São Paulo, quinta-feira, 02 de maio de 2002

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TRABALHO

Central faz dez eventos com participação de até 6 mil pessoas em cada um e monta "parques infantis" em manifestações

CUT reúne pouca gente em "evento família"

ADRIANA MATTOS
JOSÉ ALAN DIAS

DA REPORTAGEM LOCAL

Com um orçamento seis vezes menor que o da Força Sindical, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) descentralizou suas festas de 1º de maio em São Paulo para não concorrer de forma direta com o megaevento da central adversária. Reuniu muito menos gente e teve muito mais discursos políticos na tentativa de criar um "evento família". Em vez de um único ato, como o da Força, que reuniu cerca de 1,5 milhão de pessoas, a CUT espalhou seus festejos em sete regiões da capital, além de Santo André, Osasco e Guarulhos.
Entre 3.000 e 6.000 pessoas estiveram em cada um dos eventos, segundo a PM. A CUT divulgou um balanço em que contabilizou 156 mil no total. Em todos os atos, seguiu-se a mesma estrutura: um show, permeado com discurso de sindicalistas e de políticos do PT, entre eles o candidato à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva.
Para comparecer aos atos, Lula, José Dirceu e o deputado federal José Genoino se deslocaram de helicóptero -o aluguel custou R$ 4,5 mil e foi pago pela central. No total, segundo a CUT, foram gastos nos festejos R$ 400 mil. A Força Sindical gastou R$ 2,5 milhões.
Os sindicalistas ligados à CUT negaram que a estratégia de descentralizar eventos fosse forma de se esquivar das comparações com o show da rival. ""Somos contra essa pirotecnia, com artista da Globo, convênio com empresário para sortear carro. O 1º de Maio é dia de reflexão. A Força, com suas negociatas, deturpa o sentido da data", disse Antonio Carlos Spis, presidente da CUT-SP.
"Não concordo com essa história de dar tíquete-motel", afirmou o sindicalista Luiz Marinho. "Vamos fazer um evento para a família", disse. Pensando nisso, pela primeira vez, a CUT espalhou brinquedos no local onde ocorreu o ato em Santo André (SP).
Em Campo Limpo, periferia de São Paulo, o ato reuniu cerca de 6.000 pessoas, segundo a PM, e 10 mil, na estimativa de Spis. Entre os shows, muitos de músicos pouco conhecidos, ocorreram interrupções para discursos de lideranças da CUT, de Lula e Genoino, pré-candidato ao governo paulista. De modo geral, os sindicalistas defenderam mudanças na política econômica sem mexer em direitos como férias e licença maternidade.



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