|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para Bernanke, fatores externos
explicam contas negativas dos EUA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ben Bernanke, presidente do
Fed (o banco central norte-americano), tem em comum com os
teóricos do "Bretton Woods 2" o
fato de explicar o déficit em conta
corrente dos Estados Unidos por
movimentos fora das fronteiras
do país.
Em sua opinião, o crescente endividamento norte-americano
tem origem no excesso de poupança no resto do mundo, ou "saving glut" em inglês.
"Por que os Estados Unidos,
com a maior economia do mundo, estão se endividando pesadamente no mercado internacional
de capitais em vez de conceder
empréstimos, o que pareceria
mais natural?", perguntou Bernanke em discurso que proferiu
em abril de 2005, antes de ser nomeado para o Fed.
A resposta, para ele, está no excesso de poupança, que inverteu a
clássica trajetória de capital dos
países desenvolvidos para os em
desenvolvimento. Nos últimos
anos, a periferia passou a financiar investimentos na nação mais
rica do mundo, quando a lógica
seria o caminho oposto.
"Se a poupança de um país é superior a seus investimentos em
um determinado período, a diferença representa um excesso de
poupança, que pode ser emprestada no mercado de capitais internacional. Da mesma forma, se um
país poupa menos do que precisa
para financiar seu investimento
doméstico, ele fecha a conta tomando dinheiro emprestado no
exterior", observou.
A liberalização do fluxo de capitais e o desenvolvimento do mercado internacional de capitais
possibilitaram esse arranjo. Mas
ele não existiria sem a sobra de
poupança, especialmente nos países em desenvolvimento, que passaram a ter grandes superávits em
conta corrente nos últimos anos.
A concordância de Bernanke
com o grupo de "Bretton Woods
2" pára aí. O presidente do Fed
acredita que esse desequilíbrio
não é sustentável e pode provocar
distorções indesejadas.
Para os países em desenvolvimento, diz, não é razoável continuar a transferir poupança para a
maior potência do mundo.
Nos Estados Unidos, o efeito negativo é a redução de investimentos nos setores industriais exportadores e a elevação dos realizados em serviços e construção.
"Para pagar os credores estrangeiros, o que terá de fazer algum
dia, os Estados Unidos vão precisar de grandes e saudáveis empresas exportadoras", afirmou.
Mas ele acredita que o atual cenário mudará lentamente. "Nós
provavelmente temos poucas escolhas além de ser pacientes",
afirmou Bernanke.
(CT)
Texto Anterior: Encruzilhada: Déficit americano divide analistas e dita rumo global Próximo Texto: Previdência: Começa amanhã a 2ª etapa do censo do INSS Índice
|