São Paulo, domingo, 02 de abril de 2006

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DINHEIRO

Contrapartida oferecida pela companhia aérea é corte de custos, com a demissão de até 2.500 funcionários

Varig pede quatro meses para pagar credor

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em delicada situação financeira e sem honrar pagamentos, a Varig pediu na última sexta-feira um fôlego de quatro meses aos seus principais credores e fornecedores: o fundo de pensão Aerus, a BR Distribuidora, a Infraero e os arrendadores de aviões. Os credores avaliarão a proposta da empresa, e uma nova reunião será marcada para esta semana.
Segundo o presidente da companhia aérea, Marcelo Bottini, a contrapartida oferecida foi que a empresa, por seu lado, trabalhará para reduzir custos, com a possibilidade de redução de salários dos trabalhadores e a demissão de 1.000 a 2.500 funcionários. "Isso já está sendo negociado com os sindicatos há algum tempo."
Para convencer os credores a encarar uma interrupção dos pagamentos por 120 dias, o argumento usado foi que isso estava previsto no plano de recuperação judicial aprovado pelos credores em assembléia no dia 23 de fevereiro.
"Há uma série de providências, como constituição dos FIPs [Fundos de Investimento e Participação], nomeação de gestor, nomeação do administração dos FIPs, registro na CVM, que demandam praticamente quatro meses para implementação. Isso tem que ser feito durante um período de sazonalidade negativa para as companhias aéreas, de baixa temporada. A Varig necessita de um adicional de fluxo de caixa nesse período."
A Varig vem sendo assessorada no seu processo de recuperação, desde o mês passado, pela consultoria Alvarez & Marsal, que foi quem conduziu a reunião com os credores e fornecedores.
De acordo com ele, não seriam necessariamente todos os pagamentos que seriam postergados. "Isso vai ser negociado. A Varig é igual à figura de um banco, que, para ficar em pé, precisa de três pernas. O objetivo é chegar a esse equilíbrio", afirmou.
Segundo o plano aprovado em assembléia, os credores trocarão créditos por participações em FIPs (Fundos de Investimento e Participações). O modelo prevê a criação de um FIP-Controle, com aporte de todas as ações das empresas em recuperação judicial, Varig, Rio Sul e Nordeste.
O administrador desse FIP controlador já foi escolhido: é o banco Brascan. A escolha do gestor do fundo foi adiada para o próximo dia 5. Esse tipo de adiamento no processo de reestruturação da companhia aérea é um dos argumentos apontados para que os credores concordem em dar um fôlego à aérea.

Aerus e Infraero
Segundo Bottini, a aérea acordou com o fundo de pensão Aerus em pagar a parcela do mês passado, que não foi honrada, no próximo dia 9 de maio. "Essa é a idéia das negociações com os credores. Em vez de pagarmos a parcela, usamos esse dinheiro para outra coisa e tudo volta à normalidade depois da implementação dos primeiros passos do plano de recuperação, como a instituição dos FIPs e escolha do gestor, entre outros pontos", afirmou.
O executivo também declarou que o pagamento de tarifas aeroportuárias à Infraero entraria na negociação. Em reunião na sexta-feira com a estatal em Brasília, a Varig se comprometeu a retomar os pagamentos diários à estatal a partir de amanhã. A companhia aérea deve cerca de R$ 116 milhões em tarifas à Infraero pelo período em que o pagamento foi suspenso devido a uma liminar concedida pela Justiça.


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