São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2008

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Indústria reduz ritmo, mas ainda cresce 9,7% ante 2007

Consultoria aponta influência de crescimento menor do crédito e da renda

Ante o mesmo período de 2007, produção tem o 20º mês de alta, com destaque para bens de capital; para IBGE, setor segue aquecido

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Após subir com força em janeiro (alta de 1,7%), a produção da indústria perdeu fôlego e caiu 0,5% em fevereiro na taxa livre de influências sazonais, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Nas comparações com 2007, a indústria ainda se mostra bastante aquecida. A expansão foi de 9,7% ante fevereiro de 2007 -a 20ª seguida.
Sob impacto da interrupção da queda dos juros, do crescimento um pouco menor do crédito e da massa salarial, a indústria se desacelerou e deve manter a tendência no restante de 2008, avalia a economista Marcela Prada, da Tendências.
Não quer dizer, porém, que a indústria terá um resultado negativo neste ano. A Tendências projeta alta de 5,5%, ante 6% em 2007 (6%). No acumulado em 12 meses encerrados em fevereiro, a expansão foi de 6,9%.
Para Silvio Sales, coordenador de Indústria do IBGE, os resultados de fevereiro não sugerem uma inversão da trajetória de crescimento do setor, que se mantém aquecido.
"A indústria apresenta um patamar mais elevado [de produção] desde outubro, o que garante taxas bem elevadas em relação aos índices constatados no mesmo mês do ano anterior. Conquistou-se um patamar e está se operando nele."
Prada diz, porém, que já se vê um ritmo menor, embora o crescimento do consumo doméstico ainda sustente bons resultados da indústria neste ano. "Ainda teremos taxas elevadas, impulsionadas pela demanda interna."
A LCA, por sua vez, disse, em relatório, que o PIB pode ter se estagnado do quarto trimestre de 2007 para o primeiro deste ano graças ao desempenho relativamente fraco da indústria em fevereiro -a projeção indica variação de 0% a 0,7% na taxa com ajuste sazonal.
Tanto a LCA como o IBGE ressaltaram que a produção da indústria foi afetada também em fevereiro por um comportamento atípico do setor farmacêutico, cuja produção caiu 33,2% ante janeiro. Outra queda de destaque ficou com a indústria de alimentos -1,8%.
Sob impacto do setor de alimentos, a categoria de bens de consumo semi [roupas, calçados] e não-duráveis [alimentos, bebidas] registrou queda de 3,9% ante janeiro, a mais alta entre todos os segmentos. Os ramos de bens intermediários [papel, tecidos] e de consumo duráveis [eletrodomésticos, carros] tiveram retração de 0,2% e 2,3%, respectivamente.

Boa notícia
A boa notícia da pesquisa de fevereiro foi o crescimento de 3,1% na produção de bens de capital ante janeiro. Na comparação com janeiro de 2007, a expansão foi de 25%.
"Foi uma notícia positiva para a inflação, uma das principais preocupações deste ano. O resultado sinaliza que os investimentos continuam em alta, o que afasta o risco de um surto de inflação de demanda", disse Prada, da Tendências.
Única categoria com taxa positiva, a de bens de capital indica os investimentos em máquinas e equipamentos destinados à produção.
Para Sales, do IBGE, o crescimento da demanda interna, que deve se manter neste ano, é responsável pelos bons resultados da categoria de bens de capital. "O crescimento da produção de bens de capital mostra que há um ciclo de investimentos, sustentado principalmente pela demanda interna."


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