São Paulo, sábado, 02 de maio de 2009

Próximo Texto | Índice

Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Ação anticartel não está em código de ética

Somente 2 de 107 companhias que estão listadas na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) e atuam em 15 setores que já foram investigados pela prática de cartel têm em seus códigos de ética e manuais de conduta ou em seus sites na internet recomendações detalhadas sobre o assunto.
A maior parte das empresas pesquisadas só faz menção genérica à legislação antitruste ou nem cita o tema em seus manuais de conduta ou em seus endereços eletrônicos. As companhias pesquisadas pertencem aos setores de eletrodomésticos, construção civil, siderurgia, telefonia móvel e fixa, petróleo, entre outros.
O resultado foi apontado em estudo realizado pela FTI Consulting, consultoria especializada em gestão de riscos, combate a fraudes e investigações sobre concorrência desleal, no período de 26 de março a 3 de abril. O levantamento levou em conta as informações que constam no site das próprias companhias e da Bovespa -as empresas listadas na Bolsa registram, além de dados financeiros, códigos de ética e de conduta quando prestam informações no campo de governança corporativa. Esses códigos é que foram analisados pela consultoria.
As duas únicas empresas que detalharam recomendações sobre cartel em seus códigos de ética e conduta -inclusive com punição a funcionários que cometerem tal prática -são a Petrobras e a Embratel Participações, segundo estudo da FTI Consulting.
O mesmo levantamento foi feito pela consultoria em relação às 31 companhias brasileiras que têm ações na Bolsa de Nova York. Das 31 empresas, somente 3 se preocuparam em detalhar em seus códigos de conduta o tema cartel. São elas: a Petrobras, a AmBev e a Ultrapar Participações.
"Detalhar o tema cartel em seus códigos de ética e conduta, e não simplesmente fazer menção genérica de que a empresa obedece à lei antitruste brasileira, é um importante fator de prevenção a infrações contra a lei de defesa da concorrência. A SDE (Secretaria de Desenvolvimento Econômico) aumentou a ofensiva contra os cartéis. E as empresas têm de estar mais atentas para isso", diz Alexandre Massao Habe, coordenador da pesquisa da FTI Consulting.
No Brasil, as multas aplicadas a empresas por prática de cartel já somam a quantia de R$ 760 milhões no período de 2003 a 2008, segundo a consultoria. Nos Estados Unidos, as multas por cartel cresceram 390% entre 2000 e 2009 -passaram de US$ 152 milhões para US$ 745 milhões no período. "De janeiro deste ano até o dia 13 de março foram aplicadas mais multas [US$ 745 milhões] do que todo o ano passado [US$ 701 milhões]. O que mostra o aumento de fiscalização e punição dessa prática", diz Massao Habe.

Após pacote habitacional, Tecnisa acelera expansão na baixa renda

O lançamento do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, anunciado pelo governo, acelerou estratégias como a da construtora Tecnisa, de ampliar seu público para camadas de renda mais baixa.
Carlos Alberto Júlio, presidente da empresa, diz que a Tecnisa, que tinha foco na classe média alta, já vinha reduzindo seu tíquete médio nos últimos anos gradualmente. Mas com o pacote habitacional o resultado será antecipado.
"Independentemente do pacote, nós já vínhamos ampliando a construção de projetos mais baratos. Nós somos reconhecidos pela faixa média e agora estamos aumentando para o médio baixo e o econômico, sem abandonar o nosso público de classe média", diz Júlio.
Em 2005 o preço médio das unidades da Tecnisa era de R$ 459 mil; em 2006, de R$ 446 mil; em 2007, de R$ 431 mil; e, em 2008, de R$ 342 mil.
No segundo semestre, a Tecnisa vai lançar seu primeiro empreendimento "construído com consciência gerontológica", com facilidades para clientes da terceira idade. O modelo tem portas largas, pisos antiderrapantes, rampas e detalhes para ajudar o acesso de idosos, como fechaduras especiais.
Na primeira quinzena deste mês, a empresa lança um outro empreendimento, com unidades de cerca de R$ 120 mil, nos moldes do pacote habitacional, para a faixa entre seis e dez salários mínimos. Mas sem "consciência gerontológica" nessa faixa por enquanto. Júlio diz que no futuro todos os projetos da empresa, até os mais baratos, terão as facilidades para o acesso de idosos.
TOPO DA LISTA
As vendas de caminhões e ônibus Volvo no Brasil neste ano devem superar as dos EUA, líder global na marca, segundo a concessionária Vocal. No primeiro trimestre, as vendas da Vocal subiram 19%. Nos EUA, o mercado da Volvo recuou 45%.

PROVA
Henrique Cachão, diretor da importadora de vinhos Lusitana, afirma que adequou sua estratégia e passou a investir em mais ações de divulgação dos rótulos junto ao consumidor final desde o aprofundamento da crise econômica. Nesta semana, Cachão recebeu o produtor português Miguel Braga, da vinícola Quinta do Mourão, para participar de degustações e jantares de harmonização em São Paulo.

BOLSO
A Vonpar, franqueada da Coca-Cola e distribuidora do portfólio da Femsa Cerveja Brasil no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, terá investimento de mais de R$ 150 milhões em 2009, sendo R$ 120 milhões em marketing e ativação de mercado.

com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e CLÁUDIA ROLLI


Próximo Texto: Lula cobra pressa nas regras do petróleo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.