São Paulo, sábado, 02 de maio de 2009

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Lula cobra pressa nas regras do petróleo

Na cerimônia de início da produção do pré-sal, presidente pede a ministros urgência na criação de um novo marco regulatório

Para presidente, nova área de exploração significará "a segunda independência do Brasil"; "Petrobras, vocês são os caras", afirmou Lula


Rafael Andrade/Folha Imagem
Lula com Gabrielli e Dilma observam frasco com petróleo de Tupi; ao fundo a primeira-dama Marisa Letícia e o vice José Alencar

SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

No dia da extração do primeiro óleo da camada pré-sal na bacia de Santos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou urgência da equipe de ministros responsáveis por rever o marco regulatório do petróleo. A cobrança foi feita durante a cerimônia comemorativa do início da produção de Tupi. Dois dos ministros -Edison Lobão, de Minas e Energia, e Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil- estavam presentes.
"Lobão, Dilma e [o ministro da Fazenda, Guido] Mantega têm a responsabilidade, e não têm muito tempo mais, de me apresentar um novo marco regulatório para o país, e isso é urgente", diz. "Não tem um país no mundo que tenha encontrado muito petróleo e não tenha mudado a regulamentação."
Segundo o presidente, a produção do petróleo do pré-sal significará "a segunda independência do Brasil". "Que a partir de hoje se conte uma nova e melhor história para esse país. O brasileiro tem que se gostar. Ao longo dos anos, sempre jogamos para baixo, achando que o que é de fora é melhor", disse.
Lula destacou que, ao mesmo tempo em que o país tem "grandeza para respeitar contratos", tem também "grandeza para mudar, pensando nas garantias para nossos filhos e netos".

Frustração
Lula se disse "um homem frustrado" por não ter ido à plataforma acompanhar a extração do óleo. "Sonhávamos que um porta-aviões pudesse levar do mais simples ao mais graduado para ver esse petróleo. Mas o porta-aviões estava na manutenção. País pobre é assim." "Esperei um ano por isso. Mas começaram a dizer que a plataforma balança, que o tempo estava ruim, para me persuadir a não ir."
Lula disse que teria proposto o aluguel de um navio para ir até o local, mas que a Petrobras não teria concordado. "Eles são sovinas, não querem gastar dinheiro". Antes, deu a amostra do óleo do pré-sal ao vice-presidente, José Alencar, reclamando da quantidade. "Só esse tiquinho? José Sérgio Gabrielli é muito mão de vaca."
Lula ordenou que a Petrobras fizesse "uma centena de barrizinhos". "A cada viagem que eu fizer ou a cada pessoa que eu receber, vou dar como regalo." Segundo Lula, a dimensão das reservas do pré-sal alçarão o país a um novo patamar nas discussões com outros países. "Isso é de uma transcendência incomensurável.
Vocês gostaram dessa expressão?", perguntou, fazendo a plateia rir. "Para quem começou o mandato falando "menas", estou chique."
Lula descartou interesse em levar o país à Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). "A Opep não manda nem nos preços do petróleo." Minutos antes, Lobão havia comentado que, devido ao pré-sal, o Brasil passou a ser convidado para as reuniões do grupo.
A cerimônia começou às 18h, com duas horas de atraso, porque Lula decidiu voltar ao hotel para descansar depois do almoço com o governador do Rio, Sérgio Cabral. Um pequeno recipiente transparente, em forma de barril, continha o óleo que veio da plataforma. Foi passando de mão em mão por cerca de dez pessoas, entre elas o cantor e compositor Martinho da Vila, o tetracampeão Raí e a atriz e diretora de cinema Carla Camurati.
Por fim, o recipiente chegou às mãos de Gabrielli, que chorou. Ele foi cercado por Lula, Lobão e Dilma. "Petrobras, vocês são os caras!", exaltou Lula ao fim da cerimônia. q Segundo Gabrielli, o teste de extração vai durar 15 meses. A produção será metade dos 30 mil barris diários prevista inicialmente. A redução se deve à dificuldade em queimar na plataforma o gás que vem associado ao óleo extraído.

Colaborou CIRILO JUNIOR, da Folha Online



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