São Paulo, quinta-feira, 02 de maio de 2002

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RIQUEZA AMERICANA

Para O'Neill, secretário do Tesouro, cotação fica a cargo do mercado, e déficit na balança não assusta

EUA descartam intervenção no dólar forte

DA REDAÇÃO

Os EUA não farão nada para desvalorizar o dólar forte, apesar da crescente pressão dos exportadores, afirmou ontem o secretário do Tesouro, Paul O'Neill. Além disso, para o secretário, que equivale ao ministro brasileiro da Fazenda, os riscos do déficit na conta corrente do país estão sendo exagerados.
Mas o secretário também não deu sinais de que tomará medidas para segurar uma queda no valor na moeda, deixando que a cotação seja estabelecida pelo mercado. Com isso, o euro chegou a ser negociado no maior valor dos últimos seis meses (US$ 0,9086).
O'Neill compareceu ontem à Comissão Bancária do Senado norte-americano para responder ao lobby das companhias do país em favor de um dólar mais fraco.
O secretário fez uma análise otimista sobre situação econômica do país e disse que a atividade "já recuperou seu passo". No ano passado, os EUA entraram em sua primeira recessão desde 1991.
Tradicionalmente os norte-americanos convivem com déficits nas suas transações comerciais feitas com o exterior. Mas, enquanto nos anos 90 o saldo negativo girava em torno de 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto), hoje essa proporção é de 4%.
Diversos organismos internacionais e até mesmo o presidente do Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos), Alan Greenspan, já alertaram para os eventuais riscos de se manter um déficit desse tamanho por um período prolongado.
Segundo Greenspan, o saldo negativo pode minar a poupança interna do país. O FMI (Fundo Monetário Internacional), em um relatório recente, disse que o dólar pode passar por uma depreciação, provocando um forte ajuste nos mercados financeiros e desestabilizando o comércio global.
Mas, no entender de O'Neill, não há nada de errado com o desequilíbrio no balanço de pagamentos. Para o secretário, o déficit reflete o interesse dos investidores de outros países em colocar dinheiro nos EUA.
Com o dólar valorizado em relação às principais moedas, os consumidores têm à disposição um infinidade de produtos de diversos lugares do mundo, o que ajuda a conter a inflação. A moeda forte também atrai bilhões em investimentos internacionais.
"Não há nenhuma intenção de amparar aqueles que imaginam que haverá uma mudança na política", afirmou O'Neill. "Tenho dúvidas sobre a eficácia de uma intervenção."


Com agências internacionais


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