São Paulo, domingo, 02 de abril de 2006

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MERCADO ABERTO

Ciclo de expansão é o maior em 15 anos

O atual ciclo de crescimento do PIB, iniciado no segundo semestre de 2003, já é o mais longo dos últimos 15 anos e pode se tornar o mais extenso em 25 anos até meados de 2007. A avaliação é da equipe econômica do Credit Suisse no Brasil.
A fase vigente de crescimento já chega a dez trimestres de duração, extensão alcançada pela última vez entre o final de 1992 e o início de 1995. Para datar os ciclos de expansão, o banco definiu "recessão" como dois trimestres seguidos de queda do PIB.
Em comparação com ciclos anteriores mais recentes, o atual tem características que o diferenciam, aponta o Credit Suisse. Em relação ao de 1992-95, por exemplo, a fase vigente apresenta crescimento mais moderado e pouco disseminado entre os setores industriais, além de uma inflação trimestral muito mais baixa.
A difusão da expansão entre setores da indústria tem sido de 58,1% no atual ciclo de crescimento, abaixo, portanto, dos 61,6% registrados no período entre 1992-95. Na mesma comparação, a inflação média trimestral (medida pelo IPCA) tem sido atualmente de 1,4%, contra 78,6% na década passada.
O banco avalia ainda que começa a se desenhar uma mudança no "motor" do crescimento do atual ciclo. Se as exportações e, em seguida, a formação bruta de capital fixo (investimento) impulsionaram a expansão desde 2003, agora será a vez de a demanda doméstica servir como alavanca para a economia.
Esse cenário já pôde ser visto na segunda metade do atual ciclo: o ritmo de alta das exportações foi de 12,8%, ante 21,1% nos cinco semestres iniciais. Nessa comparação, a variação do investimento passou de 21% para uma queda de 1,2%, enquanto o consumo das famílias "sofreu" menos e caiu de 5,9% para 4,1%.

BRASIL SIMPLES
A Fecomercio SP apresenta amanhã o estudo "Simplificando o Brasil", da Fipe, que faz um diagnóstico do país e apresenta soluções para negócios. Segundo a entidade, o estudo mostra que a reforma tributária sem corte de gastos foi um erro. Ela diz que a reformulação do sistema de impostos só seria eficaz se realizada de cinco a oito anos após um choque de gestão na administração e da reforma da Previdência. As sugestões serão entregues aos "presidenciáveis" pelo presidente da entidade, Abram Szajman.

LIGAÇÃO DIRETA
A pouco mais de dois meses da Copa do Mundo, o volume de chamadas para a Alemanha já aumentou 26%. Com base no índice, a Telefônica lançou um plano para intensificar o monitoramento do tráfego de voz e IP e reforçar a equipe de plantonistas em seu Centro de Operação de Supervisão. Na Copa de 2002 (Coréia do Sul e Japão), no dia da final entre Brasil e Alemanha, o volume de chamadas chegou a crescer 13 vezes em comparação aos fins de semana sem jogos, com picos ao fim da partida.

EMBARGO NA PAUTA
O governo brasileiro enviou um documento à Embaixada da Rússia para servir como pauta das reuniões desta semana, durante a visita ao país do primeiro-ministro russo, Mikhail Fradkov. Com o título "Abertura do Mercado de Exportações de Carne", o texto enviado pelo Ministério do Desenvolvimento busca convencer os russos a anunciar o fim do embargo às compras de carne brasileira, suspensas desde a descoberta de focos de febre aftosa, no fim de 2005. O principal argumento do relatório são os mercados para os quais o país ainda exporta, tanto carne de frango (91 países) como bovina (70 países) e suína (32 países).

Hotel devolve luxo ao Guarujá

Caminham rapidamente as obras do Sofitel Jequitimar, empreendimento misto, com hotel e "long stay"-casas com serviço hoteleiro-, do grupo Silvio Santos em parceria com a rede francesa Accor na praia de Pernambuco. Segundo os empreendedores, a construção promete devolver o luxo à praia do Guarujá até dezembro deste ano, quando começa a operação.
Com investimentos de R$ 150 milhões (sendo R$ 40 milhões financiados pelo BNDES), a obra deve levar turistas da classe alta a seu spa de beleza e relaxamento.
"A praia será o que foi nos anos 40, sofisticada, na moda, um local onde as pessoas gostam de ver e serem vistas", diz Paulo Salvador, diretor de marketing e vendas da Accor Brasil e América do Sul.
O hotel, que já tem 70% da construção concluída, é formado por 305 unidades, com até 160 m2 de área. Das 36 casas do condomínio, apenas três não foram vendidas -estão em reserva técnica. Custam cerca de R$ 1 milhão.

Para Zegna, "país tem lojas incríveis"

Em breve visita a São Paulo, o empresário italiano Paolo Zegna, que preside a marca de luxo italiana Ermenegildo Zegna e o Sistema di Moda Italia (federação do setor do país), falou sobre o mercado de luxo brasileiro e deu uma receita para a elegância. Leia trechos a seguir.

Folha - Como o sr. avalia o mercado brasileiro?
Paolo Zegna -
Nós acreditamos que o Brasil será um dos principais "players" na América Latina e mesmo em comparação a outros continentes em poucos anos.

Folha - E o mercado de luxo?
Zegna -
O mercado brasileiro é feito de pessoas que gostam de coisas bonitas, de qualidade. Quanto mais dinheiro tiverem, mais espaço terá para a alta moda e o luxo.

Folha - O sr. vê isso acontecer aqui no Brasil?
Zegna -
Sim, definitivamente. A realidade comercial do país é a da abertura rápida de lojas incríveis e luxuosas que não existiam há dez anos.

Folha - A Ermenegildo tem negócios com a Daslu...
Zegna -
Eles estão comprando nossas roupas.

Folha - Ouviu falar dos problemas que a loja enfrentou?
Zegna -
Sim, ouvi. Eu acredito que eles vão encontrar uma solução para o problema. É algo que a família Daslu tem de superar. E conseguirão. Eles são boas pessoas, muito bons negociantes.

Folha - O sr. nunca teve problemas com a Daslu?
Zegna -
Não. Nós sentimos muito pelo que eles estão passando, mas confiamos que sairão dessa em breve.

Folha - O sr. tem informações sobre produtos pirata?
Zegna -
Não especificamente no seu país. Nós temos um escritório especializado em propriedade intelectual.

Folha - Qual é a receita do homem elegante?
Zegna -
Você pode ser elegante de diferentes maneiras. Gosto de pensar que a elegância é a interpretação da personalidade.

Folha - A elegância não está ligada a roupas caras?
Zegna -
As pessoas que só compram sob influência de anúncios e acreditam que têm que seguir tendências raramente são elegantes.

DESEQUILÍBRIO MENOR
A presença feminina em cargos de comando no Brasil chegou a crescer mais de 100% em determinadas funções na última década, revela pesquisa recém-concluída por Thomas A. Case. O levantamento, a partir de uma base de dados com 134 mil empresas e 409 mil executivos no país, mostrou que o aumento da participação feminina foi generalizado. Em cargos de coordenador(a), a presença saltou de 27,4% no biênio 1994/95 para 50% em 2005/06. No caso de presidentes e CEOs, a participação de mulheres passou de 8,1% para 20,2% nos mesmos períodos de comparação, ou seja, um crescimento de 149%.


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