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DINHEIRO
Contrapartida oferecida pela companhia aérea é corte de custos, com a demissão de até 2.500 funcionários
Varig pede quatro meses para pagar credor
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em delicada situação financeira
e sem honrar pagamentos, a Varig pediu na última sexta-feira um
fôlego de quatro meses aos seus
principais credores e fornecedores: o fundo de pensão Aerus, a
BR Distribuidora, a Infraero e os
arrendadores de aviões. Os credores avaliarão a proposta da empresa, e uma nova reunião será
marcada para esta semana.
Segundo o presidente da companhia aérea, Marcelo Bottini, a
contrapartida oferecida foi que a
empresa, por seu lado, trabalhará
para reduzir custos, com a possibilidade de redução de salários
dos trabalhadores e a demissão de
1.000 a 2.500 funcionários. "Isso já
está sendo negociado com os sindicatos há algum tempo."
Para convencer os credores a
encarar uma interrupção dos pagamentos por 120 dias, o argumento usado foi que isso estava
previsto no plano de recuperação
judicial aprovado pelos credores
em assembléia no dia 23 de fevereiro.
"Há uma série de providências,
como constituição dos FIPs [Fundos de Investimento e Participação], nomeação de gestor, nomeação do administração dos
FIPs, registro na CVM, que demandam praticamente quatro
meses para implementação. Isso
tem que ser feito durante um período de sazonalidade negativa
para as companhias aéreas, de
baixa temporada. A Varig necessita de um adicional de fluxo de
caixa nesse período."
A Varig vem sendo assessorada
no seu processo de recuperação,
desde o mês passado, pela consultoria Alvarez & Marsal, que foi
quem conduziu a reunião com os
credores e fornecedores.
De acordo com ele, não seriam
necessariamente todos os pagamentos que seriam postergados.
"Isso vai ser negociado. A Varig é
igual à figura de um banco, que,
para ficar em pé, precisa de três
pernas. O objetivo é chegar a esse
equilíbrio", afirmou.
Segundo o plano aprovado em
assembléia, os credores trocarão
créditos por participações em
FIPs (Fundos de Investimento e
Participações). O modelo prevê a
criação de um FIP-Controle, com
aporte de todas as ações das empresas em recuperação judicial,
Varig, Rio Sul e Nordeste.
O administrador desse FIP controlador já foi escolhido: é o banco
Brascan. A escolha do gestor do
fundo foi adiada para o próximo
dia 5. Esse tipo de adiamento no
processo de reestruturação da
companhia aérea é um dos argumentos apontados para que os
credores concordem em dar um
fôlego à aérea.
Aerus e Infraero
Segundo Bottini, a aérea acordou com o fundo de pensão Aerus
em pagar a parcela do mês passado, que não foi honrada, no próximo dia 9 de maio. "Essa é a idéia
das negociações com os credores.
Em vez de pagarmos a parcela,
usamos esse dinheiro para outra
coisa e tudo volta à normalidade
depois da implementação dos
primeiros passos do plano de recuperação, como a instituição dos
FIPs e escolha do gestor, entre outros pontos", afirmou.
O executivo também declarou
que o pagamento de tarifas aeroportuárias à Infraero entraria na
negociação. Em reunião na sexta-feira com a estatal em Brasília, a
Varig se comprometeu a retomar
os pagamentos diários à estatal a
partir de amanhã. A companhia
aérea deve cerca de R$ 116 milhões em tarifas à Infraero pelo
período em que o pagamento foi
suspenso devido a uma liminar
concedida pela Justiça.
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