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CONTAS PÚBLICAS
Em 15 dias, sai decisão de corte para compensar perda com CPMF
Governo vai cortar investimentos
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo decidirá em duas semanas onde serão feitos os cortes
no Orçamento e quais tributos serão elevados para compensar as
perdas com o atraso na aprovação
da emenda que prorroga a CPMF.
Segundo o ministro do Planejamento, Guilherme Dias, a já
anunciada elevação da alíquota
do IOF (Imposto sobre Operações
Financeiras) garantirá a reposição
de apenas 20% da queda na arrecadação. O Planejamento avalia
que as perdas com a CPMF variem de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões. Será necessária, portanto,
redução de gastos públicos.
Dias adiantou que os cortes
atingirão desde o custeio da máquina administrativa até os investimentos previstos para este ano.
"Vamos fazer um pente-fino em
despesas como viagens e consultorias, mas também será preciso
adiar investimentos", disse.
Até agora, o governo vinha esperando que a emenda da CPMF
fosse aprovada no Congresso para rever suas contas deste ano. A
Lei de Responsabilidade Fiscal,
no entanto, determina que a revisão do quadro fiscal seja feita até o
próximo dia 23.
Esse é o prazo final para que seja
publicado um novo decreto com a
programação de gastos do governo federal. "Precisamos modular
a velocidade do gasto no serviço
público e garantir um horizonte
para tranquilizar a economia em
geral", disse o ministro.
Segundo Dias, os cortes e o aumento de tributos poderão ser revistos dependendo da decisão e
da rapidez do Senado na votação
da CPMF. "Para minimizar o impacto, está sendo estudada a redução da noventena, mas essa hipótese depende de viabilidade política e jurídica", afirmou.
Pela Constituição, uma contribuição só pode ser cobrada 90
dias após aprovada -regra válida
para a CPMF. A intenção do governo é mudar o texto constitucional e reduzir esse prazo para 15
dias. Pela regra atual, a cobrança
da CPMF acaba em 17 de junho.
O líder do PSDB no Senado, Geraldo Melo (RN), é o responsável
pela negociação, mas ainda não
recebeu aval dos aliados para
apresentar a proposta. Para ser
aprovada, a proposta terá de ser
aprovada na Câmara e no Senado.
Liberação de verbas
O governo já avisou aos aliados
que R$ 2,5 bilhões de emendas
dos congressistas ao Orçamento
de 2001 só serão liberados depois
de aprovada a prorrogação da
CPMF. O pagamento das emendas foi negociado na votação do
Orçamento deste ano, mas a liberação depende da disponibilidade
de dinheiro.
Ontem, Dias esteve reunido
com técnicos do ministério para
estudar os cortes. Ele não quis comentar quais tributos, além do
IOF, deverão ter suas alíquotas
elevadas.
No início de fevereiro, o governo cortou R$ 12,4 bilhões no Orçamento deste ano. A medida foi
adotada para garantir o superávit
primário (economia de despesas
para pagar juros da dívida) de R$
29,2 bilhões previsto para este
ano.
Nos programas prioritários
-saúde, segurança pública, educação, transporte urbano, recursos hídricos, Fundo da Pobreza
-, o corte foi de 20% , enquanto
nas atividades e no custeio oscilou
entre 5% e 10%. Nos demais projetos, o ajuste alcançou 65%.
Colaborou LUIZA DAMÉ, da Sucursal de
Brasília
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