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AGROFOLHA
CRISE NO CAMPO
Manifestação contra a política agrícola do governo e a baixa do dólar também atingiram Estados vizinhos
Agricultores bloqueiam estradas em MT
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
Produtores rurais de Mato
Grosso intensificaram ontem a
série de protestos que vêm realizando em rodovias federais do
Estado contra as políticas agrícola
e econômica do governo federal.
Em uma das manifestações, eles
portavam faixas nas quais pediam
o impeachment do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Entre outras reivindicações, os
produtores agrícolas querem redução no preço do diesel, seguro
para safras e novas linhas de crédito no banco.
Eles reclamam também que a
baixa do dólar reduz o lucro com
as exportações de grãos, como arroz, soja e milho. O movimento,
denominado "Grito do Ipiranga",
também ataca a manutenção da
taxa de juros num patamar alto.
Em ao menos três rodovias federais, houve interdições das pistas pelos manifestantes com o uso
de máquinas agrícolas e tratores
durante o dia.
Desde a semana passada, os
produtores mantêm interditados
trechos de quatro -BRs 174, 364,
163 e 158- das cinco rodovias federais que passam pelo Estado,
segundo a Polícia Rodoviária Federal em Mato Grosso.
Os manifestantes não obedeceram a uma decisão judicial proibindo o bloqueio de trechos da
BR-163, determinada pelo juiz federal Julier Sebastião da Silva na
semana passada.
O Centro de Informações da
PRF do Estado disse que, nas BRs
364,163 e 174, nas regiões de Rondonópolis e Comodoro, os agricultores não permitiam a passagem de caminhões carregados
com grãos e insumos agrícolas. O
tráfego dos outros veículos era liberado pelos manifestantes.
Na BR-174, em Comodoro (640
km de Cuiabá), a rodovia já havia
sido interditada na semana anterior, mas tinha sido liberada no final de semana. Segundo a PRF,
durante as manifestações não
houve confronto.
Em Rondonópolis (219 km da
capital), o bloqueio ocorre em um
trevo no entroncamento das BRs
364 e 163.
Impeachment
Faixas pedindo o impeachment
do presidente Lula foram confeccionadas para um protesto em Sinop (482 km de Cuiabá).
Em algumas faixas, os agricultores escreveram "Fora Lula. Impeachment já". Em Sinop, a manifestação ocorre no km 824 da
rodovia BR-163.
"Da forma como ele [Lula] vem
conduzindo o país, eu acho que
ele está quebrando o Brasil. Na
nossa região, não temos mais o
que fazer porque não se vê mais
dinheiro. Não conseguimos mais
gerar empregos", disse o presidente do Sindicato Rural de Sinop, Antônio Galvan.
"Ressalto que nos bloqueios só
estão sendo impedidos de passar
veículos que estejam carregados
com grãos e insumos agrícolas",
afirmou o presidente do Sindicato
Rural de Sinop.
Na tarde de ontem, agricultores
realizavam uma manifestação no
centro de Sinop contra o governo
federal. Eles entregaram panfletos
à população e carregavam faixas
contra o presidente Lula na praça
das Bandeiras.
Estimativa dos próprios integrantes do movimento apontam
que cerca de 4.500 agricultores estejam participando das manifestações, iniciadas no dia 24.
Na semana passada, em protesto, agricultores atearam fogo em
duas colheitadeiras durante bloqueio de rodovia em Mato Grosso. O Estado é um dos maiores
produtores de soja do país.
Agricultores ouvidos pela Folha
disseram que os protestos seguirão por tempo indeterminado.
Outros Estados
Produtores agrícolas também
interditaram rodovias federais
em Mato Grosso do Sul.
Na rodovia BR-163, houve bloqueios na região de São Gabriel
do Oeste e Bandeirantes.
Segundo a PRF do Estado, não
havia ocorrido incidentes durante
as manifestações.
De acordo com o presidente do
Sindicato Rural de São Gabriel do
Oeste (132 km de Campo Grande), Nei Canziani Filho, cerca de
1.500 manifestantes participavam
do bloqueio na região.
Em Goiás, produtores rurais
programaram para hoje uma reunião na Faeg (Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás) para
discutir as ações que serão adotadas contra a política de preços
agrícolas vigente.
Até ontem à tarde a Polícia Rodoviária Federal não havia registrado bloqueios nas rodovias do
Estado.
Colaboraram ADRIANA CHAVES e
HUDSON CORRÊA, da Agência Folha
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