrutura aeroportuária, em uma
provável resposta à crise do setor.
A grande maioria dos gastos
realizados até agora não consta
da lei orçamentária deste ano:
são programas de Orçamentos
anteriores cujos recursos estavam liberados desde o ano passado -no jargão tecnocrático,
são os "restos a pagar".
Essa rubrica responde, por
exemplo, por todos os investimentos em transportes, turismo e comunicações feitos até
agora. Trata-se de um sinal de
que a maioria dos gastos ainda
não corresponde às prioridades
definidas no PAC, ainda que já
esteja em curso a diretriz de
ampliar as obras.
Principais vítimas do ajuste
fiscal em curso há oito anos, os
investimentos representam
uma parcela pequena do Orçamento da União, cujas despesas
totais estão na casa dos R$ 450
bilhões em 2007.
Metas
Em razão do crescimento dos
gastos obrigatórios, em especial com pessoal e benefícios
previdenciários, os investimentos com recursos orçamentários, que chegavam a 2%
do PIB nos anos 70, caíram para níveis abaixo de 0,5% do produto na primeira metade do governo Lula. Com o PAC, espera-se atingir o patamar de 1,1%.
Mesmo que a meta seja atingida, é pouco diante das necessidades do país. Para a maioria
dos especialistas, a taxa de investimento total do país -público e privado- deve saltar dos
cerca de 20% atuais para 25%
do PIB.
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