São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2008

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BNDES concede linha de crédito recorde para a Vale

Montante de R$ 7,3 bi poderá ser usado até 2012

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou a concessão de um limite de crédito no valor de R$ 7,3 bilhões para a Vale. Segundo o BNDES, o montante representa o maior financiamento já concedido a um único grupo econômico.
Na prática, o limite de crédito funciona como uma espécie de cheque especial para financiar os projetos de investimentos da Vale, que somam US$ 59 bilhões de 2008 a 2012. Desse total, US$ 44 bilhões serão aplicados em projetos no país. A lista entregue pela Vale ao banco inclui 18 projetos.
O valor da linha de crédito representa 9,12% do financiamento do BNDES previsto para este ano, de R$ 80 bilhões. Segundo Fabio Barbosa, diretor financeiro da Vale, os recursos não serão utilizados integralmente neste ano, mas, sim, de acordo com o plano de investimentos da empresa.
Um dos principais projetos que devem contar com os recursos é o de Serra Sul, com produção de 60 milhões a 70 milhões de toneladas de minério de ferro por ano no Pará, com investimentos de US$ 10 bilhões. A duplicação da Alunorte e a expansão da Ferrovia de Carajás também devem usar parte dos recursos dos bancos.
Segundo o BNDES, os projetos financiados deverão ser executados exclusivamente no Brasil. A Vale tem cinco anos para usar os recursos e prazo de pagamento de dez anos. A composição do empréstimo é de 80% de acordo com a variação do dólar e 20% de acordo com a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), hoje em 6,25% ao ano.
Até então, sete empresas já haviam conseguido obter limites de crédito com o BNDES. Os maiores montantes foram concedidos ao grupo Gerdau (R$ 900 milhões) e à Usiminas, também de R$ 900 milhões. A linha de crédito da Vale representa uma alta de 711,1% em relação aos valores anteriores.
"É realmente uma linha grande quando comparada às operações, mas faz jus ao tamanho do programa de investimentos da Vale", disse o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Segundo ele, já há outros grupos interessados em obter o mesmo tipo de financiamento.
Na prática, o limite de crédito deve significar maior agilidade na concessão de empréstimos. Segundo Coutinho, conhecendo o programa de investimento da companhia, não será necessário analisar em detalhe, caso a caso, projetos específicos que representam aquilo que a empresa normalmente já faz. Projetos mais complexos, ainda assim, terão de ser examinados.
O presidente da Vale, Roger Agnelli, negou a relação da obtenção da linha com a crise de liquidez no mercado financeiro. "Zero de relação", afirmou. Segundo ele, o empréstimo está relacionado aos projetos de crescimento orgânico da empresa. A Vale ainda está buscando recursos no exterior. Segundo Barbosa, o limite de crédito da Vale representa o principal ponto do plano de captação da empresa neste ano.


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