São Paulo, Terça-feira, 02 de Março de 1999
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APERTO
Diretor do FMI pede o apoio de banqueiros internacionais ao programa de ajuste do Brasil
Camdessus defende política monetária "boa e sólida" no país

ISABEL VERSIANI
enviada especial a Washington

O diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Michel Camdessus, defendeu ontem que o Brasil adote uma política monetária "boa e sólida" e encorajou banqueiros internacionais a apoiar o programa de ajuste brasileiro.
Ele afirmou que os detalhes completos do novo acordo acertado entre o governo e a instituição só serão anunciados em meados de março.
Até o final desta semana, segundo a Folha apurou, serão divulgadas as linhas gerais do acordo: as metas principais a ser cumpridas pelo Brasil para receber a ajuda internacional de US$ 41,5 bilhões.
Camdessus disse que a divulgação completa do acordo será feita por ocasião da reunião anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento, que ocorrerá nos próximos dias 15, 16 e 17.
Ao participar da conferência anual do IIB (Instituto de Banqueiros Internacionais), Camdessus disse que o novo presidente do Banco Central, Armínio Fraga, estaria determinado a aplicar uma política monetária sólida para conter os níveis de inflação.
"Essa é a única política monetária compatível com uma rápida e sustentável redução dos juros."
O diretor-gerente do Fundo voltou a afirmar que o mercado internacional pode esperar, para os próximos dias, "notícias boas" sobre o Brasil.
Os dados econômicos contidos no acordo original, fechado quando o câmbio no Brasil ainda era operado no sistema de bandas, estão sendo revistos dentro do novo cenário de dólar flutuante. Uma equipe brasileira está em Washington trabalhando nessa revisão desde o último dia 15.
Camdessus disse que tem estado em contato próximo com o presidente Fernando Henrique. "Ele está determinado a superar a crise."
Dirigindo-se à platéia do seminário, Camdessus afirmou que os banqueiros internacionais ficarão "felizes" em apoiar o programa econômico brasileiro.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e chefe da missão do governo que está em Washington, Amaury Bier, seria um dos palestrantes na conferência do IIB ontem.
Bier, que falaria sobre os esforços para restaurar a estabilidade financeira no Brasil, cancelou sua participação na semana passada.
O secretário-assistente de Relações Internacionais do Tesouro Americano, Edwin Truman, que também participou do seminário, disse que a situação do Brasil exige "paciência, perseverança e perspectiva".


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