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Nunca tive ambição política, diz Meirelles
Presidente do BC diz que fica no cargo "visando garantir a estabilidade da economia brasileira em um ano cheio de desafios'
Sobre o futuro, Meirelles disse que não pretende continuar no BC depois de 2010, pois dois mandatos
já seriam suficientes
EDUARDO CUCOLO
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, decidiu continuar no comando da
instituição, depois de ouvir do
presidente Lula que dificilmente seria vice na chapa da
pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.
O PMDB, partido ao qual é filiado desde setembro do ano
passado, fechou com o presidente da Câmara e do partido,
Michel Temer (SP), para compor a chapa com a ex-ministra
da Casa Civil. Diante disso,
Meirelles desistiu de concorrer
a uma vaga de senador pelo
PMDB de Goiás, a única opção
política que lhe restava.
Meirelles manteve o mistério
sobre seu futuro político desde
terça-feira, quando vários ministros anunciaram que deixariam o governo para serem candidatos. Houve uma reunião
com Lula, que serviria para que
comunicasse sua decisão de
sair, mas, diante de um pedido
do presidente para que permanecesse no cargo até o fim do
governo, pediu 24 horas para
pensar no assunto.
Depois de 48 horas e muitas
conversas, afirmou que nunca
teve ambições políticas e que
tomava uma decisão "simples e
difícil". "Meu objetivo não é nenhum cargo político, nunca tive
ambição, e não tenho a menor
hesitação de tomar decisões
nesse sentido", disse.
Apesar de afirmar que não temia uma descontinuidade no
seu trabalho de manter a inflação sob controle, afirmou que
ficaria no Banco Central "visando garantir a estabilidade
da economia brasileira em um
ano cheio de desafios."
Questionado se apoiaria Temer para ser vice na chapa petista, Meirelles afirmou que
não pensou no assunto e não
tem uma opinião. Disse também já ter comunicado Lula e
Dilma sobre a decisão, mas ainda não ter falado com membros
do partido.
Afirmou várias vezes que tinha "apoio total" do PMDB para se candidatar ao Senado e
que esse era seu plano desde o
início. Depois, disse ter cogitado outras opções políticas.
"Analisei todas as possibilidades possíveis e imagináveis,
mas concluí que, dentro das
possibilidades a que me propus, que é o Senado por Goiás e
o governo do Estado, decidi por
continuar no BC", afirmou.
Falou apenas uma vez sobre
a vice-presidência, atribuindo
essa possibilidade a uma "lembrança de muitas pessoas e da
imprensa".
Meirelles disse que não chegou a discutir com Lula um nome para substituí-lo no Banco
Central. Nesse momento, no
entanto, olhou em direção ao
diretor de Normas da instituição, Alexandre Tombini, o mais
cotado para assumir a vaga e
que esteve ao seu lado durante
o anúncio feito ontem, com outros quatro diretores.
No único momento em que
falou em frustração, Meirelles
se referiu à tristeza das pessoas
que apoiavam sua candidatura.
Em relação ao futuro na administração pública, disse que não
pretende continuar no BC depois de 2010, pois dois mandatos já seriam suficientes.
Em relação à política econômica, Meirelles disse que "é
possível" que a inflação termine 2010 próxima ao centro da
meta, de 4,5%. A previsão do
BC divulgada anteontem aponta para taxa de 5,2%.
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