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Falta de mão-de-obra e violência afetam turismo
Em ranking com 124 países, Brasil é apenas o 59º
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
A falta de mão-de-obra qualificada e os problemas de segurança sobrepuseram-se às belezas naturais e deixaram o Brasil
na 59ª posição, entre 124 países, no primeiro Relatório de
Competitividade em Viagens e
Turismo, divulgado ontem pelo
Fórum Econômico Mundial.
O ranking, que tem Suíça,
Áustria e Alemanha nas primeiras posições, classifica os
países segundo o grau de incentivo que apresentam para o desenvolvimento de negócios no
setor turístico. Para isso, leva
em consideração políticas governamentais voltadas à indústria do turismo e fatores como
segurança, saúde, mão-de-obra
e recursos naturais e culturais.
O Brasil se sai razoavelmente
bem na infra-estrutura turística e de transporte aéreo (28º
lugar), mas é prejudicado pela
baixa disponibilidade de mão-de-obra qualificada (106º), pela
insegurança (90º) e pela falta
de competitividade nos preços
ligados ao turismo (80º).
O Fórum Econômico estima
que a economia do turismo no
Brasil tenha representado 6,7%
do PIB em 2006 -mais de US$
60 bilhões (R$ 127 bilhões)- e
prevê crescimento anual de
3,8% para o setor, até 2016.
"As políticas [do governo
brasileiro] não são particularmente favoráveis ao desenvolvimento do setor, como se nota
pelas restrições às aquisições
feitas por estrangeiros e pelas
exigências estritas para a obtenção de vistos", explica o Fórum em nota oficial.
Em teleconferência da qual a
Folha participou, Jennifer
Blanke, economista-sênior da
rede de competitividade global
do Fórum, explicou que a combinação de "pontos positivos e
fraquezas" deu ao Brasil sua
posição "medíocre" no ranking.
"O país se beneficia dos recursos naturais e culturais, mas
tem uma rede de transporte
terrestre subdesenvolvida e
problemas de segurança."
A economista também destacou a falta de competitividade
nos preços, como "as altas taxas
cobradas nos aeroportos".
A fraca posição brasileira no
ranking geral, que é liderado
pela Europa e por alguns países
asiáticos, além dos Estados
Unidos e da Oceania, é refletida
no desempenho dos vizinhos
sul-americanos.
O Chile (45º) é o mais bem
colocado, graças principalmente à legislação favorável ao mercado de turismo, diz Blanke.
Todos os demais estão abaixo
do Brasil: a Argentina é o 64º, e
a Colômbia, o 72º. Os demais
sul-americanos já se misturam
ao bloco da África, o pior da lista: a Bolívia é o 109º, e o Paraguai, o 111º -os últimos são Angola, Burundi e Chade.
Começando agora
Para a presidente da Embratur, Janine Pires, o fato de o
Brasil aparecer em 59º lugar
não quer dizer que o país está
no caminho errado. "O Brasil
apenas começou a ser um grande competidor mundial", disse.
Segundo Pires, a Embratur
trabalha com os índices da Organização Mundial de Turismo, em que o país aparece na
36ª posição. "A OMT mostra
que o mundo cresceu 5% na
área do turismo, enquanto o
Brasil cresceu três vezes mais."
Colaborou FELIPE SELIGMAN, da Sucursal de Brasília
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