São Paulo, quinta-feira, 02 de maio de 2002

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NEGÓCIOS

Empresa anuncia hoje aquisição de 38% da maior cervejaria argentina

AmBev compra parte da Quilmes

DA REDAÇÃO

A AmBev anuncia hoje a aquisição de parte da maior cervejaria argentina, a Quilmes. Segundo a Folha apurou, o maior fabricante brasileiro de cervejas deve adquirir cerca de 38% do controle acionário da empresa argentina.
Ao menos parte da transação deve ser realizada por meio da troca de ativos: os brasileiros cederiam instalações industriais na Argentina em troca de ações. As empresas chamam o negócio de "associação estratégica".
As empresas não falam em valores, mas o negócio deve movimentar cerca de US$ 400 milhões (R$ 945 milhões). Na sua edição de anteontem, o jornal argentino "Buenos Aires Económico" afirmava que a AmBev teria oferecido o equivalente a US$ 500 milhões (R$ 1,18 bilhão) por 49% do controle da Quilmes, com opção de aumentar a participação na empresa no prazo de cinco anos.
Ainda segundo o diário econômico argentino, a primeira investida da empresa brasileira visava ao controle total do capital da Quilmes, pelo qual teria oferecido US$ 1,5 bilhão. A proposta foi recusada pela família proprietária, os Bemberg, no último trimestre do ano passado.
Segundo analistas do mercado, a holandesa Heineken, terceira maior cervejaria do mundo, teria disputado uma fatia da Quilmes com a AmBev. Os holandeses têm 15% do capital da Quilmes.

Expansão na América do Sul
A AmBev é a quarta maior fabricante de cervejas do mundo e detém as marcas Antarctica, Brahma e Skol, com as quais controla cerca de 69% do mercado brasileiro. Também atua no Uruguai, no Paraguai e na Venezuela.
A Quilmes domina cerca de 70% do mercado da Argentina e também lidera o setor na Bolívia, no Paraguai e no Uruguai. Além disso, é proprietária das duas maiores engarrafadoras de Pepsi na Argentina. No final de 2001, a AmBev e a Pepsi fecharam um acordo para a distribuição dos produtos com a marca Gatorade no Brasil. A Pepsi distribui o guaraná Antarctica em Portugal.

Dívidas
A investida da AmBev na Quilmes vai na contramão das tendências de investimento na Argentina. Muitas grandes empresas têm cancelado investimentos ou mesmo encerrado seus negócios no país, que vive sua pior crise econômica e seu quarto ano de recessão.
"O caso da Quilmes é diferente em relação ao de outras empresas argentinas. Embora a vida não esteja fácil para eles no momento, a empresa não está indo à falência", disse Ben Laidler, estrategista do banco UBS Warburg, à agência de notícias Reuters. "A Quilmes não tem muitas dívidas, está com uma boa geração de caixa e seus acionistas estão bem financeiramente", avalia.
Apesar da boa opinião do analista, no momento a Quilmes enfrenta uma delicada renegociação de sua dívida com bancos, de mais de US$ 300 milhões. Como a maioria das empresas do país, a firma teve de renegociar seus débitos devido à desvalorização do peso. Antes do fim do câmbio fixo, a empresa faturava cerca de US$ 900 milhões por ano, valor no momento reduzido a um terço, segundo o câmbio desta semana na Argentina (cerca de US$ 3 por peso).


Com agências internacionais


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