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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br
Ação anticartel não está em código de ética
Somente 2 de 107 companhias que estão listadas na Bovespa (Bolsa de Valores de São
Paulo) e atuam em 15 setores
que já foram investigados pela
prática de cartel têm em seus
códigos de ética e manuais de
conduta ou em seus sites na internet recomendações detalhadas sobre o assunto.
A maior parte das empresas
pesquisadas só faz menção genérica à legislação antitruste ou
nem cita o tema em seus manuais de conduta ou em seus
endereços eletrônicos. As companhias pesquisadas pertencem aos setores de eletrodomésticos, construção civil, siderurgia, telefonia móvel e fixa,
petróleo, entre outros.
O resultado foi apontado em
estudo realizado pela FTI Consulting, consultoria especializada em gestão de riscos, combate a fraudes e investigações
sobre concorrência desleal, no
período de 26 de março a 3 de
abril. O levantamento levou em
conta as informações que constam no site das próprias companhias e da Bovespa -as empresas listadas na Bolsa registram, além de dados financeiros, códigos de ética e de conduta quando prestam informações no campo de governança
corporativa. Esses códigos é
que foram analisados pela consultoria.
As duas únicas empresas que
detalharam recomendações sobre cartel em seus códigos de
ética e conduta -inclusive com
punição a funcionários que cometerem tal prática -são a Petrobras e a Embratel Participações, segundo estudo da FTI
Consulting.
O mesmo levantamento foi
feito pela consultoria em relação às 31 companhias brasileiras que têm ações na Bolsa de
Nova York. Das 31 empresas,
somente 3 se preocuparam em
detalhar em seus códigos de
conduta o tema cartel. São elas:
a Petrobras, a AmBev e a Ultrapar Participações.
"Detalhar o tema cartel em
seus códigos de ética e conduta,
e não simplesmente fazer menção genérica de que a empresa
obedece à lei antitruste brasileira, é um importante fator de
prevenção a infrações contra a
lei de defesa da concorrência. A
SDE (Secretaria de Desenvolvimento Econômico) aumentou
a ofensiva contra os cartéis. E
as empresas têm de estar mais
atentas para isso", diz Alexandre Massao Habe, coordenador
da pesquisa da FTI Consulting.
No Brasil, as multas aplicadas a empresas por prática de
cartel já somam a quantia de R$
760 milhões no período de
2003 a 2008, segundo a consultoria. Nos Estados Unidos, as
multas por cartel cresceram
390% entre 2000 e 2009 -passaram de US$ 152 milhões para
US$ 745 milhões no período.
"De janeiro deste ano até o dia
13 de março foram aplicadas
mais multas [US$ 745 milhões]
do que todo o ano passado
[US$ 701 milhões]. O que mostra o aumento de fiscalização e
punição dessa prática", diz
Massao Habe.
Após pacote habitacional, Tecnisa acelera expansão na baixa renda
O lançamento do programa
habitacional Minha Casa, Minha Vida, anunciado pelo governo, acelerou estratégias como a da construtora Tecnisa,
de ampliar seu público para camadas de renda mais baixa.
Carlos Alberto Júlio, presidente da empresa, diz que a
Tecnisa, que tinha foco na classe média alta, já vinha reduzindo seu tíquete médio nos últimos anos gradualmente. Mas
com o pacote habitacional o resultado será antecipado.
"Independentemente do pacote, nós já vínhamos ampliando a construção de projetos
mais baratos. Nós somos reconhecidos pela faixa média e
agora estamos aumentando para o médio baixo e o econômico,
sem abandonar o nosso público
de classe média", diz Júlio.
Em 2005 o preço médio das
unidades da Tecnisa era de
R$ 459 mil; em 2006, de R$ 446
mil; em 2007, de R$ 431 mil; e,
em 2008, de R$ 342 mil.
No segundo semestre, a Tecnisa vai lançar seu primeiro
empreendimento "construído
com consciência gerontológica", com facilidades para clientes da terceira idade. O modelo
tem portas largas, pisos antiderrapantes, rampas e detalhes
para ajudar o acesso de idosos,
como fechaduras especiais.
Na primeira quinzena deste
mês, a empresa lança um outro
empreendimento, com unidades de cerca de R$ 120 mil, nos
moldes do pacote habitacional,
para a faixa entre seis e dez salários mínimos. Mas sem
"consciência gerontológica"
nessa faixa por enquanto. Júlio
diz que no futuro todos os projetos da empresa, até os mais
baratos, terão as facilidades para o acesso de idosos.
TOPO DA LISTA
As vendas de caminhões e
ônibus Volvo no Brasil neste
ano devem superar as dos
EUA, líder global na marca,
segundo a concessionária
Vocal. No primeiro trimestre, as vendas da Vocal subiram 19%. Nos EUA, o mercado da Volvo recuou 45%.
PROVA
Henrique Cachão, diretor da importadora de vinhos Lusitana, afirma que adequou sua estratégia e passou a investir em mais ações de divulgação dos rótulos junto ao
consumidor final desde o aprofundamento da crise econômica. Nesta semana, Cachão recebeu o produtor português Miguel Braga, da vinícola Quinta do Mourão, para
participar de degustações e jantares de harmonização em
São Paulo.
BOLSO
A Vonpar, franqueada da
Coca-Cola e distribuidora do
portfólio da Femsa Cerveja
Brasil no Rio Grande do Sul e
em Santa Catarina, terá investimento de mais de R$
150 milhões em 2009, sendo
R$ 120 milhões em marketing e ativação de mercado.
com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e CLÁUDIA ROLLI
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