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Distribuidoras vão à Justiça contra a ANP
Empresas contestam norma da agência que pune quem vende combustíveis a postos com bandeiras de concorrentes
FIC, Petrosul, Petronova, Florida, Ouro Negro e Ciax pediram aval da Justiça para ter liberdade na venda de combustíveis, diz a ANP
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Distribuidoras de combustíveis recorreram à Justiça em
busca de liminares para driblar
a resolução da ANP (Agência
Nacional do Petróleo), de março, que estabelece a venda exclusiva a postos com bandeira
própria ou sem bandeira.
BR, Shell, Esso e Ipiranga,
por exemplo, só podem vender
combustíveis para postos que
exibem suas bandeiras ou para
postos sem bandeira, também
chamados de "bandeira branca". Se não seguirem a norma,
podem ser punidas pela ANP.
Desde que a resolução foi
editada, seis distribuidoras
-FIC, Petrosul, Petronova,
Florida, Ouro Negro e Ciax-
pediram aval da Justiça para
ter liberdade na venda de combustíveis, segundo informa a
ANP. Com exceção da Petronova, as outras cinco obtiveram liminares. A liminar concedida à
FIC já foi cassada, a pedido da
ANP. A Petrosul informa, porém, que desistiu da liminar,
assim como a Petronova.
"Vamos recorrer até ao STJ
[Superior Tribunal de Justiça]
para cassar essas liminares,
que, aliás, foram concedidas
sem ouvir a ANP", diz Roberto
Ardenghy, superintendente de
abastecimento da ANP.
Desde 2000, a portaria nš 116
da ANP já proibia os postos
com bandeira de adquirir combustíveis de distribuidoras distintas. Se flagrados pela ANP,
esses estabelecimentos podem
ser multados entre R$ 20 mil e
R$ 1 milhão e até perder a autorização para funcionar. Com a
resolução nš 7 da ANP, as distribuidoras passam agora a ser
punidas da mesma forma.
"Os próprios sindicatos de
postos nos procuraram para
nos dizer: "Se a ANP proíbe os
postos de comprar, tem de
proibir também as distribuidoras de vender." O fato é que a resolução nš 7 cria agora isonomia. Posto com bandeira X tem
de vender produto de distribuidora X. E o posto sem bandeira
tem de estampar na bomba o
nome da distribuidora que lhe
forneceu o combustível naquele naquele dia, naquela semana
ou mês. O consumidor não pode ser iludido", questiona.
Prazo para adaptação
Ronald Pereira da Silva, diretor da Petrosul, que desistiu da
liminar, entende que a ANP deveria ter dado um prazo para a
adaptação das distribuidoras.
"Imagina um posto com bandeira da Shell que possui contrato de compra de combustíveis com a Petrosul. Como fica?
Vamos dizer que não podemos
mais vender?", afirma.
A Petrosul vende 110 milhões
de litros de combustíveis (entre
gasolina, álcool e diesel) por
mês, dos quais 30% vão para
postos com bandeira de outras
distribuidoras. Os outros 70%
vão para postos sem bandeira e
para seus 70 estabelecimentos
no país. "O pedido de liminar
foi para fazer uma consulta,
não podemos ir contra uma determinação com intenção de
defender o consumidor", diz.
A Petronova, que tem como
carro-chefe a venda de álcool,
entende que a resolução da
ANP é resultado da forte pressão dos sócios do Sindicom, como BR, Shell, Esso, Ipiranga e
Texaco, que temem a perda de
mercado para as distribuidoras
menores.
"Nós vendíamos cerca de 1,5
milhão a 1,8 milhão de litros de
álcool por dia. Hoje, estamos
vendendo 500 mil litros por
dia. Quem somos nós para brigar com eles. Eles querem voltar a dominar o mercado", afirma William Lopes da Silva, diretor da Petronova.
Alísio Vaz, vice-presidente
do Sindicom (reúne as distribuidoras de combustíveis), diz
que a nova resolução da ANP,
além de favorecer os consumidores, deve estimular a expansão de postos com bandeira.
"Entendo que as distribuidoras
vão estar mais interessadas em
investir na sua rede de postos,
já que estarão mais protegidas,
assim como os consumidores."
A Petrosul, segundo Pereira
da Silva, já tem um projeto para
ampliar sua rede de postos.
"Até o final de 2008 queremos
ter entre 1.500 e 2.000 postos
no país." A Petronova informa
que, após perder 45% da sua
clientela, também pensa em
montar uma rede própria de
postos para ter volume de venda garantido.
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