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Indústria reduz ritmo, mas ainda cresce 9,7% ante 2007
Consultoria aponta influência de crescimento menor do crédito e da renda
Ante o mesmo período de 2007, produção tem o 20º mês de alta, com destaque para bens de capital; para IBGE, setor segue aquecido
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Após subir com força em janeiro (alta de 1,7%), a produção
da indústria perdeu fôlego e
caiu 0,5% em fevereiro na taxa
livre de influências sazonais,
segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Nas comparações com
2007, a indústria ainda se mostra bastante aquecida. A expansão foi de 9,7% ante fevereiro
de 2007 -a 20ª seguida.
Sob impacto da interrupção
da queda dos juros, do crescimento um pouco menor do crédito e da massa salarial, a indústria se desacelerou e deve
manter a tendência no restante
de 2008, avalia a economista
Marcela Prada, da Tendências.
Não quer dizer, porém, que a
indústria terá um resultado negativo neste ano. A Tendências
projeta alta de 5,5%, ante 6%
em 2007 (6%). No acumulado
em 12 meses encerrados em fevereiro, a expansão foi de 6,9%.
Para Silvio Sales, coordenador de Indústria do IBGE, os
resultados de fevereiro não sugerem uma inversão da trajetória de crescimento do setor,
que se mantém aquecido.
"A indústria apresenta um
patamar mais elevado [de produção] desde outubro, o que garante taxas bem elevadas em
relação aos índices constatados
no mesmo mês do ano anterior.
Conquistou-se um patamar e
está se operando nele."
Prada diz, porém, que já se vê
um ritmo menor, embora o
crescimento do consumo doméstico ainda sustente bons
resultados da indústria neste
ano. "Ainda teremos taxas elevadas, impulsionadas pela demanda interna."
A LCA, por sua vez, disse, em
relatório, que o PIB pode ter se
estagnado do quarto trimestre
de 2007 para o primeiro deste
ano graças ao desempenho relativamente fraco da indústria
em fevereiro -a projeção indica variação de 0% a 0,7% na taxa com ajuste sazonal.
Tanto a LCA como o IBGE
ressaltaram que a produção da
indústria foi afetada também
em fevereiro por um comportamento atípico do setor farmacêutico, cuja produção caiu
33,2% ante janeiro. Outra queda de destaque ficou com a indústria de alimentos -1,8%.
Sob impacto do setor de alimentos, a categoria de bens de
consumo semi [roupas, calçados] e não-duráveis [alimentos,
bebidas] registrou queda de
3,9% ante janeiro, a mais alta
entre todos os segmentos. Os
ramos de bens intermediários
[papel, tecidos] e de consumo
duráveis [eletrodomésticos,
carros] tiveram retração de
0,2% e 2,3%, respectivamente.
Boa notícia
A boa notícia da pesquisa de
fevereiro foi o crescimento de
3,1% na produção de bens de
capital ante janeiro. Na comparação com janeiro de 2007, a
expansão foi de 25%.
"Foi uma notícia positiva para a inflação, uma das principais preocupações deste ano. O
resultado sinaliza que os investimentos continuam em alta, o
que afasta o risco de um surto
de inflação de demanda", disse
Prada, da Tendências.
Única categoria com taxa positiva, a de bens de capital indica os investimentos em máquinas e equipamentos destinados
à produção.
Para Sales, do IBGE, o crescimento da demanda interna,
que deve se manter neste ano, é
responsável pelos bons resultados da categoria de bens de capital. "O crescimento da produção de bens de capital mostra
que há um ciclo de investimentos, sustentado principalmente
pela demanda interna."
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