São Paulo, quinta-feira, 02 de maio de 2002

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Big Mac aponta fraqueza de moedas da AL

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde a estabilização econômica na América Latina, as moedas dos principais países da região nunca estiveram tão subvalorizadas ante o dólar como nos últimos meses. Com exceção do México, onde o peso tem se recuperado, as moedas de Brasil, Chile e Argentina apresentam, respectivamente, desvalorizações de 38%, 14% e 68% em relação ao dólar.
A moeda norte-americana, por sua vez, continua extremamente forte diante das de outros países. As conclusões são baseadas em um indicador publicado há 16 anos pela revista inglesa "The Economist" e cuja última edição acaba de ser divulgada.
O chamado "índice Big Mac" estabelece que a taxa de câmbio -o sanduíche- teria o mesmo preço em diferentes países nos quais é produzido. Comparando esse valor fictício com o preço real do Big Mac, é possível concluir se as moedas estão sub ou sobrevalorizadas em relação ao dólar.
No caso do Brasil, por exemplo, o real vem, crescentemente, perdendo terreno ante o dólar desde 1999, depois da desvalorização. Em abril daquele ano, por exemplo, a moeda brasileira estava 30% subvalorizada em relação ao dólar. Hoje, esse número chega a 38%, depois de ter batido 40% em dezembro do ano passado.
Tamanha desvalorização indica que o real nunca esteve tão competitivo em relação ao dólar. No entanto, segundo economistas, isso ainda não ajudou a impulsionar as exportações brasileiras.
"O Brasil continua tendo dificuldade de acesso a outros mercados", diz o economista Carlos Langoni, diretor do Centro de Estudos Internacionais da FGV.
Segundo Langoni, atualmente, mais do que uma taxa de câmbio competitiva, os países precisam costurar acordos comerciais para conseguir conquistar mercados importadores para seus produtos.
O caso do México, segundo Langoni, é exemplo cabal da importância dos acordos comerciais. Em 98, o peso mexicano estava 18% desvalorizado ante o dólar. Mas o incremento das exportações do país -que faz parte de uma área de livre comércio com Canadá e EUA- levou à recuperação da moeda, que está hoje com desvalorização de só 5%.



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